Logo a seguir a termos terminado o trek de 4 dias, pegamos na mochila que tinha ficado no escritório do CBT e dirigimo-nos para a estação de autocarros de Karakol, de onde partimos em direcção a Balitchky, uma cidade no extremo oeste do lago Issyk-Kol e ao lago Song Kol. Aí estaríamos já perto do nosso próximo destino, Kochkor, e poderíamos apanhar um táxi partilhado. Voltamos a fazer a estrada norte do lago, mas com melhor tempo e a visão das montanhas a sul do lago, com os cumes cobertos de neve, acompanhou-nos o caminho todo. A qualidade do piso (ou melhor, a falta dela!) é que se repetiu…
Chegados a Kochkor, instalamo-nos numa guesthouse e saímos para tratar daquilo que nos tinha trazido até lá: uma viagem ao lago Song Kol, com pernoita numa yurt e a possibilidade de andar a cavalo. Mais uma vez, acertamos as coisas com o CBT local, fazendo parte do “negócio” para a cidade de Naryn, o transporte do lago, de onde sairíamos para atravessar a fronteira para a China. E mais uma vez, largamos os cordões à bolsa: 80 USD/ pessoa! Esperemos que uma parte significativa deste dinheiro vá mesmo parar à comunidade local…
Ainda tivemos tempo de visitar o bazar local e ir jantar a um restaurante recomendado, mas a comida não era grande coisa… No dia seguinte, partimos para o lago Song Kol.
Inicialmente seguimos pela estrada asfaltada que liga Kochkor a Naryn (e que está a ser reconstruida por companhias chinesas), mas depois viramos para uma estrada em terra batida que nos levaria até ao lago Song Kol. Conforme a estrada sobe, a paisagem montanhosa vai-se revelando. O lago Song Kol situa-se a 3400 m de altitude, rodeado de montanhas, e quando nos aproximamos começa a ver-se yurts e muitos cavalos.
O planalto é bastante extenso (o lago tem uma área de 270 km2) e as yurts encontram-se por vezes muito afastadas entre si. Algumas famílias quirguizes acampam junto ao lago, durante o verão, vivendo essencialmente de turistas que aqui pernoitam. É numa yurt de uma dessas famílias que ficamos alojados, muito perto da margem do lago Song Kol. O tempo está frio e ameaça chover. Decidimos não andar a cavalo, mas um pouco a pé, tentando absorver alguma da serenidade emanada pela paisagem e pela ocupação humana minimalista.
As refeições (almoço, jantar e pequeno-almoço do dia seguinte) estão incluídas no preço e são as ocasiões em que partilhamos do mesmo espaço das 2 senhoras que gerem o sítio, do filho de uma delas e da sua avó. As refeições são todas muito simples, sendo a carne um luxo presente em quantidades diminutas, mas servidas com generosidade e hospitalidade. O nosso motorista serve de intérprete em curtas conversas, mas mesmo ele pouco fala inglês…
O miúdo parece que está com febre e não têm medicamentos para lhe dar; ofereço uma embalagem de Benuron e penso como é sofrida a vida destes resistentes nómadas do século XXI… Não será por acaso que os quirguizes têm um trato superficial algo bruto (digo à Carla, meio a brincar, que os quirguizes se dividem em 2 grupos: as pessoas rudes, do campo, e as pessoas rudes, da cidade!), mas é o calo de uma vida dura e por dentro revelam-se muito boas pessoas.
Depois de uma breve chuva, o céu descobre e o sol do fim da tarde brilha, dando tons fantásticos à paisagem. A Carla delicia-se a tirar fotos… À noite, o recolher à yurt é cedo e temos direito a uma cama de casal (no chão, entenda-se) com 2 edredões quirguizes e aquecimento à base de bosta de cavalo que arde num fogão.
De manhã, o tempo está melhor e a luz rasante do sol intensifica a beleza do que nos rodeia. Depois do pequeno-almoço e de um passeio pelo lago, era tempo de partir.
A estrada para Naryn começa por ser sinuosa e inclinada, altura em que paramos para tirar umas fotos e encontramos 1 casal suíço, montanha acima com um cavalo carregado. Estão a percorrer o Quirguistão e o Tajiquistão… a pé! Há malucos para tudo… Até chegarmos ao entroncamento com a estrada asfaltada, a paisagem é magnífica. Depois, é relativamente rápido chegar a Naryn, não sem antes termos passado por 3 ocidentais de bicicleta, em sentido contrário. Deviam vir da China… Mais uns malucos!
Em Naryn, quase não tivemos tempo para respirar. O CBT local já tinha as nossas permissões de fronteira (tratado previamente por mail) e foi só ultimar os pormenores e pagar. Partiríamos logo a seguir, pela estrada de piso a estrear (graças ao empreendedorismo chinês), ao longo da cordilheira At-Bashy, com destino à fronteira com a China, mas com uma pernoita ainda num campo de yurts junto a um antigo caravancerai de pedra da Rota da Seda. Prometia…
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