Cartago foi uma das cidades mais poderosas da Antiguidade. Os fenícios, interessados em proteger as suas rotas comerciais no Mediterrâneo, fundaram a cidade de Cartago no golfo de Tunes, em 814 a.C. Gradualmente, Cartago foi ganhando a sua própria identidade, poder e autonomia, desenvolvendo uma civilização própria, resultando da mistura entre os berberes indígenas e os colonos fenícios, e tornando-se um estado independente no século V a.C.
A prosperidade de Cartago, e expansão das rotas marítimas, conduziu inevitavelmente a uma rivalidade com outras civilizações mediterrânicas. Os gregos, presentes no território da Sicília, foram os primeiros a ir para a guerra com Cartago, sofrendo derrotas inicialmente, mas conquistando a ilha por fim. Mas a grande potência ascendente de Roma era o inimigo que se avizinhava. Apesar de tratados assinados estabelecendo acordos comerciais, era evidente que estas duas potências estavam em rota de colisão e que só uma iria sobreviver ao confronto.
As famosas “guerras púnicas” referem-se a um longo período, de mais de um século, em que Cartago e Roma se guerrearam intermitentemente, resultando num lento declínio de Cartago, culminando na sua completa destruição. O primeiro conflito decorreu entre 264 a.C. e 241 a.C., implicando a perda da Sicília por parte de Cartago; o segundo conflito dura de 219 a 202 a.C., resultando em mais uma derrota cartaginesa, apesar da aventura da invasão de Itália (pela Península Ibérica e atravessando os Alpes) por parte do general Aníbal, e o pagamento de pesados tributos. Finalmente, Cartago sofreu o cerco final de 149 a.C. a 146 a.C., caindo e sofrendo uma destruição completa às mãos romanas, dizendo a lenda que a cidade foi arrasada e a terra salgada para que nada mais ali crescesse.
A verdade é que Cartago, tal qual a fénix, ressuscitou das cinzas, e pelas mãos dos seus carrascos. Fundada África Proconsular, a primeira província romana fora de Itália em território africano, Cartago foi reabilitada em 44 a.C., e nos dois séculos seguintes recuperou o estatuto de grande cidade imperial. No entanto, a invasão dos Vândalos, a tomada pelos bizantinos e, finalmente, o avanço árabe levaram ao declínio completo da cidade, submergindo, desta vez para sempre, nas cinzas que se seguiram.
Hoje, por conseguinte, pouco há para ver quando se visita as ruínas do que foi Cartago. Nem sequer há a certeza absoluta da localização exacta da cidade que desafiou Roma. A colina de Byrsa, com uma vista fenomenal do golfo de Tunes, é a hipótese mais provável. Presume-se que tenha sido ali que os romanos construíram por cima dos escombros da parte nobre da cidade, edificando os seus templos e fórum, que por sua vez foram destruídos aquando da queda do império romano.
Quase nada resta para o olhar de um visitante do século XXI. Uma catedral do século XIX e o Museu Arqueológico de Cartago dominam agora a colina. O acervo do museu é bastante limitado, mas não deixa de ser uma parte obrigatória da visita, nem que seja para se poder contextualizar melhor a história do local. Ao lado do museu, ainda se pode admirar as fundações de um bairro residencial virado para o mar.
Fora da colina, as ruínas romanas e bizantinas estão espalhadas numa área bastante extensa. Um bilhete único combinado dá acesso a esses locais.
O anfiteatro romano, outrora um dos maiores do império, e palco da morte de duas das mais conhecidas mártires cristãs, Santa Perpétua e Santa Felicidade, é hoje uma pálida imagem do que terá sido, sendo que a reconstrução parcial que foi feita não foi muito bem conseguida.
Ao lado, as ruínas das villas romanas dão-nos uma ideia de onde e como morariam os cidadãos mais abastados da cidade, mais uma vez com uma vista privilegiada para o mar.
As ruínas que acabam por ser mais impressionantes, não pela sua conservação, mas pelo seu tamanho imponente são as eruínas das Termas de Antonino, que terão sido as maiores fora de Roma. Foram arrasadas pelos vândalos em 439 a.C., mas o que chegou aos nossos dias, as fundações de um enorme complexo onde estavam edificados o caldarium (local do banho quente), tepidarium (local do banho morno) e frigidarium (local do banho frio), ainda consegue impressionar os visitantes e dá-nos uma ideia da grandeza dos edifícios no seu auge.
Cartago passou por muitas vidas, e apesar do legado material que chegou até nós ser muito pouco, a memória do que foi Cartago perdurou e perdurará. As lendas são assim; e as lendas merecem ser revividas, nem que seja visitando as suas parcas ruínas. Pois quantos são aqueles que nos últimos dois mil anos sonharam caminhar no terreno onde um dia se ergueu a poderosa Cartago, desafiadora de Roma?
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