Vinte horas é o tempo que separa Guimarães, em Portugal, de Cartum, no Sudão, e no entanto, entre os dois há um mundo de diferenças. É esse mundo que percorro, primeiro num voo com escala em Milão, um hino ao capitalismo desenfreado e cheio de falta de significado, e segundo, uma escala no Cairo, para me adaptar ao clima sudanês que vou apanhar.
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Vinte horas depois de sair de Portugal aterramos em Cartum. Estão 18ºC mas o rapaz que nos espera no aeroporto para tratar do visto on arrival queixa-se do frio. Olhamos um para outro e rimos. Viajávamos com o coração nas mãos pois não tínhamos conseguido tirar o visto do Sudão na Embaixada do Sudão em Paris. Tivemos que comprar uma permissão de entrada num hotel de Cartum, por 130USD/pessoa, e recebemos por email uma cópia. Com ela deveríamos conseguir fazer o check in no voo e aterrar em Cartum. Depois, alguém nos esperaria no aeroporto e trataria do visto on arrival. E assim foi. Felizmente correu bem. Pagamos mais 100USD/pessoa pelo visto à chegada e, passados cerca de 10 minutos estávamos com o passaporte carimbado.
– Welcome to Sudan!
O aeroporto de Cartum é um aeroporto africano, como muitos imaginam. Um casebre de cimento, com pouco mais do que tapetes de malas e serviço de check in. A parte exterior nem sequer tem iluminação pública e os carros e táxis estão estacionados num parque de terra batida em frente às portas de saída. Quando olhei para o aeroporto, parecia que estava a ver um edifício no meio do nada. Se não soubesse, nunca teria acreditado que estava em frente ao aeroporto internacional de Cartum. Uma loja de câmbio permitiu-nos trocar 50USD às 3h30 da manhã, à taxa oficial (que na altura é de 1USD = 47.5 SDG). Com dinheiro no bolso, era hora de rumar ao hotel onde tínhamos reserva e que nos tinha tratado do visto. Pelo caminho, tivemos que contornar a linha do comboio por um trilho de terra batida. Um comboio tinha avariado nessa noite na linha, mesmo no meio da cidade, e não se podia passar. As estradas têm militares e jipes nas ruas mas tudo está tranquilo e muito pacífico. O hotel Acrópole é uma pequena instituição em Cartum. Nas escadas que levam à recepção há fotografias de ocidentais que visitam o Sudão. Exótico! Perco-me a imaginar quando é que isto se poderia ter feito na Europa. Talvez apenas no século XIX. Recebeu-nos um sudanês de meia-idade, simpático mas sonolento. O luxo de Milão dá lugar a empregados que dormem nos sofás da recepção do hotel, a uma capital com ruas de terra batida e falta de iluminação pública. Fizemos o check-in e fomos para o nosso quarto. Simples mas limpo e saudável. Eram 4h da manhã quando nos deitámos. Em vinte horas passamos de Portugal para o Sudão e, pelo meio, atravessamos o melhor e o pior deste mundo.
Leia aqui as crónicas diárias da nossa aventura a viajar no Sudão:
- DIA 1 – Welcome to Sudan!
- DIA 2 – Rumo ao norte – De Cartum a Ed Debba
- DIA 3 – VELHA DONGOLA, KERMAN e TOMBOS, um périplo pela história longínqua do Sudão
- DIA 4 – NÚBIA, a região que é senhora do deserto
- DIA 5 – As pirâmides do Império KUSH em KARIMA (Jebel Barkal, El Kurru e Nuri)
- DIA 6 – O milagre da Vida e as PIRÂMIDES DE MEROÉ
- DIA 7 – O esplendor dos faraós em Naqa e Musarawwat es Sufra e os Derviches africanos de Cartum
- DIA 8 – Os segredos escondidos de CARTUM e OMDURMAN
Mais uma voltinha no carrossel da aventura! Vão contando, que a malta aqui deste lado está seguindo vocês os dois .
Obrigada pela companhia, Rui. 😀 Desta vez de boleia a viajar no Sudão. 😀
Ora aqui está o post porque tanto ansiava, adoro! Adorava ir ao Sudão mas confesso que o preço do visto foi um choque! Ainda assim estou ansiosa por conhecer o resto da aventura!
O preço do visto custa a digerir mas valeu a pena. Teria pago tudo outra vez. 😀
Bom começo. A estrelinha continua convosco.
Obrigada 😀