Medina (ou almedina, que, em árabe, significa a cidade antiga) é hoje o nome dado à parte histórica de uma cidade e é uma designação comum em diversas cidades do Magrebe. A Tunísia é provavelmente o país mais rico do norte de África no que toca à diversidade e beleza das suas medinas. As medinas de Sousse, Kairouan, Sfax e, claro, a medina de Tunes, são atracções obrigatórias para os visitantes. Quem as visita, tem uma oportunidade única de submergir na cultura árabe, e apreciar a sua arquitectura, o movimento das pessoas e mercadorias, e apreciar os cheiros, cores e sons característicos das buliçosas medinas.
Sendo muralhadas, e normalmente fechadas ao tráfego de automóveis, a entrada é feita por portões, guardados por torres, entrando-se num labirinto de ruelas estreitas, frescas no Verão, e agradáveis no Inverno, e numa montra de edifícios históricos (dars), casas da elite da medina, mesquitas, madrassas (escolas islâmicas), zauias (tumúlos), hammams (banhos públicos) e mercados (souks) que normalmente se aglomeram junto das mesquitas ou das portas da muralha. As kasbahs são outra das marcas distintivas das medinas, edificações fortificadas e antiga residência do soberano local, eram construídas no alto de uma colina e dominam o skyline da medina, juntamente com os minaretes das mesquitas.
A Medina de Tunes é considerada pela UNESCO, desde 1979, Património da Humanidade e é um protótipo do conceito, sendo uma das mais bem preservadas do mundo islâmico. Fundada em 698 d.C., Tunes manteve-se limitada pelas suas muralhas durante mais de mil anos, e por isso tem uma história riquíssima, tendo sido palco do eterno diálogo (e por vezes confronto) entre o norte de África, a Europa Ocidental, e o Oriente, e testemunho da passagem de inúmeras dinastias, tendo sido reconhecidas pela UNESCO a sua integridade e autenticidade, passados tantos séculos de existência, e a necessidade actual da sua conservação como património cultural mundial.
No coração da medina, encontra-se a Grande Mesquita (ou Mesquita Zeitouna), centro nevrálgico de todo o movimento religioso e comercial. Não está aberta a muçulmanos, mas mesmo de fora tem-se uma ideia da sua imponência e importância na medina. Junto à Mesquita, as Três Madrassas, têm fachadas características e distintas dos restantes edifícios. A Place du Gouvernement é a principal praça, com o Dar el-Bey, antigo palácio do governador e agora sede do primeiro-ministro.
A Rue de La Ksabah é a principal via de comunicação, ligando a Place de La Kasbah e a Place de la Victoire, onde se encontra a Bab el-Bahr, a porta que liga a medina à Ville Nouvelle, a parte moderna de Tunes. O nome significa Porta do Mar, já que seguindo a Avenue de France e a Avenue Habib Bourguiba, chega-se ao porto da cidade.
Os souqs continuam a ser a alma da medina, no entanto, e a Medina de Tunes exibe mais de vinte souks. O caos aparente esconde uma ordem subjacente, sendo que os mercados estão divididos e organizados conforme os produtos que neles são transaccionados. Junto às mesquitas, vendem-se artigos religiosos e livros, tapetes, jóias e perfumes, distinguindo-se os Souk el-Attarine e o Souk et-Trouk, onde se pode tomar um café num terraço com vista sobre a medina e regatear o melhor preço daquele tajine colorido que lhe chamou a atenção, ou um frasquinho de óleo de jasmim que não lhe sai da memória. Mais longe, normalmente mais próximos das portas da medina, encontram-se os souks onde se vendem os artigos em ferro, a carne e os legumes.
Perder-se no meio da Medina de Tunes é assim uma das actividades obrigatórias para se fazer na Tunísia. A medina é diferente todos os dias, e cada passeio terá as suas surpresas e, no fim, trará consigo, no mínimo, uma recordação indelével de como é a vida numa medina árabe. Foi ali que decidimos terminar a nossa viagem pela Tunísia.
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