Embora desde pequena me chamassem maria-rapaz, ser mulher é algo que sempre me deixou muito satisfeita. Acho que desde que comecei a caminhar que exploro os recantos mais recônditos, primeiro da minha casa, depois do meu bairro e, progressivamente, do mundo. Lembro-me quando era bem pequena e os meus pais saíam de casa. Eu montava umas escadas e subia para o sótão de casa para explorar as velharias e segredos que lá existiam. Mas, um dia, descobri que o sótão não era suficiente e comecei a explorar as ruas, ruelas e até minas e campos perto de casa. Quando a minha avó estava mais distraída, fugia e passava horas fora de casa. Hoje, parece-me perigoso, mas lembro-me de entrar em minas de água abandonadas com fósforos que tirava de casa e explorar corredores escudos e claustrofóbicos.
Dizem que a vontade de viajar pode estar nos genes. É possível. Desde muito pequena que ia com os meus pais para a Serra da Freita e do Gerês com a secção de Montanhismo do Clube de São João da Madeira. As noites passadas em torno das fogueiras fizeram crescer em mim um desejo de liberdade, de pertencer a um espaço sem fronteiras e barreiras. Gostava de pertencer a um lugar onde pudesse ir para onde quisesse e quando quisesse. Durante muito tempo, temo que os meus pais e amigos mais próximos achassem que eu era maluca. E se calhar era!
Um fim de tarde em Julho no Lago Baikal, na Síbéria, Rússia.
Os anos foram passando e o meu desejo de “correr” mundo foi crescendo. Um dia decidi dar um pontapé na mesa e mudei de vida. Deixei tudo aquilo que a maioria das mulheres quer: uma família estável, uma boa casa, um futuro previsível e estável. E para quê?
No topo do Toubkal, a montanha mais alta do norte de África, em Marrocos.
Para poder fazer da minha vida tudo aquilo que eu queria: viajar, aprender, compreender o mundo e acima de tudo ser livre. Seria uma mulher louca? Provavelmente sim, mas até hoje, 10 anos depois, continuo a achar que não. O que ganhei eu com isso? Pois bem, resolvi hoje, Dia Internacional da Mulher, fazer uma espécie de balanço.
Perceber que no mundo há imensas mulheres como eu, que resolveram abdicar da vida familiar estável, de um casamento de sonho e de ter filhos. Há imensas mulheres cuja vida familiar com filhos está longe de as satisfazer. Eu sou apenas mais uma. Se vou ser assim para sempre? Não sei, mas sou assim agora.
Estar muito tempo no mesmo lugar faz-me sentir inútil. Não sei bem explicar porquê mas sinto que estou a perder o meu tempo útil de vida com algo que é inútil. Para me sentir viva preciso de pôr o pé na estrada, como dizem os brasileiros. Essa adrenalina faz-me sentir viva. Preciso dela para viver.
Viajar é pôr-nos à prova todos os dias e todos os minutos. Há constantes desafios a serem superados. Alguns conseguimos superá-los com sucesso, outros não. Mas todos eles me fazem crescer como mulher.
Convivendo e aprendendo com uma comunidade indígena na Amazónia.
Uma das coisas que mais me fascina nas viagens é que, neste meu mundo, ser mulher, é claramente uma vantagem. Nos países mais machistas, como o México, sou bajulada como se fosse um “doce” prestes a ser conquistado. Nos países mais conservadores, como o Índia, sou protegida pela população local para não ser vítima dos “menos simpáticos”. Nos países muçulmanos, como a Turquia ou o Irão, sou excessivamente bem tratada pelos homens que pretendem ser engraçados e protectores para com o sexo oposto, especialmente se este for ocidental. Mas, é junto das mulheres locais que ser viajanta é uma grande vantagem. Consigo sempre grande empatia com a população local feminina, o que me permite conhecer melhor o seu modo de vida e os seus problemas. É óptimo ser mulher!
