O sol da manhã brilhava no céu quando o nosso comboio chegou a Sousse. O dia estava maravilhoso e até fazia calor (algo que tivemos pouco durante a nossa viagem pela Tunísia). A estação de comboio é mesmo no centro e bastante conveniente para quem tem pouco tempo para uma visita à terceira maior cidade da Tunísia. Era o nosso caso.
Sousse é a capital da região do Sahel, o litoral ocidental da Tunísia. O Sahel, que significa litoral em árabe, é uma das regiões mais importantes na Tunísia, quer para a sua economia, quer em termos históricos, já que a sua importância remonta ao tempo dos fenícios e romanos. Toda esta região está cultivada com extensos olivais, sendo a azeitona e o azeite extremamente valorizados. É aqui que se produz 2/3 do azeite da Tunísia, sendo este país o quarto maior produtor mundial. Estima-se que existam mais de 56 milhões de oliveiras na Tunísia, o que dá 6 oliveiras por cada tunisino.
Começámos a nossa visita a Sousse explorando a medina muralhada da cidade e a área da mesquita. A Grande Mesquita de Sousse, do século IX, estava aberta mas só pudemos visitar o seu átrio e pátio interior. A parte das orações só é acessível a muçulmanos. Apesar de ser ainda bastante cedo, não havia ninguém na mesquita. A mesquita é bastante distinta daqueles que temos conhecido no mundo islâmico, pois foi construída assimilando uma fortaleza anterior. Está completamente integrada na muralha da cidade e foi construída à semelhança da Grande Mesquita de Kairouan, para onde ainda iríamos nesta viagem. O átrio é amplo e com inscrições do corão em árabe nas suas paredes. Como não tinha fiéis, ficou a sensação de alguma falta do factor humano.
Tínhamos pensado explorar a medina de Sousse de mochila às costas mas a bagagem, apesar de não estar pesada, era incomodativa, pelo que optámos por pedir a um hotel, mesmo ao lado da mesquita, para nos guardar as mochilas durante a manhã. O empregado foi super simpático e, embora com cautelas, permitiu-nos deixar a bagagem lá guardada. O hotel tinha óptimo aspecto e se tivéssemos ficado alojados em Sousse, este local teria sido a nossa opção.
Mesmo ao lado da mesquita fica o Ribat, um mosteiro muçulmano fortificado, rodeado por muralhas defensivas, do século IX. A fortificação tem uma imponência considerável no seio da cidade árabe e serviu para defender Sousse das invasões cristãs vindas de Itália. No rés-do-chão existem pequenos compartimentos que serviam para acolher viajantes e comerciantes que percorriam as rotas comerciais da Tunísia. Nas épocas de grande perigo, o Ribat chegou a funcionar como abrigo para assegurar a protecção da população. Mais tarde, deu origem a uma escola corânica.
No andar superior há uma torre com 27 metros de altura, à qual é possível subir. Lá em cima, as vistas sobre a cidade e o porto de Sousse são magníficas. Vê-se o kasbah do outro lado da medina e a muralha da cidade a contornar a cidade árabe de Sousse.
A medina de Sousse é uma das mais bem conservadas da Tunísia. Esta típica cidade árabe conserva um núcleo histórico bastante vivo e característico, rodeado por uma muralha imponente. Com ruas estreitas e sinuosas, perder-se na medina de Sousse é fácil. Há becos sem saída, escadarias e pequenas passagens em túneis. Percorrer estas ruas, e perder-se nelas, é uma das formas mais extraordinárias de conhecer a medina.
Nas ruelas estreitas há lojas de artigos artesanais mas faltam turistas. Só nos cruzámos com um casal estrangeiro durante todo o dia. Os preços desceram bastante e até o nosso guia de viagem (que era de 2010) tinha os preços actualizados. A moeda tunisina também desvalorizou muito nos últimos meses pelo que viajar no país fica agora ainda mais barato para os europeus.
Nas pequenas ruelas da medina de Sousse existem vários cafés onde os homens se sentam durante horas para conversar sobre o que se passa no mundo, enquanto fumam shisha e/ou jogam cartas. Os temas de conversa são variados mas, nesta altura, o terrorismo e o atentado de Berlim, alegadamente perpetuado por um tunisino, é tema incontornável. Os tunisinos não se abrem muito sobre o assunto com os estrangeiros (com excepção de um com quem conversámos em Tunes no último dia) mas o terrorismo faz parte dos seus temas de conversa diários. As mulheres não frequentam os cafés. Não há nenhuma, nem a servir, nem sentada nas mesas e esplanadas.
Pelo caminho ainda vimos várias mesquitas pequenas e zaouias, santuários de místicos sufistas que deram a vida pelas práticas espirituais, nomeadamente a Zaouia Zakkak com um minarete ortogonal encantador. Este complexo com mesquita, madrassa e mausoléu, está completamente integrado na medina e, se não fosse o seu minarete, passaria completamente despercebido.
Percorremos as ruas estreitas da medina de Sousse durante a manhã tentando alcançar o kasbah, a fortaleza ou castelo da cidade. Hoje o antigo kasbah foi transformado num museu e conserva belos mosaicos de edifícios romanos da região, testemunho da cidade romana de Hadrumetum que existia neste local até ao século VII. A cidade romana foi arrasada pelos árabes mas o Museu Arqueológico exibe alguns objectos recuperados do período romano e bizantino.
É um belo museu e vale a pena ser visitado. O mosaico em que Baco é transportado num carro triunfal é verdadeiramente impressionante. No entanto, aquele que mais nos impressionou pela sua beleza invulgar foi uma pia baptismal em mosaico.
Estava na hora de regressar à estação de comboio e seguir viagem. A manhã tinha passado a correr e, apesar de termos vontade de continuar a explorar a medina de Sousse, tínhamos um comboio para apanhar em direcção a El Jem.
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Achou um cidade segura? É que como já aconteceram vários atentados, estou um pouco recioso em ir.
Achamos bem tranquilo.
É seguro andar na Tunísia sozinha?
As fotos estão lindas!
Filipa, eu viajei com o Rui mas pareceu-me mesmo muito seguro para mulheres sozinhas. Só deve evitar as medinas à noite. De resto não tem problema.