Depois de atravessar o estreito de Dardanelos, os otomanos avançam para ocidente, tomando a cidade de Hadrianópolis (actual Edirne) em 1362, estabelecendo aí a sua capital.
Edirne fica perto da fronteira com a Grécia, mas ainda assim é possível fazer uma incursão de um só dia a esta antiga capital do império otomano, a partir de Istambul. Foi o que fizemos, pois tínhamos o nosso tempo limitado. Depois de uma viagem de 3 horas de autocarro, e de uma transferência para um autocarro local, saímos bem no centro da cidade, junto à Mesquita Velha (Eski Camii), terminada em 1414, e distinguindo-se pela sua planta quadrangular. Logo ao lado, pudemos admirar o Rustem Pasa Caravancerai, construído em 1560 para os mercadores de Edirne e que hoje abarca um hotel.
A seguir dirigimos a nossa atenção para a grande atracção da cidade, a mesquita de Selimiye, na realidade um enorme complexo (em cujos jardins comemos sorrateiramente o nosso almoço à sombra de uma árvore). O sultão Selim II ordenou a sua construção a Sinan, o famoso arquitecto, em 1569, sendo terminada em 1575, um ano após a morte do sultão. O próprio Sinan considerava-a a sua obra-prima, com uma cúpula de 43 m de altura e uma planta octogonal que permitiu que os pilares que suportam a cúpula fossem de menor dimensão e a incorporação de janelas, com um ganho de luz considerável. Os minaretes, que dominam o skyline da cidade, atingem 84 m de altura, cada um com três varandas. No interior da mesquita, sobressaem o minbar e a galeria do sultão, ambos ricamente decorados com azulejos.
Ainda tivemos tempo de visitar a Mesquita das Três Varandas (Uç Serefeli Camii), com minaretes de diferentes alturas e arquitecturas, e que foi o maior edifício do império otomano até à queda de Constantinopla. Esta mesquita inaugurou a noção de um pátio aberto, que depois se repetiu nas grandes mesquitas de Istambul. A nossa visita coincidiu com uma das horas de oração, o que a enriqueceu substancialmente.
A seguir descansamos um pouco num café com uma espectacular esplanada (com wi-fi!), onde esperamos a hora do nosso autocarro, que nos levaria para Ancara, onde iniciaríamos o Expresso Transasiático, com destino ao Irão. Ao contrário de nós, o Império Otomano dirigia-se para ocidente, sendo Constantinopla o alvo prioritário. Mas não só…
Com Edirne como capital, e com Constantinopla efectivamente rodeada por território ocupado, os otomanos começavam a ameaçar a europa… Em 1371, já tinham chegado ao adriático, e em 1389, derrotaram os sérvios no Kosovo. Em 1396, os Cruzados imbuídos da missão de parar o avanço otomano são derrotados em Nicópolis (actual Bulgária), e a Europa parece desprotegida. O imaginário europeu foi invadido pela concepção dos invasores vindos do oriente para islamizar o ocidente. No entanto a resistência feroz dos povos dos Balcãs surpreendeu os otomanos. E uma das lendas que ainda hoje perdura teve origem neste contexto histórico. Conde Drácula, de seu nome, era um senhor feudal que combatia os invasores otomanos em nome da cristandade, sendo o seu hábito de empalar os adversários e comer os seus corações bem conhecido… Deixando lendas de parte, foi graças, também, a estes sanguinários que o avanço otomano foi abrandando (o sultão Murat I morre na batalha nos Balcãs em 1389), não sendo também alheio a invasão oriental de Tamerlão, que varreu a Anatólia.
Mas os otomanos voltaram à carga e, com a subida de Mehmet I ao poder, a senda de conquista reiniciou-se, derrotando os sérvios novamente em 1448 e fazendo uma primeira tentativa de tomada de Constantinopla.
Quando Mehmet II sobe ao poder em 1451, construindo fortalezas no Bósforo e conseguindo um bloqueio naval, Constantinopla tinha o seu destino traçado… E foi aí que terminaríamos o nosso périplo pelas antigas capitais do império otomano.
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