É verdade, todos nós somos livres, mas nem todos sabemos usar bem essa liberdade ou aproveitá-la. Ser livre é fazer escolhas, umas certas outras erradas. Ser livre é tomar opções, umas conscientes outras inconscientes. Todas elas fazem parte da viagem e todas elas enriquecem as viagens. Essas opções fazem de nós aquilo que somos e fazem da nossa viagem isso mesmo: nossa!
Adoro aprender. Tenho sede de conhecimento. Uma das coisas que me chateia em viagem é não poder trazer para casa tudo aquilo que vejo. Tento, através das fotografias, dos meus diários de bordo, do blogue e de artesanato, trazer o máximo que posso. Mas esse máximo nunca é suficiente. Aprendo imenso com as viagens que faço. Aprendo Geografia, História, Política, Antropologia, Etnografia, Ciências Físicas e Naturais. Aprendo tanto e ao mesmo tempo tão pouco. Quero mais, quero muito mais…
Adoro ler e conhecer o mundo pelas palavras e fotografias dos outros, mas nunca ninguém perceberá a satisfação que tenho quando vejo, aprendo e conheço as coisas com os meus próprios olhos. O mundo é bonito demais para ficar longe do meu alcance. Eu preciso de vê-lo e senti-lo.
Explorando templos budistas em Chiang Mai, na Tailândia.
9. Conhecer pessoas incríveis no mundo
Não sei se as pessoas mais interessantes viajam mais ou se tenho tido muita sorte. A verdade é que algumas das pessoas mais interessantes que conheço, conheci-as ou em viagem ou em contexto de viagem. Para além disso, a viagem permite-me conhecer imensas pessoasdos países onde estou e isso é uma das melhores coisas que trago das minhas viagens.
Adoro experimentar a gastronomia local. A maioria das vezes corre bem mas muitas também corre mal! Desde os gafanhotos chineses às osgas tailandesas, passando pela baleia ou foca na Gronelândia, já experimentei imensas coisas. E estou sempre disponível para conhecer a gastronomia do meu destino de viagem. Mas cuidado com a higiene e alimentação!
Sempre fui uma pessoa desenrascada mas nunca pensei que tivesse ainda mais para aprender e a verdade é que sim, tenho. Sempre que viajo tenho novos desafios e tenho constantemente que me desenrascar. Isso faz parte da viagem e é, definitivamente, uma das coisas que mais aprecio nelas.
Depois de viajar sozinha na América do Sul, em países como Argentina ou Paraguai, conhecidos pelo avanços e machismo dos seus homens, não considero que o assédio sexual seja um problema em viagem para uma mulher. Não digo que não exista, mas é tão raro quanto no nosso próprio país. As mulheres que têm medo de viajar sozinhas podem estar descansadas, não serão, provavelmente, nem mais nem menos assediadas nos outros países do que o são nos trajectos casa-trabalho no seu país. Ter medo do assédio também não é mau. Faz-nos ser cautelosas. E ser prudente é muito bom em viagem. No Irão ou na Síria viajei acompanhada mas, muitas vezes, sai às ruas sozinha para visitar alguma coisa ou fazer compras. Nunca tive problemas e, até pelo contrário, sentia-me ainda mais protegida e acarinhada pela população local.
Sou mulher e já viajei sozinha durante quase um ano na América do Sul, mas a maioria das minhas viagens faço-as acompanhada. Não sei se prefiro viajar sozinha ou acompanhada. Acho que depende muito da disposição. Gosto muito de viajar acompanhada porque tenho necessidade de partilhar com alguém as minhas frustrações e alegrias. Mas, viajar sozinha (veja aqui as dicas para mulheres que viajam sozinhas) também é um desafio e deixa-me mais disponível para conhecer pessoas. Isso também é bom. Quando me perguntam: viajar sozinha ou acompanhada, o que recomendas? A minha resposta é só uma: Mulher, vai de qualquer maneira!
