Exploração das GRUTAS DE GELO do GLACIAR LONGYEAR em Svalbard | Noruega
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O comum dos mortais sonha ver um glaciar, testemunhar essa maravilha da natureza, majestosa e avassaladora. Eu, investigadora na área da Geomorfologia glaciar, sonho entrar dentro de um glaciar e explorá-lo por dentro, fazendo assim uma espécie de “terapia invasiva”. Foi isso que fiz no glaciar Longyear.
O glaciar Longyear localiza-se a poucos quilómetros a sudoeste da cidade homónima e tem origem no Fjellet, uma montanha com pouco mais de mil metros de altitude. A esta latitude, mais de 78ºN, os glaciares são os elementos dominantes da paisagem, ocupando grande parte dos vales do arquipélago de Svalbard.
Durante a estação de verão, o glaciar Longyear é facilmente acessível num pequeno trek a partir da cidade. Agora, no final de Março, as ruas estão completamente geladas e vidradas, e os vales e vertentes estão cobertos por espessas camadas de gelo e neve. O branco é, portanto, a cor omnipresente. O glaciar Longyear está inclusive coberto de neve e é impossível, para quem não conhece a área, perceber onde começa. Para explorar o glaciar Longyear por dentro, recorremos aos serviços de uma empresa “líder” do mercado nas Svalbard: Spitsbergen Travel, que oferece tours às grutas no gelo glaciar. Esta parecia uma excelente oportunidade para descobrir como funciona um glaciar por dentro.
Os dias tinham andado nublados e por isso resolvemos fazer a visita da parte da tarde. Seguimos num “snow cat“, um veiculo todo o terreno preparado para percorrer o vale gelado e coberto de neve, circulando lado a lado com as motas de neve. O snow cat sobe a montanha sem dificuldade aparente e em cerca de meia hora estamos num iglô de gelo construído sobre o glaciar Longyear, a entrada todos os anos improvisada para aceder à gruta de gelo. O glaciar está coberto de neve e os praticantes de ski passam velozmente ao nosso lado, descendo a montanha.
Integramos um grupo de 10 turistas, todos noruegueses, com excepção deste casalinho “tuga”. Devidamente equipados, com roupa bem quente, luvas, botas térmicas e crampons, entramos no iglô e descemos por um acesso estreito para a gruta.
Na realidade, não é bem uma gruta. Do ponto de vista técnico, aquilo que nós visitamos são canais de escorrência das águas proveniente da fusão do glaciar no Verão. À medida que as temperaturas aumentam nos meses de verão, o glaciar vai perdendo massa superficial por sublimação (passagem da água do estado sólido para gasoso) mas especialmente por fusão (passagem da água do estado sólido para líquido). Parte dessa água circula superficialmente no glaciar, mas uma parte significativa abre cavidades verticais, designadas moulins, e infiltra-se no interior do glaciar, circulando em canais internos no gelo até alcançar uma saída na frente do glaciar ou na base. O que nós fizemos foi entrar num desses canais e percorrer os seus cerca de 400 metros de comprimento.
Como já disse, para o comum dos mortais esta é uma visão dos deuses. Para mim, esta foi uma experiência “in loco” de muito do que já tinha lido e estudado em livros. Na minha investigação nos glaciares dos Andes não consegui encontrar canais de escorrência de água endoglaciar uma vez que os glaciares eram maioritariamente rochosos e estas formas são pouco comuns e muito difíceis de detectar.
Ao longo do canal, as paredes apresentam-se completamente polidas pela acção da água que escavou este local maravilhoso. É possível ver os detritos rochosos no interior do gelo completamente envolvidos pelo glaciar, normalmente associados a níveis mais vítreos, fazendo parte da carga que o glaciar Longyear transporta. Algumas destas rochas apresentam fósseis marinhos e de plantas, o que pode contribuir para auxiliar a datação da deposição do material no glaciar.
Todos parecem empolgados com a visita. Mas, há definitivamente dois portugueses no grupo que demoram mais tempo, fazem muitas perguntas e tiram imensas fotografias. É inevitável! As duas guias norueguesas que nos acompanham são bastante simpáticas e esclarecem-nos sempre que podem, dando-nos tempo suficiente para satisfazermos as nossas dúvidas e captar aquela fotografia cada vez mais preciosa ao virar da esquina.
No final do tour tivemos direito a uma paragem breve com vista sobre a cidade de Longyearbyen para beber um chá quente e um sumo de frutos vermelhos aquecido que é muito típico das Svalbard. Deu para aquecer o estômago, ajustar a temperatura do corpo e até dar forças para encetar uma conversa animada com uma família norueguesa que nos acompanhava. O facto do tour ser feito com transporte em Snow Cat faz com que esta visita esteja ao alcance de toda a gente.
ONDE DORMIR
Há vários tipos de alojamento na cidade e a sua opção será o que determinará parte do seu orçamento quando visitar Svalbard. A área mais perto do porto é onde se localizam os principais hotéis, próximos de todos os serviços e agências de viagem. Os preços destes hotéis são mais caros. Na parte sul da cidade, no cimo da rua principal e a cerca de 20 a 30 minutos a pé do centro, localizam-se as guesthouses mais económicas mas ainda assim com tarifas que rondam os 100€/noite o quarto duplo. As melhores opções de alojamento na cidade são:
Geógrafa com uma enorme paixão pelas viagens e pelo mundo. Desde muito cedo que as viagens de exploração fazem parte da sua vida. A busca do conhecimento do mundo leva-a em direcção a culturas perdidas e ameaçadas, tentando percebe-las. Hoje é também líder de viagens de aventura na Nomad.
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