Faz hoje exactamente 500 anos que Fernão de Magalhães partia de Sanlúcar de Barrameda, ao serviço da coroa espanhola e ao comando de uma frota de cinco navios, naquela que viria a ser a primeira viagem de circum-navegação do mundo. A 20 de Setembro de 1519, iniciava-se uma epopeia, uma viagem épica, cheia de intriga e política, mas também de superação pessoal, descoberta cultural, e desenvolvimento do conhecimento científico.
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Fernão de Magalhães
Filho de um cavaleiro fidalgo do Porto, cedo Fernão de Magalhães se lançou à aventura e à descoberta de novas terras. Viveu em Goa e Cochim, e participou na conquista de Malaca, em 1511. Visitou as ilhas de Banda e Ambom, famosas pela produção de especiarias, tendo regressado a Lisboa em 1513.
Caído em desfavor da coroa portuguesa, Fernão de Magalhães começou a sonhar com um projecto ambicioso, viajar pelo Ocidente, em mares fora da jurisdição portuguesa (ao abrigo do Tratado de Tordesilhas), passar do “Mar Oceano” (Oceano Atlântico) para o “Mar do Sul” (Oceano Pacífico), e chegar às ilhas Molucas, que poderiam pertencer ainda à metade do mundo “pertencente” à Coroa de Castela.
O seu grande amigo (e primo?) Francisco Serrão tinha chegado à ilha de Ternate, nas Molucas, onde tinha casado e trabalhava como conselheiro militar do sultão. As cartas deste para Fernão de Magalhães aguçaram-lhe ainda mais a curiosidade e a certeza de que este projecto tinha pernas para andar. Com a ajuda do cosmógrafo Rui Faleiro, apresentou o projecto em Sevilha, conseguindo mais tarde a aprovação do rei Carlos I de Espanha. Estava lançada a maior aventura no mar até então realizada.
O julgamento da História
Curiosamente, Fernão de Magalhães é uma figura histórica mal-amada, tanto por portugueses como por espanhóis. Era um português a trabalhar para a Coroa espanhola, por isso mal visto, já na altura, pelos dois lados. Os tripulantes espanhóis suspeitavam das suas intenções e tinham medo que os levasse para uma morte certa no fim do mundo conhecido. A coroa portuguesa, por seu lado, tudo tentou fazer para que a sua missão não fosse bem sucedida, inclusive ordenando a sua prisão.
Mas o que contribuiu mais para que Fernão de Magalhães não tivesse recebido o reconhecimento e mérito que merecia foi o facto de que não levaria o seu projecto até ao fim, pois não sobreviveria à viagem, cabendo a um espanhol, Juan Sebastián Alcano, a honra de comandar a primeira circum-navegação do globo, à chegada a 6 de Setembro de 1522, praticamente três anos depois da partida.
No entanto, a nível global, a figura de Magalhães acabou por se impor. A sua determinação, coragem, conhecimentos e intuição eram por demais evidentes para que o seu nome não fosse recordado e devidamente reconhecido. Os que se lhe opuseram já há muito foram esquecidos, mas Fernão de Magalhães continuará a figurar como uma das figuras cimeiras daquela época em que se deram a conhecer novos mundos ao mundo.
Fernão de Magalhães e nós
Para nós, a figura de Fernão de Magalhães foi sempre inspiradora, especialmente quando percorremos a Patagónia argentina e chilena, perto do Estreito que agora leva o nome de Magalhães.
Mas este ano de 2019 também é especial para nós, pois estamos a fazer a nossa Volta ao Mundo, muito diferente da de Magalhães, claro, mas sempre inspirada pela viagem comandada pelo grande explorador.
Actualmente, estamos na Indonésia, na ilha das Flores (assim baptizada pelos marinheiros portugueses), mas iremos viajar para as ilhas Molucas e, mais tarde, para as Filipinas, e estaremos no local onde Fernão de Magalhães foi morto.
Por último, atravessaremos o grande Oceano Pacífico, e mais uma vez testemunharemos a loucura e bravura daqueles que, há 500 anos, se lançavam por mares nunca dantes navegados.
Ao longo da nossa viagem, voltaremos a escrever sobre Fernão de Magalhães, o comércio das especiarias e a descoberta de novas terras e gentes. Por agora, fica aqui esta breve e simples homenagem a um homem singular, cujo nome certamente perdurará nos séculos que se seguirão.
É um prazer seguir o vosso blogue! Continuem a fazer o bom trabalho que têm feito a despertar interesse e curiosidade por esse mundo fora!
Obrigada, Marlene.
Muito bom, o vosso trabalho!
Muito obrigada.