Bem no centro das Terras Altas da Papua Nova Guiné (PNG), Mt Hagen é a cidade a partir de onde se pode explorar a região e conhecer as tribos das montanhas centrais, em particular as tribos de Mount Hagen e Huli, famosas pelas suas demonstrações efusivas de fatos e perucas (wigmen), assim como de pinturas corporais.
Em Mount Hagen
Mt Hagen é a capital da província das Terras Altas Ocidentais (Western Highlands), e é a terceira maior cidade da PNG, atrás de Lae, que não visitámos, e Port Moresby, a capital, e onde iríamos acabar a nossa viagem pela PNG. É uma cidade feia, industrial, e maior centro económico da região, atraindo muitas pessoas em busca de uma vida melhor, mas que depois não conseguem adaptar-se ao meio citadino e acabam a vaguear pelas ruas, aparentemente sem nada para fazer. Como noutras cidades da PNG, o centro da cidade é compacto e onde se concentram as principais instituições, como bancos e supermercados, assim como os hotéis principais. Em Mt Hagen, o hotel de referência para estrangeiros é o Highlander Hotel.
Mt Hagen é uma cidade onde é preciso ter cuidado, pois os turistas podem ser um alvo preferencial de assaltos, especialmente à noite. Além disso, a cultura tribal da população, profundamente enraizada, faz com que a violência entre tribos possa eclodir a qualquer momento, embora esta não seja direccionada para os forasteiros.
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A cultura de perucas das tribos de Mount Hagen (Huli Wigmen e Hagen Wigmen)
Como não tínhamos nada em particular para visitar na cidade de Mt Hagen, resolvemos dar preferência à exploração da região em redor e das suas aldeias. Ali, em conjunto com uma agência local, delineamos um plano que nos permitiria conhecer as tribos Huli e Hagen, visitando duas aldeias.
Na cultura das tribos de Mount Hagen, o papel e estatuto da mulher e do homem são muito distintos. De tal forma que não é costume viverem juntos. Os rapazes são retirados da casa da mãe quando atingem os 10 anos de idade e passam a viver com os pais, que lhes ensinam as artes da caça e da construção de cabanas.
Antes de se casarem, na adolescência, os rapazes começam a criar cabelo para fabricar a sua peruca, símbolo de estatuto social e de maioridade. Têm cuidados na alimentação para promover a saúde do cabelo, e dormem com um descanso na cabeça para não amassar o cabelo. Depois de cortado, o cabelo é incorporado na peruca, que será adornada com penas coloridas. Estão prontos, então, para procurar mulher e estabelecer família própria.
HAGEN WIGMEN – As tribos de Mount Hagen
Fomos conhecer as tradições das tribos de Mount Hagen visitando uma aldeia a cerca de uma hora de caminho de Mount Hagen, na estrada que segue para Wabag, na província de Enga. A aldeia de Paiya fica num vale, rodeada de campos cultivados, e tem um espaço onde os aldeões costumam exibir os seus costumes e os seus produtos aos visitantes.
Nós fomos com a companhia de um homem que nasceu nessa aldeia, mas que agora vive e trabalha em Mount Hagen. Isso permitiu-nos ter acesso ao chefe da aldeia, com quem estivemos, e que conhecemos em conjunto com três das suas mulheres. O poligamismo é aceite nesta sociedade, e o número de mulheres que se tem é símbolo de estatuto social (assim como o número de porcos!).
Eles vestiram-se com trajes tradicionais, sendo que as mulheres exibem perucas com tranças, colares com conchas e saias feitas de palha. Estão descalças e exibem os seus seios desnudos. Ao pescoço, uma delas tinha uma peça feita de argila com uma concha marinha.
O chefe da aldeia pinta a cara de preto e branco, e exibe uma peruca adornada com penas de casuar e aves-do-paraíso. Ao pescoço, tem um colar de bambu, cujas contas simbolizam o número de porcos que já matou.
A seguir, outro conjunto de homens e mulheres (Sing Sing Women) executam uma série de danças e canções, ao ritmo da batida de tambores. Neste caso, as mulheres têm a cara pintada de branco e vermelho e exibem ao pescoço colares com búzios. As suas coroas são fabulosas, com penas multicoloridas, provenientes de pássaros de várias espécies presentes na floresta equatorial.
No final, parte da aldeia veio ter connosco e pudemos trocar algumas palavras (com ajuda do intérprete-guia-motorista). Tivemos ainda oportunidade de admirar algum artesanato e a Carla não resistiu a comprar uma peruca para acrescentar à colecção de chapéus de todo o mundo que temos em casa! Terá de ser expedida por correio para Portugal…
No final, fizemos voar o drone e fizemos as delícias dos miúdos. O vale é muito bonito, e a vegetação de altitude faz lembrar os Alpes, mas o tempo estava bastante nublado por isso algum do brilho da paisagem estava ofuscado.
HULI WIGMEN – Os homens peruca da tribo Huli
A tribo Huli é originária da região de Tari, na província de Hela, mais a ocidente do que a província das Terras Altas Ocidentais, onde fica Mount Hagen. Mas como nós não tínhamos tempo de visitar a província de Hela, resolvemos visitar uma aldeia perto de Mount Hagen, onde vivem pessoas da tribo Huli que se deslocaram para ali.
Mantêm orgulhosamente as suas tradições, em particular a pintura corporal e a exibição de perucas e adereços que prestam homenagem ao ambiente, em especial as aves-do-paraíso e as suas plumagens exuberantes. Há diferentes tipos de perucas, aquelas usadas pelos miúdos, as tradicionalmente usadas pelos adultos no dia-a-dia, e as mais ricas, apenas usadas em cerimónias especiais ou festivais.
A preparação das vestimentas e do corpo é um processo lento e muito interessante de se observar. A cara é pintada de vermelho e amarelo (que se tornaram as cores da bandeira nacional), e as perucas são adornadas com penas de casuar. Ao pescoço, usam colares com ossos ou bicos de pássaros, e com conchas (compradas ou trocadas na costa) e à cintura usam um cinto decorado também com penas. Atrás do rabo, atam uma cauda de folhas que se assemelha à cauda de um pavão (mas menos colorida). A pele, no peito e costas, é molhada com gordura de porco para a tornar mais brilhante e suave. Alguns homens huli exibem o talo de uma pena de casuar atravessado no nariz.
Depois de prontos, os homens cantam e tocam tambores, saltando ao ritmo das batidas. É uma manifestação cultural lindíssima, que a tribo Huli tem preservado com brio ao longo dos séculos, e que agora mostra aos visitantes com orgulho. Partilhar do mesmo espaço da tribo Huli e presenciar momentos tão únicos é verdadeiramente um privilégio e algo a não perder numa viagem na PNG.
Este artigo foi realizado durante a nossa viagem de Volta ao Mundo em 2019/2020. Dias 149 a 151 – As TRIBOS DE MOUNT HAGEN, os Huli Wigmen e os Hagen Wigmen | Papua Nova Guiné (Novembro 2019)
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Olá! Estou a planejar uma viagem à PNG para visitar as tribos locais. Como fizeram para encontrar uma agencia em Mt Hagen? Foi simples, ali na hora, ou fizeram contacto anterior? Lembra-se de qual agencia? Obrigado!
Márcio, tens os contactos das agências que usamos neste guia que podes adquirir aqui. https://www.viajarentreviagens.pt/downloads/guia-de-viagem-papua-nova-guine/
Que maravilha de paisagens, adereços e Gente ! Obrigada pela partilha tão enriquecedora.
Felicidades .
Obrigada