Viajar por terra em África é uma aventura e as estradas da Zâmbia não foram excepção. O nosso principal objectivo era visitar um dos melhores parques naturais do mundo para observação de vida selvagem, o Parque Nacional de Luangwa Sul (South Luangwa National Park). É possível voar até Mfuwe, à entrada do Parque, a partir de Lusaka, capital da Zâmbia, ou até de Lilongwe, capital do Malawi, mas, como sempre, nós preferimos viajar por terra, pelas estradas da Zâmbia, para sentir o país e as suas gentes.
Assim, sabíamos que teríamos de sair muito cedo de Lusaka, para a longa viagem de autocarro até Chipata (cerca de 8 horas), seguida de outra viagem, mais curta (cerca de 2 horas), até Mfuwe, onde o nosso guia da Norman Carr Safaris, Adam, estaria à nossa espera. Mas viajar nas estradas da Zâmbia, por conta própria, tem o seu quê de imprevisibilidade, e os horários rígidos normalmente não combinam bem com as estradas africanas. Basta cometer um erro tão simples como escolher o autocarro errado, e os planos de um dia têm de ser repensados.
No dia anterior tínhamos comprado o bilhete para Chipata na estação de autocarros, e tinham-nos assegurado que o autocarro sairia às 6.30h. Uma hora antes já estávamos na estação, e um rapaz da companhia levou-nos ao autocarro, quase completamente vazio e às escuras. Não o sabíamos na altura, mas não chegaríamos a ver a partida desse autocarro. Chegaram as 6.30h, as 7.00h, e começávamos a fazer perguntas. Os rapazes que pareciam estar a comandar diziam-nos que iria partir em breve, mas depois das 8.00h ficou claro que o autocarro só sairia quando estivesse cheio (prática comum em África). A Carla perguntou a uma rapariga que estava junto de nós e ela respondeu que era normal só sair cerca das onze ou meio-dia!
O nosso horário para esse dia era muito apertado, por isso arriscávamos a sair de Lusaka a uma hora que iria deitar por terra os nossos planos de ir dormir no interior do Parque Nacional. Por isso, decidimos arriscar de outra forma. Falámos com outro rapaz para ver se nos arranjava outro autocarro para Chipata que estivesse prestes a sair. Compraríamos outros bilhetes, perdendo os primeiros (sem direito a reembolso, claro!), mas era preciso fazer algo. Felizmente, correu bem e cerca das 10.00 h saímos da estação. A estrada era boa, e o autocarro seguia a um bom ritmo, mas a distância a percorrer era bastante grande, atravessando quase meio país.
A certa altura, novo contratempo. Um camião acidentado estava virado na berma, e uma grua, ocupando quase toda a largura da estrada, não deixava ninguém passar. A fila ainda era pequena, mas ameaçava ficar enorme em poucos minutos. Se ficássemos ali, poderíamos esperar horas. De repente, as pessoas começaram a sair do autocarro. Não sabíamos o que se passava. Perguntámos e disseram-nos que o nosso motorista iria tentar passar ao lado da grua, pela berma, mas que era perigoso, sendo que o autocarro poderia virar, e por isso seria melhor as pessoas saírem. Felizmente, a perícia (ou sorte!) do motorista não nos falhou, e o obstáculo foi ultrapassado. Não pudemos deixar de pensar que, se tivéssemos continuado no mesmo autocarro, ainda que tivéssemos saído entretanto de Lusaka, já não passaríamos ali.
A viagem acabou por demorar 9 horas e, quando chegámos a Chipata, era já noite cerrada. E quando dizemos cerrada, em África quer dizer isso mesmo! A cidade não tinha iluminação, sendo que os faróis dos carros eram os únicos a quebrar a escuridão completa. Eram já 19.00h, a hora a que tínhamos combinado com o Adam, e não conseguíamos contactar o escritório da Norman Carr Safaris, nem o Adam nos contactava a nós. Novamente tínhamos de tomar decisões. Já era demasiado tarde para autocarros ou outro transporte colectivo para Mfuwe, por isso se queríamos seguir em frente teria de ser num táxi. Negociámos o preço da viagem com um conhecido do motorista do autocarro e seguimos viagem.
A estrada estava completamente deserta, com a excepção de pessoas que caminhavam na berma e que os faróis do nosso carro iluminavam. De vez em quando passávamos por uma pequena aldeia, presumivelmente de, ou para, onde as pessoas que víamos na berma se dirigiam. Mesmo seguindo quase sempre a cerca de 90 km/h, demorámos quase 2 horas a chegar a Mfuwe. Sem contacto nenhum com a Norman Carr Safaris, temíamos o pior, ou seja, ninguém estar à nossa espera. Atravessámos a pequena cidade, e a ponte de Mfuwe e aproximámo-nos da entrada do parque. Vimos ao longe um pequeno posto de controlo e um carro estacionado. Seria ali? Parámos junto ao jipe, com a secreta esperança que estivessem à nossa espera… E estavam! Quando o Adam se apresentou até o abraçámos! O escritório não lhe tinha dado o nosso contacto, mas ele manteve-se firme e resoluto à nossa espera.
A partir dali, entrámos num outro mundo. Estávamos cansados, mas felizes. Tínhamos perdido grande parte do dia nas estradas da Zâmbia, mas tínhamos conseguido chegar ao Parque Nacional de Luangwa Sul, e a partir dali, a Norman Carr Safaris tomou conta de nós: Adam guiou-nos nessa mesma noite até ao Campo Kakuli, um “bushcamp” nas margens do Rio Luangwa, onde passaríamos a primeira noite de uma estadia que se revelaria memorável.
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