Os Boya são uma das tribos mais icónicas do Sudão do Sul. E o casamento é um dos momentos mais importantes da vida dos Boya. Logo que entrámos na região dos Boya fomos apanhados por diversos rituais. Os casamentos no Sudão do Sul são eventos muito frequentes já que todas as tribos são poligamicas, incluindo os cristãos. O estatuto social de um homem mede-se pela quantidade de mulheres que tem e, tanto o nosso motorista como o nosso guia têm várias esposas. Por isso, os Boya não eram excepção.
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AS TRIBOS BOYA DO SUDÃO DO SUL
Quando na noite anterior chegámos à tribo Boya apanhámos um casamento Boya na estrada. Homens e mulheres cantavam e dançavam a caminho da casa dos noivos, iluminados por um pôr do sol avassalador. Fomos afastados com alguma agressividade mas tivemos de aceitar. Durante a noite, na aldeia Boya onde estávamos acampados houve danças e canções toda a noite. Era outro casamento Boya. Às 5h da manhã já lá estávamos para testemunhar o evento.
Os casamentos por amor são raros por aqui e os Boya não são excepção. As mulheres africanas são das mais mal tratadas do mundo. São escravas laborais, escravas sexuais e puramente reprodutoras. Os homens, pouco ou nada fazem, porque tudo é trabalho de mulher. Mas o maior dos seus trabalhos é encher este país de crianças, muitas das quais órfãos de uma guerra civil que durante décadas delapidou os homens adultos.
No casamento, os noivos são duas crianças Boya. Ela não terá mais de 15 anos. Ele talvez 18. Parece que vão para um funeral. Ela completamente assustada e petrificada, ele sem saber o que fazer e completamente incomodado. As amigas da noiva dançam e cantam. Ela esconde-se no interior da casa Boya. Porém não há para onde fugir. O noivo dança com os amigos, que parecem embriagados, também eles crianças. Há armas por todo o lado e durante a noite ouvimos tiros.
Daqui por algumas semanas esta criança que hoje casa, terá mais uma criança no seu ventre, alimentando assim as aldeias Boya, as estradas e a demografia deste país. Será o primeiro de muitos, pois se não der filhos ao homem será uma inútil. Mas se der, não serve para lhe dar prazer e então ele terá de procurar uma segunda esposa Boya para poder ter sexo enquanto esta está grávida. E o ciclo de casamentos Boya prossegue, com a mulher a desempenhar a função para a qual veio ao mundo, sem qualquer respeito pela sua individualidade ou liberdade.
A mulher africana é tudo neste continente. Não há nada que não dependa dela. Nada. E, no entanto, é, de tudo o que já vi no mundo, o local onde é pior tratada. Se um dia estas mulheres, Boyas ou sem sem Boyas tiverem consciência da sua importância, do seu valor, da sua força, África pára. Até lá, os homens vão continuar a fumar, a beber e a observar o trabalho das mulheres Boya. E elas vão continuar a casar, a ser escravas e servas de um mundo dominado por homens e, aqui nos Boya, até abençoado por um Deus cristão.
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