Ser geógrafa e viajante é algo que, para mim, sempre combinou de forma perfeita. Sempre me pareceu óbvia esta relação. Um geógrafo explora o mundo, tenta compreendê-lo, explicá-lo, estando atento aos fenómenos naturais e aos modos de vida da população. Um viajante tira um enorme prazer da exploração do mundo e tem sede de conhecer outros lugares e outras culturas. As duas realidades combinam-se. No fundo, todos os grandes viajantes e exploradores da antiguidade foram geógrafos porque de alguma forma contribuíram para um maior conhecimento do mundo. Estou a pensar por exemplo em Alexander Von Humboldt, Shackleton ou Pigafetta (que registou as memórias da viagem de Fernão Magalhães).
Na realidade, todos os grandes viajantes acabam por desenvolver faculdades de geógrafo, se não por formação académica, certamente por formação pessoal e no terreno. As viagens obrigam a estar informado, de forma a perceber o que nos rodeia. Ao fim de algum tempo em viagem, os viajantes precisam de conversar com os locais para compreender melhor as coisas. Não se contentam com as explicações dos guias e dos livros. Isto também é fazer geografia.
Na minha condição de geógrafa e viajante, tenho tido imensas experiências que fazem de mim uma “privilegiada”, no sentido em que posso complementar a minha formação académica com o conhecimento in loco do mundo. Há várias formas de um indivíduo ter formação. A mais clássica, e ainda a mais fiável, diz respeito à formação académica dada pelas escolas e universidades. Mas a formação nunca deve ficar por aí. Individualmente, todos devemos investir numa formação pessoal que pode ser obtida através da pesquisa e leitura de livros (e na actualidade na internet). Mas o mundo tem descurado muito a questão da formação no terreno. O mundo é um palco privilegiado para a formação pessoal do indivíduo.
Assim, recordando o dia em que me sentei no Geographer Cafée em Malaca, na Malásia, e percebi como estas duas opções da minha vida, ser geógrafa e ser viajante, afinal eram a mesma, resolvi hoje recordar alguns geógrafos que marcaram a minha vida, entre eles Alexander Van Humboldt.
Alexander Von Humboldt foi uma “personagem” especial. Li a sua biografia recentemente e fiquei maravilhada com a sua paixão pelo mundo. Muito cedo começou a explorar o “seu mundo” em grutas, minas, florestas, caminhos, etc. Depois de completar a sua formação académica arranjou um bom emprego numa empresa mineira ministerial mas um dia despediu-se. Quando questionado do porquê, Humboldt terá respondido “porque tudo isto é muito pouco”. Humbolt decidiu viajar para o Novo Mundo. Estávamos em pleno século XIX. Quando os amigos o questionavam sobre porque não casava, Humboldt respondia “as pessoas só casam quando não têm projectos importantes na vida”. Quanto mais lia, mais fã ficava deste geógrafo.
Alexander Von Humboldt, um dos maiores geógrafos do século XIX, tentou subir o Chimborazo, conhecido como “el techo de Ecuador”, com 6.130 m. Só chegou a 5.900 m de altitude. O Chimborazo é o ponto mais afastado do centro da Terra. A forma ligeiramente elipsoidal da Terra faz com que a distância do centro da Terra ao seu cume seja maior do que a distância do centro da Terra ao cume do Everest. Humboldt explorou este e muitos outros vulcões na América Central e o seu legado perdura ainda. Assim quando, em 2009, fui ao Chimborazo, festejei estar ali onde também Humboldt chegou.
No México, perto de Huasca del Ocampo, o geógrafo Alexander Von Humboldt, descobriu uma paisagem vulcânica ímpar: prismas basálticos no leito de um rio, com várias rupturas de declive por onde a água escorria em cascatas. Quando viajei para o México, em 2012, tinha como uma das minhas prioridades visitar este local e compará-lo com os registos desenhados por Humboldt. Senti-me, mais uma vez, uma privilegiada pela forma como conseguia combinar a minha formação e a minha paixão.
Alexander Von Humboldt (lado direito) e Carl Ritter (lado esquerdo) são considerados os pais da Geografia Moderna. Ambos foram docentes e investigadores na Universidade de Berlim. No entanto, havia uma diferença “brutal” entre os dois. Humboldt era um viajante, percorria o mundo de lés a lés e relatava aquilo que via; Ritter era um “investigador de laboratório”, analisava o contributo das observações dos outros.
Ainda hoje é assim. Continuam a haver dois tipos de geógrafos: os que contam aquilo que viram e aqueles que ouvem. Eu prefiro acreditar que faço parte do primeiro grupo.
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Confesso que invejo a vida de viajante. Já conheço alguns países, mas ainda me falta conhecer tantoooo!!! Nós, geógrafos, acho que temos no nosso ADN esta vontade insaciável de conhecer e compreender o mundo. Abraço espacial!
É verdade, Luís. É como se algo superior chamasse por nós. É algo que não se explica bem, sente-se.
Cumprimentos de um também geógrafo e louco por viagens (ainda me falta um bocado para igualar o vosso número) mas estou a trabalhar para isso 🙂
Humboldt foi também provavelmente o geógrafo que mais me ficou na cabeça das várias cadeiras que tive, mas desconhecia muitas coisas que aqui escreveu
E parabéns pela vitória deste blog apaixonante (depois de ler um vosso artigo do Transiberiano/transmongoliano achei uma nova viagem a fazer um dia). Para já tenho uma volta pelo SEasiático como grande objectivo!
Tenho um blog com desenhos feitos em viagem: http://www.migelsketcher.blogspot.pt
Keep up the work! 😉
Obrigada pelo comentário. Miguel.