Se tivéssemos que escolher apenas um percurso pedestre que simbolize a essência da Serra da Freita, esse percurso seria o da Frecha da Mizarela, uma cascata alimentada pelas águas do rio Caima, apresentando uma altura que ronda os 75 metros, e que é a queda de água mais alta da Europa, fora da Escandinávia e dos Alpes. Englobado nos percursos do Geoparque de Arouca, tem a designação de PR7, “Nas escarpas da Mizarela”, é uma caminhada circular, de 8 km de distância, com início no Parque de Campismo do Merujal. É também possível iniciar o percurso junto do miradouro da Frecha da Mizarela, mas junto do Parque há mais lugares para estacionar o carro. O nível de dificuldade é alto, uma vez que o desnível envolvido é considerável.
Do Parque de Campismo à aldeia da Mizarela, pertencente à freguesia de Albergaria da Serra, o percurso é fácil e rápido. Pare para ver uma pedra lapidar que encontra pelo caminho. Na aldeia, pode comprar-se água e comida, se necessário. Aqui, é obrigatório tirar uma foto no miradouro, por onde o percurso passa.
A seguir, depois do troço de estrada asfaltada, começa uma descida acentuada e é preciso ter cuidado para não se enganar, mantendo-se sempre o mais junto à encosta, à direita de quem desce. Nós enganámo-nos, e descemos até ao fundo, indo ter a umas piócas, ou piscinas naturais, onde se pode tomar banho. Se notar que o percurso segue por aquilo que foi (ou é) uma linha de água, não continue. Mas este detour acabou por ser frutuoso, uma vez que ficamos a conhecer as piscinas, e tivemos uma visão privilegiada da cascata vista de baixo. Mas a seguir, tivemos de transpirar para regressar ao trilho original, pois a subida é acentuada (esta parte será pouco aconselhável no Inverno pois torna-se perigosa devido ao gelo e água que tornam as rochas muito escorregadias). Vale a pena, mas conte com uma hora de desvio (ida e volta), sem contar com o tempo de permanência nas piscinas.
De volta ao trilho, descemos em direcção à aldeia da Ribeira, e as vistas sobre a Frecha são maravilhosas, mas o caminho segue pela encostas abruptas e é necessário ter muito cuidado e, para quem tem vertigens, não olhar para o declive (embora a vegetação tape quase sempre a visão integral do desnível).
Esta secção do trilho tem as mais belas vistas da Frecha da Mizarela.
Embora o percurso possa ser feito tecnicamente durante todo o ano, não aconselhamos a que seja feito durante o Inverno, pois esta parte da serra fica sujeita a baixas temperaturas e condições meteorológicas imprevisíveis, com queda de neve e formação de gelo, assim como de nevoeiro, o que pode dificultar em muito a orientação e pôr em causa a segurança dos caminhantes. Nos sectores mais complicados existem correntes presas que ajudam a segurança.
Chegando à aldeia da Ribeira, um pequeno núcleo de casas e que parece ainda ter habitantes (embora não tenhamos visto nenhum), estamos mais ou menos a meio do percurso. Aqui paramos para almoçar junto à ribeira, num ambiente muito agradável e refrescante. A partir daí, é sempre a subir!
Uma subida gradual, com algumas partes mais acentuadas, que exige um ritmo certo, sem esforços desnecessários, e algumas pausas para recuperar o fôlego e beber água. Algures na subida, voltam a existir correntes para auxiliar os caminhantes. Quase no cimo da encosta, atravessamos uma pequena ponte de madeira, frente à Cascata da Ribeira da Castanheira. Dali já se via a aldeia da Mizarela, e se tinha uma visão integral da serra.
Mais acima, o percurso passa por terreno com menos vegetação, por onde passa um filão de quartzo e onde se pode observar belos espécimes desta rocha esbranquiçada brilhando ao sol, e de onde se tem um panorama do vale, sendo que a visão, num dia claro, se estende até à Ria de Aveiro e, mais ao fundo, o Oceano Atlântico!
A partir dali, o desnível é pouco acentuado, e vamo-nos aproximando da aldeia da Mizarela e da zona do Parque de Merendas. Passa-se por novas correntes antes de alcançar o rio e a aldeia da Mizarela.
Aqui também fizemos um pequeno desvio, para tentar ver a cascata de cima, mas não se consegue. Voltando para trás, atravessamos o rio Caima saltando por cima de pedras e descansamos nas margens, antes de voltar ao Parque de Campismo. Ao todo, contando com os desvios, o nosso percurso demorou cerca de 5 horas e, apesar de cansados, estávamos plenamente satisfeitos com a visão que tínhamos tido da Frecha da Mizarela, com o contacto com a aldeia, e com a nossa exploração da belíssima Serra da Freita. É definitivamente um dos percursos pedestres mais bonitos de Portugal.
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Se pretende explorar bem a Serra da Freita veja aqui as nossas dicas.
Se está a pensar fazer os Passadiços do Paiva não perca este nosso post.
Se procura em lugar encantado na Serra da Freita visite a aldeia de Drave.
Boa tarde!
Obrigado pelo vosso report. Fotos fantásticas!
Gostaria muito de encontrar as piocas onde foram parar (farei a caminhada no 10 de Junho). Pela vossa descrição, parece ser mesmo “na base” da cascata, perto das coordenadas
40°51’43.5″N 8°17’02.4″W . Quando visto por satélite no Google MAPS, logo após ao desvio da estrada parece haver um bosque que desce para Este em direcção ao rio, que em si mesmo é um desvio ao PR7.
Agradeço a ajuda!
Cumprimentos
Sim, é isso mesmo. na descida por baixo do miradouro.
Olá! Estou muito interessada neste trilho. E gostei muito de ler a descrição do pequeno desvio/engano no percurso que vos levou a conhecer as piscinas naturais! Por acaso não me conseguem dar as coordenadas desse sitio? Quero lá ir amanhã! 🙂 obrigada pelo post. Parabens pelo blog
Não tenho as coordenadas mas basta descer o trilho até ao fundo. 😉
Olá. Parabéns pelo blog, trabalho fantástico.
Tenho uma dúvida quanto a este trilho. Como é costume, a minha equipa de caminhada é composta por mim, pela minha namorada, e 2 cadelas!!!
As cadelas estão habituadíssimas a caminhadas mas tenho sempre receio nestes percursos.
Será razoável ou arriscado levá-la?
Obrigado.
Depende das cadelas. Tive uma lavradora que faria este trilho sem problema. 😀
Boa tarde, achei o post bastante interessante, estou a pensar visitar em breve. Gostaria de saber se o caminho até fechar à cascata é muito difícil, pois vou levar comigo uma criança de 11 anos!
Obrigada e parabéns!
Acho um bocado puxado, mas depende sempre da experiência da criança. Se estiver habituada a caminhar e a subir pode ser exequível.
Obrigada! A criança já fez os Passadiços do Paiva com cerca de 9 anos
Boa!
Mas é muito mais difícil…