Saímos de Bucara já passava das 9h da manhã. Para trás ficaria uma cidade encantadora, mas em Samarcanda teríamos outra. De Bucara a Samarcanda são menos de 300 km mas com a Burra a trabalhar de forma esquisita tivemos que ir devagar. Quando chegámos a Samarcanda alojámo-nos num hotel e saímos imediatamente para tratar de arranjar um mecânico para a Burra.
Nenhum de nós conseguia comer ou sequer pensar nisso sem saber o que tinha a nossa burrinha. Inicialmente foi difícil arranjar um mecânico. O primeiro local onde parámos era uma espécie de mecânico mas o rapaz, com pouco mais de 18 anos, não nos inspirou confiança. Segundo ele seria um problema de injectores mas não conseguíamos compreender porque só falavam uzbeque ou russo. Resolvemos vir embora dali.
Sem conseguirmos adiantar nada e com medo de fazermos mais mal do que bem à Burra, resolvi ir falar com o Odir, o rapaz do Hotel Jahongir, o hotel onde costumava ficar com os grupos da Rota da Seda. Ele foi tão porreiro que nos dispensou um empregado para ir connosco arranjar mecânico e ver o carro.
O primeiro mecânico onde fomos não nos conseguiu tratar do carro. Disse que não era da mão dele e, apesar de ter ficado impressionado com a minha tatuagem e de me ter mostrado a sua tatuagem de um dragão no braço, não nos conseguiu ajudar. Ofereceu-me um sapinho em jade e enviou-nos para outro mecânico.
O segundo mecânico abriu a burra e o motor, limpando-lhe os injectores. Pensava que se tratava disso mas depois descobriu que seria a válvula queimada. A comunicação não era fácil, nem para ele, nem para nós. Entretanto a tarde já tinha passado.
Pararelo a isto o Rui adoeceu. Sentia dores pelo corpo todo, começou a ficar com febre, 38º, e diarreias com cólicas. Eu vim-me embora com ele para o hotel e o Agostinho e o Zé ficaram no mecânico. Entretanto apareceu o Nico, um uzbeque de cerca de 40 anos, gordinho e alto, que tinha trabalhado quatro anos na Madeira. Falava português e entrou logo com um:
– Então amigos, está tudo fodido! (com sotaque madeirence)
Depois de conversarem com o Nico, os rapazes acertaram levar o carro na manhã seguinte á oficina do Nico, já que a conversa era mais fácil. Programámos assim, no dia seguinte, pelas 8h, telefonar ao Nico para que ele visse o carro e o pudesse arranjar.
Já passava das 20 h quando saímos do hotel para dar uma volta por Samarcanda e conseguir, por fim, comer qualquer coisa. Ainda terminámos a noite em frente ao Registão, iluminado, magnífico e soberbo como sempre esteve. Nenhum de nós conseguia verdadeiramente abstrair-se dos problemas da Burra, nem da incerteza do seu estado, mas tentámos apreciar a beleza de Samarcanda e a simpatia das suas gentes. Amanhã será um novo dia e, todos temos esperança que melhor.
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