Visitar SIDI BOU SAID e render-nos aos encantos desta pérola do Mediterrâneo

Sidi Bou Said era um santo sufista do século XIII que se fixou numa pequena povoação com vista sobre o golfo de Tunes depois de voltar de uma peregrinação a Meca. O santo era tão venerado pelos locais que a povoação adoptou o seu nome. Era assim que nascia Sidi Bou Said.

Localizada numa colina como que abraçando o mar, Sidi Bou Said encantou-nos desde o primeiro momento. Era manhã cedo quando o táxi parou na colina e tivemos que procurar o hotel Dar Fatma. Magnificamente alojados, deixámos logo as mochilas guardadas e saímos para um pequeno almoço memorável num dos ex-líbris da cidade: o Café de Nates, um lugar que Simone de Beauvoir e Jean Paul Satre, entre outros artistas dos anos 20, frequentavam. É o lugar mais popular da povoação e tomar ali um sumo de laranja natural acompanhado por um doce típico que compramos numa loja por baixo (a sugestão do empregado) valeu logo a visita. Contudo Sidi Bou Said ainda tinha mais para nos oferecer.

Resolvemos explorar as ruas e ruelas da povoação, descobrindo becos, pátios, pequenos largos e muitas portas coloridas, especialmente azuis turquesa. As portas azuis, muitas vezes bordeadas por um arco preto e branco, são as rainhas de Sidi Bou Said. Ricamente decoradas com motivos florais, lunares e até minaretes, as portas azuis são quase todas distintas de casa para casa. O contraste criado com as paredes caiadas de branco é verdadeiramente divinal e inspirou pintores como Paul Klee.

Durante um passeio por Sidi Bou Said, as gaiolas de pássaros, construídas em arame, brancas, não passam despercebidas. São inspiradas em mausoléus e casas tradicionais árabes. Muitas estão vazias. Já são apenas objectos decorativos, mas outras ainda têm vida dentro.

Apesar de Janeiro estar carregado de frio, o sol brilhava na cidade e sobre o golfo de Tunes. Aproveitámos para visitar a Dar el-Annabi, uma mansão com cerca de 300 anos no centro da cidade. A casa está ricamente decorada guardando um belo acervo de objectos da época e tendo-se praticamente tornado um museu. A preço da entrada inclui um chá de menta mas a verdadeira jóia da casa está no terraço. As vistas sobre o golfo de Tunes é verdadeiramente deslumbrante.

Ainda encontramos uma bela casa senhorial em Sidi Bou Said, convertida numa loja, que parece um autêntico museu. Fica mesmo em frente à Dar el-Annabi. É de uma riqueza arquitectónica e de pormenor decorativo que chega a ser superior à casa museu da cidade.

Optámos por usar a tarde para visitar Cartago e as ruínas fenícias e romanas. Quando voltámos a Sidi Bou Said, não resistimos a um programa turístico: ver o pôr-do-sol sentados no Café Sidi Chabaane. Cuidado com os preços e o troco. Há empregados que não facilitam e quando vêm turistas estrangeiros “enganam-se” nos preços! Bebemos dois sumos de morango deliciosos (só de pensar até dá água na boca). Que belo final de tarde, com o sol a esconder-se no golfo e a iluminar com os seus raios de sol de inverno as paredes e portas da cidade.

Mas o dia em Sidi Bou Said estava a terminar. Acabamos por jantar no interior do Café des Nates, acompanhados por alguns locais e fotografias amareladas pelo tempo. No dia seguinte, iríamos para Tunes e Dougga. A nossa viagem estava quase a chegar ao fim.

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Carla Mota

Geógrafa com uma enorme paixão pelas viagens e pelo mundo. Desde muito cedo que as viagens de exploração fazem parte da sua vida. A busca do conhecimento do mundo leva-a em direcção a culturas perdidas e ameaçadas, tentando percebe-las. Hoje é também líder de viagens de aventura na Nomad.

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