Geógrafa com uma enorme paixão pelas viagens e pelo mundo. Desde muito cedo que as viagens de exploração fazem parte da sua vida. A busca do conhecimento do mundo leva-a em direcção a culturas perdidas e ameaçadas, tentando percebe-las. Hoje é também líder de viagens de aventura na Nomad.
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Obrigada pelo excelente conteudo blog. Estou a pensar viajar sozinha e tentada pela indonesia, bali ou tailandia durante 15 dias. A carla tem dicas? Obrigada. Maria
Maria, a melhor dica é “vai”. Desses lugares só conheço a Tailândia. Acho adequado para uma primeira viagem. É fácil de viajar e seguro. Penso que poe ser um bom começo. Força. Vais adorar.
“Quando me perguntam: viajar sozinha ou acompanhada, o que recomendas? A minha resposta é só uma: Mulher, vai de qualquer maneira”. Grande Carla, é isso mesmo! Beijinhos.
Ótimo post… leitura obrigatória para todas as mulheres, e porque não, homens também. Texto muito rico, cheio de inspiração e ótimas experiências vivenciadas. Virei fã! Beijos =)
Post maravilhoso e super útil para compartilhar com nossas amigas e familiares que ainda tem aquele receio de viajar por ser mulher. Adorei conhecer sua experiência, parabéns!
Que texto lindo! Que máximo seu relato e suas experiências! Uma inspiração. 😉 Muito legal saber da sua história desde pequena e que a vontade de explorar já estava presente.
Olá Carla: és uma excelente viajante e gosto muito de acompanhar as tuas viagens. A que mais me cativou foi a Rota dos Maias, já que sou uma apaixonada pelo México. Continua a viajar e partilhar.
Oi, Carla. adorei teu relato. Tua escolha de vida, pelo que percebo, é que te faz viva. Conhecendo, observando, explorando não só ao mundo mas a ti mesmo. Parabéns!
Uau Carla, que texto sensacional com fotos belíssimas! Felizmente tenho a companhia do meu marido para viajar mas antes também nunca deixei de viajar por falta de companhia
Do sótão para o mundo Carla ! Parabéns, está muito fixe o post, é isto que se quer, emoção, sentimento, Somos humanos ! Graças a “Deus, Alá, Buda ou outro…” que saíste do sótão.
Matéria rica…vc faz o que eu sempre quis fazer mas não tive coragem e nem $$RS..Lugares lindos que vc andou…..O mundo é maravilhoso.Enquanto não posso realizar essas viagens,viajo olhando as suas fotos….parabéns!!!
Ola 🙂 Eu gostava muito de ir à India ou a Bali mas tenho receio de ir sozinha… seria a minha primeira viagem sozinha… compreende os receios? Tem alguns conselhos que me possa dar?
Obrigada!! 🙂
Quando lhe conheci , apesar de muito miuda , vi em si o sentido de descoberta , de liberdade . A vida é como vosse diz feita de escolhas e posso dizer que a sua deveras será uma das mais prazerosas , e empolgantes que tive o gosto de ler . Continue a escrever pois quem lê como eu entra nesse seu mundo , e a viagar pois já faz parte de si . beijos
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Que inspiração Carla. Obrigada. Não me canso de ler o vosso blog. Beijinhos
Muito obrigada, Sónia. DE coração. <3
Brutal! Inspirador! 😀
obrigada 😀
Obrigada pelo excelente conteudo blog. Estou a pensar viajar sozinha e tentada pela indonesia, bali ou tailandia durante 15 dias. A carla tem dicas? Obrigada. Maria
Maria, a melhor dica é “vai”. Desses lugares só conheço a Tailândia. Acho adequado para uma primeira viagem. É fácil de viajar e seguro. Penso que poe ser um bom começo. Força. Vais adorar.
