Durante os muitos séculos em que a Rota da Seda funcionou como correia de transmissão entre o Oriente e o Ocidente, poucos foram aqueles que a percorreram de um extremo ao outro. Alguns exploradores, sim, mas os comerciantes percorriam apenas troços. De uma forma geral, pode dizer-se que as cidades de Bucara e Samarcanda (ambas no actual Uzbequistão) representavam o ponto de encontro entre os ramos oriental e ocidental da Rota. Aqueles que atravessavam o deserto de Taklamakan e os passos de montanha chegavam ao vale fértil de Fergana e descansavam, encontrando aqueles que atravessavam a Mesopotâmia e os desertos da Pérsia. Tal como estes viajantes de outros tempos, também encontramos o nosso local de repouso em Bucara.
Depois de uma viagem pelo Irão marcada pelo intenso calor e pelo jejum do Ramadão, e de uma passagem breve, mas intensa, pelo Turquemenistão, quando chegamos a Bucara sentimos uma lufada de ar fresco. No sentido literal e não só! A temperatura era bastante mais amena (à escala da Ásia Central, entenda-se;; um comerciante disse-nos que o mês mais quente por aqui é o de Junho) e a água é uma presença constante na cidade, mas foi sobretudo o ambiente mais relaxado que nos agradou. E não nos custa admitir que ficamos agradados por finalmente vermos turistas ocidentais, dos quais já não víamos sinais há mais de duas semanas! Para cúmulo, ficamos naquele que foi até ali (e provavelmente será até ao fim) o melhor hotel da nossa viagem, instalado numa antiga madrassa.
Bucara teve o seu auge nos séculos IX e X, como centro cultural e religioso da Ásia Central, caindo aos pés dos exércitos de Genghis Khan e de Tamerlão, mas ressurgindo no século XVI como capital de um império Uzbeque, altura em que contava com dezenas de caravancerais, mais de 100 madrassas e 300 mesquitas e da qual sobrevivem ainda hoje os tesouros arquitectónicos do centro histórico da cidade.
O centro da cidade é a agradável praça Lyabi-Hauz (muito perto do nosso hotel), rodeada por três madrassas e com um pequeno lago e dois restaurantes que servem um excelente shashlyk.. Caminhando para ocidente, e passando pela mais antiga mesquita da Ásia Central (vários metros abaixo do nível actual da cidade) e por um bazar, chegamos a uma praça com duas grandes e belas madrassas, uma em frente da outra. É de notar que os quartos de todas as madrassas da cidade foram convertidos em shops de carpetes ou de souvenirs…
Seguindo em frente, chegamos ao principal complexo arquitectónico da cidade, constituído pela mesquita Kalon (construída no século XVI no local de outra destruída pelos mongóis) e o seu homónimo minarete (que no entanto é mais antigo, datando do século XII), uma pérola da arquitectura, que é tão impressionante que o próprio Genghis Khan ordenou que fosse poupado à destruição. Hoje continua a surpreender os viajantes tanto como então…
Em frente à mesquita, encontra-se a madrassa Mir-i-Arab, ainda hoje em funcionamento. Testemunho da importância de Bucara ao longo dos tempos, até nos anos mais duros do domínio comunista e de combate ao Islão, esta madrassa foi uma das 2 únicas na Ásia Central que se mantiveram sempre em funcionamento.
Mais a norte, podemos encontrar a mais antiga estrutura de Bucara, uma cidadela conhecida como a Arca, habitada desde o século V até 1920, quando foi bombardeada pelo Exército Vermelho. Hoje, pouco resta no seu interior, sendo muito mais impressionante as vistas do seu exterior.
Bucara é assim uma cidade muito interessante, bem equilibrada, e que nos acolheu de uma forma extraordinária durante três dias, no nosso descanso quase a meio da nossa Rota da Seda, durante os quais aproveitámos para visitar vários mausoléus e mesquitas espalhadas pela cidade e seus arredores, Bem custou partir, mas tínhamos de seguir viagem em direcção a Khiva…
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