Não o costumamos fazer; aliás, até foi a primeira vez que o fizemos; mas devido ao constrangimento de tempo, e depois do nosso périplo pelo norte de Omã, tomámos um voo interno de Muscate para Salalah, em Omã. Desta forma, ganhávamos algum tempo, que poderíamos dedicar a conhecer melhor o sul de Omã. Mesmo assim, tínhamos apenas três dias, um para conhecer Salalah, a principal cidade no sul do país, e mais dois que acabaríamos por decidir dividir entre o deserto e a estrada costeira na direcção do Iémen.
Quando chegámos a Salalah, sentimos logo um ambiente diferente. A cidade tem um ar distintamente tropical, com a proximidade da água azul-turquesa e decorada por palmeirais que parecem se estender sem fim. Dirigimo-nos para o nosso hotel, Muscat Internacional Hotel Plaza, mesmo em frente à Grande Mesquita, mas saímos logo de seguida, por volta do meio-dia. Era Sexta-Feira, e quase ninguém andava na rua. As lojas estavam fechadas e o calor fazia-se sentir. Os únicos locais onde se via movimento ocasional eram as mesquitas. Junto do nosso hotel, tínhamos a oportunidade de visitar a Mesquita Sultan Qaboos, que leva o nome do actual monarca de Omã (o governante árabe há mais tempo no poder, desde 1970), e que nasceu em Salalah. Aliás, o pai de Qaboos, Said bin Taimur, era sultão de Muscate e Omã, mas o seu longo reinado não agradava à maior parte da população, pois os dividendos da exportação de petróleo não se traduziam em quaisquer tipos de infra-estruturas no país, que tinha, antes de 1970, índices de desenvolvimento extremamente baixos. Qaboos depôs o pai, unificou as tribos da nação e desenvolveu o país. Hoje é uma figura extremamente popular, como pudemos comprovar.
Queríamos visitar a mesquita, mas tal não foi possível. Às Sextas-Feiras, não é permitido o acesso a não-muçulmanos (como é que eles sabem que não o somos?), por isso ficámo-mos pelo exterior, admirando a arquitectura (moderna) do edifício, e o movimento de homens, mulheres e crianças que entravam e saíam, nas suas melhores roupas de Sexta-Feira.
Como o calor apertava, regressámos ao hotel, e saímos só mais perto do final da tarde. Começámos por explorar a parte da cidade junto ao mar, e junto do Palácio do Sultão, A’Bahri St (Corniche), onde uma praia belíssima com água azul-turquesa nos recebeu de braços abertos, sem ninguém à vista, com uma excepção. Mais uma vez, só havia movimento nas mesquitas, junto à areia, onde os fiéis entravam e saíam.
Logo ao lado, encontra-se o souk do franquincenso (ou olíbano), ou o mercado das especiarias, também conhecido por Al Husn Souk. Apesar de se vender variados produtos, tais como os chapéus tradicionais, são os fumos do franquincenso a arder que dominam a atmosfera e transmitem um ar enigmático e exótico ao mercado. O franquincenso é uma resina aromática que, para além do perfume que liberta quando em combustão, tem imensas aplicações na medicina.
Centenas de anos antes de os portugueses chegarem à península arábica, o comércio de franquincenso dominava as trocas comerciais neste zona, sendo que era exportado, principalmente para a Índia, através do porto da cidade de Salalah, Al Baleed. As ruínas de Al Baleed podem ser visitadas, onde também se encontra o Museu da Terra do Franquincenso (classificada como Património da UNESCO em 2000). O complexo arqueológico apresenta as fundações daquela parte da cidade, que floresceu entre os séculos VIII e XVI, que se pode percorrer num carrinho eléctrico, observado as muralhas defensivas, as mesquitas, e as protecções contra as marés. Um mundo desaparecido, após um completo realinhamento das rotas comerciais, impulsionado pelos descobrimentos portugueses.
Seguindo junto ao mar, dirigimo-nos para a zona das praias mais a leste, como a praia de Ad Dahariz. Aí, aproveitámos para nos sentarmos um pouco e bebermos uns sumos naturais maravilhosos. Foi aí também que conhecemos o Mussallem e com quem combinámos um tour (caríssimo) para o Empty Quarter, com dormida no deserto, e exploração da região de Dhofar para os dois dias seguintes. Após o pôr-do-sol, era tempo de regressar ao centro da cidade.
À noite, saímos para explorar um pouco da Salalah nocturna, e o movimento era completamente diferente. O calor tinha acalmado, e as pessoas saíam à rua para fazer a sua vida, as lojas e restaurantes abriam, e a cidade parecia outra. A grande comunidade de emigrantes fazia-se sentir, principalmente a comunidade indiana e paquistanesa. Para não variar, as mulheres omanitas não se viam. É assim a sociedade omanita.
No dia seguinte, iríamos iniciar o nosso périplo pela região de Dhofar e em direcção ao deserto arábico.
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