As previsões atmosféricas davam uma janela de bom tempo no Corvo para sexta-feira.
– Os próximos dias vão ser bastante maus. O estado do mar vai estar impossível para travessias. Se quiserem ir ao Corvo tem que ser já!
Era meia-noite quando telefonámos para uma agência local e marcámos viagem para o dia seguinte.
De manhã, a Fajã Grande acordou completamente nublada. Saímos da Casa das Cascatas sem grande esperança de ver muita coisa no Corvo. A caminho do porto das Poças o tempo continuava coberto por nuvens e só quando descemos para a parte oriental da ilha das Flores começou a abrir ligeiramente.
Em Santa Cruz das Flores, em frente à igreja, conhecemos um casal de Gaia, Vítor e Sandra, com quem partilhamos parte do dia. Talvez um encontro abençoado já que sempre que nos encontramos ao longo do dia o tempo abriu e nos exibiu as belezas escondidas das Flores e do Corvo.
Passeio de barco das Flores ao Corvo
O dia começou com um passeio de barco pela costa leste e norte da ilha das Flores. O sol a medo lá foi aparecendo e poucos minutos depois exibia os mais belos recantos geomorfológicos da ilha: grutas, formações vulcânicas diapíricas, prismas basálticos, ilhéus de lava solidificada, lavas encordadas, etc. Parecia um manual, um livro aberto, ao vivo e a cores, no qual se podia ler as linhas talhadas pelo tempo e pela actividade vulcânica da ilha.
O barco transportava cerca de 20 pessoas e ia entrando e saindo nas grutas, rendidos à sua beleza. Os ilhéus parecem erguer-se do mar, como mãos de gigantes que tentam abraçar os céus. Mas a jóia da costa leste da ilha, é uma magnífica formação vulcânica de prismas basálticos em leque, como o Pico Ana Ferreira, na ilha do Porto Santo, ou a Calçada de Gigantes, na Irlanda.
Mas a viagem tinha que seguir em direcção à ilha do Corvo, do outro lado do canal. Navegando a favor da corrente o mar até parecia tranquilo, com as gaivotas indicando-nos o caminho. Lá à frente, o Corvo. Parecia estar nublado. Com um capacete de nuvens instalado sobre a ilha.
Explorando a Ilha do Corvo
45 minutos depois chegávamos ao Corvo. Tínhamos 3 horas para explorar a ilha. Saímos junto com o Vítor e a Sandra e quando tentávamos arranjar uma carrinha para nos levar ao Caldeirão tivemos uma proposta:
– Pelo mesmo preço, 5€/pessoa, vão os 4 de carro. Querem sair já?
– Sim, respondemos.
O que não sabíamos é que nos passariam o carro para as mãos, com chave, para sermos nós a conduzir.
– Nós queremos ficar lá em cima e descer a pé. Como fazemos depois? – Perguntou o Rui.
– Não se preocupem, só vivem 400 pessoas no Corvo e ninguém o leva. Deixam ficar o carro na cratera com a chave que depois alguém vai buscá-lo.
Com o Rui ao volante, subimos encosta acima, sempre com o nevoeiro como companhia. O carro teimava em não deixar entrar as mudanças, talvez estranhando o condutor, mas a verdade é que nos levou direitinhos até ao cume. Quando chegamos ao Caldeirão gritamos todos:
– WOW!
O tempo estava limpo e conseguia-se ver o Caldeirão do Corvo. Saímos a correr do carro, levados pela excitação do momento. Aproveitámos para tirar fotografias e eternizar o momento. Não resistimos e descemos à caldeira. Sabíamos que o tempo não dava para tudo o que queríamos, mas lá fomos. Há dois trilhos no Corvo que queríamos fazer, o PR2, no Caldeirão, e o PR1, que desce pela Cara do Índio, junto à costa da ilha até à Vila do Corvo. O primeiro demorava 2h30 e o segundo 1h30. Assim, muito rapidamente, decidimos fazer parte do primeiro e depois descer a pé pelo segundo. Foi claramente a melhor opção.
Descemos ao Caldeirão do Corvo, iluminado pelos raios de sol envergonhados mas que nos fez parecer aquele lugar um dos mais belos do mundo. Se o sol o exibisse em pleno, teríamo-nos ajoelhado a seus pés.
Aproveitámos para usar o drone, a medo, porque o vento estava um pouco forte. Vamos ver o que vai sair dali. Hoje foi o nosso primeiro dia do drone por isso, tudo o que sair dali será bom. Subimos em direcção à borda da cratera, onde apanhámos uma boleia até ao final do asfalto para apanhar o PR1.
O tempo estava agora completamente nublado e quase não se via o caminho. A determinada altura, perto da estátua de Santo António perdemos as marcas do trilho. Felizmente vimos umas pessoas a caminhar entre o nevoeiro e conseguimos ver por onde nos devíamos dirigir.
Dali para a frente, o trilho estava sempre bem marcado e mesmo com nevoeiro, as marcas são visíveis a curta distância. Infelizmente não conseguimos ver a Cara do Índio, já que as nuvens cobriam completamente as falésias em direcção ao mar. Mas, felizmente, conseguimos uma bela aberta sobre a Vila do Corvo enquanto descíamos.
Chegámos ao barco 1 minuto antes da sua partida, tendo quase corrido pela rua da Matriz abaixo de forma a não perdermos o último transporte do dia em direcção às Flores. Agora o mar estava bastante mais agitado e o vento levantava as vagas, fazendo saltar o barco. O Corvo tinha sido uma bela descoberta e vínhamos completamente satisfeitos com a nossa experiência.
De novo na Ilha das Flores
Quase uma hora depois chegámos à ilha das Flores. Despedíamo-nos dos nossos companheiros do dia e fomos às compras. “O barco que abastece a ilha chegou ontem pelo que os supermercados amanhã têm comida”, disse-nos um senhor no dia anterior. Sendo assim, era dia de fazer compras. Comprar fruta e legumes e alguns produtos regionais para nos fazerem companhia durante os trilhos dos próximos dias. Foi isso que fizemos. Aproveitámos ainda para dar uma volta pela ilha e esperar pelo final do dia num restaurante a ver o pôr-do-sol, claramente a melhor opção gastronómica da ilha (pelo menos até agora), provando morcelas, linguiças, lapas, inhames, batata doce e torresmos caseiros. Tudo acompanhado por vinho do Pico.
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Veja as crónicas da nossa viagem à ilha das Flores aqui
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- Crónicas da Ilha das Flores – Açores | Dia 2 – Vamos até ao Corvo!
- Crónicas da Ilha das Flores – Açores | Dia 3 – Pelos trilhos da ilha
- Crónicas da Ilha das Flores – Açores | Dia 4 – As Festas do Espírito Santo
- Crónicas da Ilha das Flores – Açores | Dia 5 – Presos na ilha!
- Crónicas da Ilha das Flores – Açores | Dia 6 – O regresso
Bom dia, com que agência fizeram o passeio?
Há duas boas opções. Vamos colocar no artigo das dicas.