Quando for grande quero ser como tu eh eh eh :b
eeheheh 😀 Obrigada
“Quando me perguntam: viajar sozinha ou acompanhada, o que recomendas? A minha resposta é só uma: Mulher, vai de qualquer maneira”. Grande Carla, é isso mesmo! Beijinhos.
bjinhos Filipe. 😀
Ótimo post… leitura obrigatória para todas as mulheres, e porque não, homens também. Texto muito rico, cheio de inspiração e ótimas experiências vivenciadas. Virei fã! Beijos =)
Obrigada 😀
Post maravilhoso e super útil para compartilhar com nossas amigas e familiares que ainda tem aquele receio de viajar por ser mulher. Adorei conhecer sua experiência, parabéns!
Obrigada
Muito bom testemulho Carla, gostei!! Também viajo por razões, estar sempre no mesmo sítio cansa! Hehe um beijinho!
Obrigada
Que texto lindo! Que máximo seu relato e suas experiências! Uma inspiração. 😉 Muito legal saber da sua história desde pequena e que a vontade de explorar já estava presente.
Obrigada, Lidiane. 🙂
Que post inspirador, amei.
Obrigada 🙂
Olá Carla: és uma excelente viajante e gosto muito de acompanhar as tuas viagens. A que mais me cativou foi a Rota dos Maias, já que sou uma apaixonada pelo México. Continua a viajar e partilhar.
Obrigada 😀
Oi, Carla. adorei teu relato. Tua escolha de vida, pelo que percebo, é que te faz viva. Conhecendo, observando, explorando não só ao mundo mas a ti mesmo. Parabéns!
Obrigada 😀
Uau Carla, que texto sensacional com fotos belíssimas! Felizmente tenho a companhia do meu marido para viajar mas antes também nunca deixei de viajar por falta de companhia
Bjs
Dani Bispo
É isso mesmo. Obrigada 😀
Que incrivel vida! Sou assim também amo viajar por esse mundão a fora!
É isso mesmo, Paloma. 🙂
Do sótão para o mundo Carla ! Parabéns, está muito fixe o post, é isto que se quer, emoção, sentimento, Somos humanos ! Graças a “Deus, Alá, Buda ou outro…” que saíste do sótão.
Obrigada, Francisco. 😀
Matéria rica…vc faz o que eu sempre quis fazer mas não tive coragem e nem $$RS..Lugares lindos que vc andou…..O mundo é maravilhoso.Enquanto não posso realizar essas viagens,viajo olhando as suas fotos….parabéns!!!
Obrigada, Ana. Mas ganha coragem e vai. Só vivemos uma vez. 😀
Ola 🙂 Eu gostava muito de ir à India ou a Bali mas tenho receio de ir sozinha… seria a minha primeira viagem sozinha… compreende os receios? Tem alguns conselhos que me possa dar?
Obrigada!! 🙂
Olá Marta,
Os meus conselhos são simples. Dá uma vista de olhos neste artigo. Espero que te inspire e que ganhes força para te lançares numa aventura. Não há que ter medo. https://www.viajarentreviagens.pt/preparar-a-viagem/dicas-para-mulheres-que-viajam-sozinhas/
Quando lhe conheci , apesar de muito miuda , vi em si o sentido de descoberta , de liberdade . A vida é como vosse diz feita de escolhas e posso dizer que a sua deveras será uma das mais prazerosas , e empolgantes que tive o gosto de ler . Continue a escrever pois quem lê como eu entra nesse seu mundo , e a viagar pois já faz parte de si . beijos
Obrigada. Conhecemo-nos, Diana? De onde? Fiquei curiosa. É de São João da Madeira?
Simplesmente faz aquilo que eu gostaria de fazer
Obrigada, Joaquim. É muito bom.
Fiquei fascinada com tudo o que vi e o que li!
Obrigada, Sandra. 😀
Adorei o post!
Nota-se mesmo a sua paixão por descobrir e sentir o Mundo das mais variadas maneiras.
Muito obrigada, Filipa.