O wrestling do Sudão do Sul é o desporto nacional do país. O nosso dia começou na aldeia Mundari onde dormimos. Foi ali que acordamos por volta das 5h da manhã, ainda o sol não tinha nascido, para ver os modos de vida dos Mundari até à sua saída com o gado para as pastagens. Mas, o nosso objectivo do dia era, depois disso, ver um evento Dinka de wrestling do Sudão do Sul.
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O wrestling no Sudão do Sul
Mas o nosso destino dessa noite seria as tribos mais a norte, na zona de Minkamman e Bor, onde habitam os Dinka e onde fazem eventos de wrestling do Sudão do Sul. Pelo caminho vemos um país em miséria destilar. Do mais pobre que já vimos no mundo, mas ao mesmo tempo com uma paisagem cada vez mais verdejante e com água. Quando chegámos a Minkamman, vimos mais uma cidade favela, mas cheia de sorrisos fáceis, doçura e simpatia. Almoçámos num boteco de beira de estrada, fizemos compras no mercado local e seguimos viagem.
Queríamos prosseguir para norte. Sabíamos que ia haver um evento de wrestling do Sudão do Sul numa aldeia Dinka e queríamos muito estar presentes. Para lá chegarmos cruzamos campos agrícolas verdejantes e habitações tradicionais, construídas em lama e palha. Dividimos caminho com as centenas de homens e mulheres que percorriam os caminhos de terra batida a caminho do evento de wrestling do Sudão do Sul.
Os homens levavam penas enfiadas nos cabelos e as mulheres vestiam-se lindamente com tons coloridos e roupas exuberantes, inclusive vestidos dignos de bailes de gala. O wrestling do Sudão do Sul é um dos maiores eventos destas comunidades.
Vamos acompanhados de um membro do governo local e de um militar, que nos observa de longe. Quando chegámos ao recinto do wrestling era impossível ficar indiferente ao fervor, música e adrenalina que se vivia. As mulheres cantavam e dançavam de forma tribal. Os homens tocavam tambores e entoavam gritos de guerra. No meio de uma arena improvisada para o wrestling do Sudão do Sul, dois clãs Dinka iam-se degladiar.
Os gladiadores Dinka do Sudão do Sul cobrem os corpos de cinza, exibindo o peito e os músculos de forma a intimidar o adversário. Há várias rondas de confrontos no wrestling do Sudão do Sul e, enquanto a arena exibe lutas humanas, na plateia dança-se.
Estas lutas de gladiadores do wrestling do Sudão do Sul são um desporto nacional e os jovens das aldeias treinam-nas todos os dias. Os melhores são escolhidos para representar o seu clã e são apoiados entusiasticamente pelo clã. Mulheres e crianças catam e dançam e, a cada vitória, invadem o recinto empoeirado deste wrestling do Sudão do Sul. São expulsas à chicotada pelos militares que ali estão.
As lutas de wrestling no Sudão do Sul terminam com o pôr do sol, seguido pelos militares que entram no recinto de jipe e a pé para chicotear toda a gente sem dó nem piedade, dispersando as multidões e obrigando-as a regressar às suas aldeias.
Terminámos o dia a dormir numa aldeia Dinka, protegidos por três militares armados e a discutir física e o sentido da vida com um etíope e um queniano algures no Sudão do Sul. Cada vez temos mais questões sem resposta sobre a complexidade do mundo em que vivemos. Essa é a maior beleza e riqueza das viagens. Atira por terra todas as nossas certezas. Felizes aqueles que não viajam. Nunca saberão o quão o mundo é complexo. Quem sabe as respostas para todas as nossas questões não estarão nas estrelas?
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