Shakhrisabz é uma pequena cidade 90 km a sul de Samarcanda, e é a cidade natal de Timur (ou Tamerlão, do turco Timur-i Lenk, “Timur, o Coxo”), o conquistador do grande império do século XIV. Durante a sua vida, esta cidade rivalizava em esplendor com Samarcanda, a capital do império, mas hoje quase nada resta que testemunhe esses tempos de glória. Ainda assim, é uma visita interessante, que se pode fazer a partir de Samarcanda num só dia.
No mesmo dia em que chegamos, deixamos as mochilas bem cedo na nossa guesthouse e contratamos um táxi (partilhado) para a viagem de ida e volta. Depois de quase um mês em regiões desérticas e quase planas, a paisagem montanhosa e as temperaturas mais amenas foram uma lufada de ar fresco e os granitos que dominavam as encostas fizeram-me lembrar os «meus» Trás-os-Montes… A estrada serpenteia montanhas acima e depois de um passo a 1788 m, descemos em direcção a uma planície extensa onde se situa Shakhrisabz.
Depois de chegarmos, combinamos com o taxista a hora aproximada de regresso e iniciamos a visita pela estátua de Timur e as ruínas não restauradas (e talvez por isso, enigmáticas) do seu palácio de verão. Na realidade, apenas restam os lados do pórtico de entrada (revestidos a azulejo azul), cuja imponência e altura contrastam com o que está à volta. Subi a um deles e os seus 40m de altura permitem ter uma vista panorâmica sobre a cidade e a planície circundante, e fazendo pensar como seria o palácio e a cidade no seu auge.
Daqui seguimos para o movimentado bazar da cidade, chegando à mesquita Kok-Gumbaz, dominada pela sua cúpula azul. Atrás da mesquita, encontra-se o túmulo do tutor espiritual de Timur e, um pouco mais afastado, o complexo Khazrati-Imam, onde se encontram os túmulos de 2 filhos de Timur, incluindo o seu filho mais velho e seu favorito. O desejo do próprio Timur era ser sepultado aqui, mas quando morreu em campanha no actual Cazaquistão durante o inverno, as condições do terreno não permitiram o transporte do corpo pelas montanhas, acabando por ser sepultado em Samarcanda.
Depois de um almoço num churrasco à beira-estrada (o omnipresente shashlyk), voltamos para Samarcanda, onde o taxista foi simpático ao ajudar-nos a encontrar uma agência do National Bank of Uzbekistan para podermos levantar algum dinheiro…
Desde a Turquia que não vemos sombra de ATMs, sendo que temos trocado o dinheiro que trouxemos em dólares e euros. O Irão e o Turquemenistão estão isolados do sistema bancário internacional e o Uzbequistão tem uma moeda com uma cotação internacional mais do que instável. Sendo assim, a moeda estrangeira é o prato mais apetecido… Para além do câmbio na rua, no Uzbequistão há a possibilidade de se fazer um «levantamento» de dinheiro em que se entrega o cartão (de crédito) num guichet, eles passam o cartão numa ranhura de uma espécie de terminal multibanco (como se fosse uma compra), tiram uma fotocópia do cartão (vamos confiar que nada façam com os números do cartão…) e entregam a quantia desejada em dólares americanos. Mesmo com a quantidade de dinheiro em papel que trouxemos para esta viagem, esta opção foi incontornável em Bucara e em Samarcanda pois estávamos a ficar com as reservas em baixo… Dinheiro vivo precisava-se! Mais à frente na viagem, acabamos por encontrar ao fim de muito esforço e desespero uma ATM em Tashkent, no átrio do Hotel Grand Mir… No Quirguistão e China as coisas voltariam ao normal. A vida de viajante na Ásia Central é difícil, até para conseguir dinheiro!
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