A última tribo que visitámos no Sudão do Sul foi a as tribos Toposa. Na noite anterior montámos acampamento ao lado da aldeia dos Toposa. Seria uma má ideia. Depois de jantarmos, uma galinha morta e preparada no local, era hora de dormir. Mas, ainda nos estávamos a deitar na tenda quando tudo começou. Pouco depois do sol se pôr e dos homens Toposa regressarem com o gado das pastagens, o átrio da aldeia, mesmo ao lado da nossa tenda, transformou-se numa pista de dança tribal dos Toposa.
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AS TRIBOS TOPOSA DO SUDÃO DO SUL
Os Toposa são uma das tribos mais características do Sudão do Sul. Andam quase nus, tantos as crianças como as mulheres. Elas exibem os seios apenas parcialmente tapados pelos seus colares coloridos que fazem lembrar os Maasai, do Quénia. Os Toposa vestem roupas muito velhas e sujas, rasgadas e estragadas pelo tempo.
No dia anterior, quando ali chegámos as crianças correram na nossa direcção com arcos e flechas, que usam para apanhar ratos e pequenos roedores que são a sua comida. A fome é uma realidade ali nos Toposa. A falta de água outra. Durante dia e noite, mulheres e crianças Toposa percorrem este país em busca de água, carregando bidões coloridos à cabeça e recolhendo o elixir da vida.
Na primeira tarde na aldeia dos Toposa, mulheres e crianças juntaram-se no átrio e criaram um círculo gigantesco. Dançaram e dançaram! Saltavam e entoavam gritos e cânticos tribais incompreensíveis.
Pareciam gritar “Bebe, bebeberere” mas não percebíamos nada do que diziam. Faziam sons estranhos com a boca e garganta. E os cantares Toposa que fizeram durante a tarde para nos receberam, foram os mesmos que fizeram durante quase toda a noite. Não conseguíamos dormir nem sequer pregar um olho por um minuto ali na aldeia Toposa.
Durante horas a fio, sem luz nenhuma, apenas iluminados pelo luar, os Toposa dançaram. Não os conseguíamos ver, apenas a sua silhueta a saltar em contra luz no céu iluminado pela meia lua. Às vezes, as crianças aproximavam-se da nossa tenda para espreitar e ver se estávamos a dormir. Como a tenda era de rede víamos a sua silhueta em contra luz. Fazíamos de conta que sim. Foi um noite longa quase em branco com os Toposa.
De manhã, quando visitámos a aldeia Toposa, conhecemos os seus modos de vida, as suas habitações e até nos sentamos para fumar cachimbo com as mulheres. Negociei com elas a compra de uma coroa e um colar, assim como de um cachimbo tradicional. São estas as minhas recordações do Sudão do Sul.
Mas era tempo de seguir viagem. Íamos ainda nesse dia a caminho de Kapoeta e Torit, onde iríamos comemorar a passagem do ano. Seria, claro, mais uma noite em branco nesta nossa epopeia pelo Sudão do Sul.
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