Os registos antropológicos e arqueológicos indicam-nos que África é o berço da Humanidade. Desde os seus primórdios, o Homem teve de aprender a conviver com os animais que competiam pela sobrevivência, e com o meio ambiente, nem sempre favorável à propagação da espécie. Teve de aprender a ser furtivo e prudente, quando necessário, mas também a arriscar e confrontar os perigos, quando as circunstâncias assim o exigiam. E algures nesse processo, os nossos antepassados descobriram que a união fazia a força, e que a vida nómada não era um destino fatal. A sedentarização, a agricultura e os laços sociais formaram a base da construção da ideia de cidade, que progrediu ao longo dos séculos até aos nossos dias.
Hoje, estima-se que nas próximas décadas, a população africana (que cresce a um ritmo que é o dobro do resto do mundo) concentrar-se-á maioritariamente em grandes metrópoles. Actualmente, praticamente todas as capitais africanas são exemplos paradigmáticos da pressão demográfica resultante da concentração da população em áreas tão circunscritas e das consequências devastadoras no meio ambiente circundante, sendo o caso mais flagrante o da maior cidade da Nigéria, Lagos, com cerca de 12 milhões de habitantes.
O avanço da espécie humana é o principal inimigo da fauna e flora que tornam este continente único, com a exploração de cada vez mais recursos, e o aproveitamento de cada vez mais terra, num continente que ainda assim é o que tem uma percentagem menor de terra cultivada.
Nairobi, capital do Quénia e lar de cerca de 3 milhões de pessoas, ilustra o choque destas 2 realidades que parecem incompatíveis, o da expansão e o da conservação, mas é também um exemplo que é nessa convivência difícil e desafiadora que devemos apostar, se quisermos deixar um planeta com diversidade animal e vegetal para os nossos filhos e netos. O governo do Quénia, apoiado pelas agências internacionais governamentais e não-governamentais, decidiu apostar precisamente nisso (e também nas previsíveis receitas de turismo), quando criou o Parque Nacional de Nairobi nos anos 40 do século passado.
Mesmo junto às fronteiras da malha urbana, Parque Nacional de Nairobi pode ser visitado por conta própria (sendo no entanto obrigatório embarcar num autocarro do Parque para a visita), ou contratando uma das numerosas agências locais, havendo a possibilidade de combinar com outras visitas na cidade. Foi isso que fizemos, até porque não tínhamos muito tempo.
Para nós o Parque Nacional de Nairobi era o nosso primeiro grande parque natural em África, e foi uma sensação única poder partilhar o mesmo espaço com estes magníficos animais.
E a visão que tivemos de uma majestosa leoa que atravessou calmamente a estrada, alheia ao disparar das máquinas fotográficas dos turistas, e à presença de carros e jipes, fez nascer em mim a esperança num futuro em que o Homem possa conviver em harmonia com todas as outras espécies que connosco partilham este maravilhoso planeta.
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CIRCUITO EM NAIROBI: em visita ao GIRAFFE CENTER e MUSEU KAREN BLIXEN | Quénia
No mesmo dia em que visitamos o Parque Nacional de Nairobi, decidimos incluir no nosso itinerário mais dois destinos nas redondezas. Depois de almoço dirigimo-nos para o “Giraffe Centre”, o nome pelo qual é conhecido o “Africa Fund for Endangered Wildlife (Kenya)”. Criado em 1983, tem como principal missão a educação das crianças quenianas com vista à conservação da vida selvagem, sendo um destino de visita privilegiado das escolas do país.
O Centro acolhe girafas “Rothschild”, fazendo a sua criação em cativeiro (ainda que numa área extensa), libertando as crias para o meio selvagem quando completam 2 anos de idade. Aqui podem observar-se espécimes de muito perto (e ao nível da cabeça, graças à plataforma de observação!), e dar-lhes de comer.
E para as bolsas mais recheadas é possível pernoitar na Giraffe Manor, um hotel de luxo em que a presença próxima das girafas (que podem espreitar pela janela dos quartos mesmo no primeiro andar!) lhe dá um ar de exotismo.
Depois seguimos em direcção ao Museu Karen Blixen, alojado na antiga residência da famosa escritora de “Out of Africa”, obra literária de sucesso que deu origem ao filme galardoado com Óscares, “África Minha”. Actualmente num dos subúrbios mais caros da capital, no início do século passado situava-se no centro de uma fazenda dedicada à produção de café.
Karen Blixen viveu aqui, entre 1917 e 1931, as aventuras e desventuras narradas no livro e interpretadas no filme por Meryl Streep e Robert Redford, tendo regressado à Dinamarca, após a morte do seu amado, e dedicando-se à escrita. Em 1964, já depois da sua morte, a casa foi comprada pelo estado dinamarquês, que a ofereceu ao Quénia como presente aquando da independência.
A fama internacional do filme (1985) ajudou a convencer o governo queniano a transformar a casa num museu e a readquirir alguma da mobília que Karen tinha vendido aquando da sua partida. Há visitas guiadas ao interior da casa e pode sempre desfrutar-se do ambiente calmo das redondezas e da beleza da paisagem, e transportarmo-nos para o passado, repetindo com Karen, “I had a farm in Africa at the foot of the Hills”.
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