Era o nosso último dia em Tromso. Tínhamos voo para Oslo às duas e meia da tarde, por isso tínhamos só a manhã para os últimos cartuchos. Não tínhamos, assim, tempo para uma actividade de longa duração. Mas queríamos aproveitar ao máximo o tempo que tínhamos na região. Sendo assim, decidimos que iríamos tentar uma actividade nova para nós, uma caminhada usando raquetes de neve. As raquetes de neve são usadas, desde há milhares de anos, pelos povos do norte, tanto na Ásia, como na América do Norte, tal como o povo Sámi, e mais recentemente pelos exploradores polares. Originalmente feitas de pele de animais e madeira, hoje são feitas de metal leve ou plástico, e a sua função é distribuir o peso da pessoa por uma área maior do que a do pé, e impedir o afundar do pé na neve fofa. Têm uma estrutura aberta e em rede, para permitir que a neve não se acumule, pesando e dificultando a progressão.
Para fazer esta actividade, escolhemos a Tromso Outdoor, uma empresa dedicada à organização de actividades na neve e ao aluguer de material específico para essas actividades. A Tromso Outdoor tinha disponíveis várias actividades de Inverno, inclusive uma caminhada em raquetes de neve mais longa e mais exigente, na ilha de Kvaloya, mas demorava cerca de 5 horas e para nós não era possível. Por isso, escolhemos a caminhada mais curta (2 horas), na ilha de Tromso, até porque somos principiantes no uso de raquetes de neve. É uma actividade que pode ser feita em família, até porque a área que percorremos é uma espécie de Parque da Cidade de Tromso. O ponto de encontro foi à porta do Radisson Blu Hotel, onde conhecemos os nossos guias, ambos jovens alemães, e ambos estudantes, que aproveitam estes trabalhos em part-time para ganhar dinheiro.
Depois de uma pequena viagem de carro até ao topo da ilha de Tromso, aprendemos a colocar as raquetes de neve, e começámos a caminhar em direcção à floresta. Tínhamos a companhia de um casal americano de meia-idade. Os guias eram muito simpáticos, e iam dando informações sobre a cidade e a região quando parávamos para tirar fotografias. A floresta era muito bonita, com a neve como constante no cenário. A claridade da manhã e os tons laranjas do céu complementavam a paisagem. Dali a uma semana, os habitantes de Tromso iriam ver o sol pela primeira vez em dois meses, mas por enquanto apenas a claridade se vislumbrava no horizonte. As vistas para a ilha montanhosa de Kvaloya (em norueguês, ilha das baleias) de um lado, e para o continente, de outro, eram espectaculares.
Durante a caminhada pudemos comprovar a popularidade do esqui nórdico na Noruega, e em particular na região de Tromso. É praticado por todos, jovens e não tão jovens, de forma recreativa ou de forma profissional, sendo que a Noruega é a líder destacada nas medalhas olímpicas. O esqui nórdico é caracterizado pelo facto do calcanhar da bota não estar fixado ao esqui, e os percursos serem realizados em terreno plano, ao contrário do esqui alpino. As duas modalidades mais populares são o esqui cross-country e o biatlo, que combina tiro com o esqui.
Durante a nossa caminhada, atravessámos várias vezes os trilhos dos esquis, tendo sempre o cuidado de não os pisar, e testemunhámos também a passagem dos velozes praticantes. Aliás, o exercício físico, tão importante na altura do ano em que os desportos outdoor nem sempre são possíveis, é uma constante na vida de Tromso, como pudemos constatar pelos vários ginásios por que passámos na cidade, com grandes “montras” viradas para a rua.
Fizemos também uma pausa para beber um chá quente de frutos vermelhos e comer lefse, um pão típico norueguês, servido como bolo, com canela e barrado com geleia ou manteiga de amendoim. Ali, já estávamos perto do nosso ponto de partida, e o que de manhã era um espaço vazio e silencioso, estava então repleto de famílias norueguesas, com os seus filhos, que aproveitavam a luz de um sol quase nascente e um Domingo frio, mas com bom tempo. Os miúdos divertiam-se imenso a rolar colina abaixo com trenós ou esquis. Foi uma maneira perfeita de acabar esta caminhada, tendo o privilégio de partilhar a vida quotidiana dos habitantes de Tromso, que se têm de adaptar a um território com condições adversas e a um clima rigoroso, mas que não esquecem a importância de se sair de casa e comungar com a natureza.
Dormir em Tromso
Há muitas opções de alojamento na cidade de Tromso, embora a maioria sejam com preços que rondam os 200€/noite. Os melhores alojamentos para ficar na cidade são:
- Smarthotel Tromsø
- Enter Backpack Hotel
- Enter Amalie Hotel
- Enter City Hotel
- Scandic Grand Tromsø
- Enter Viking Hotel
- Comfort Hotel Xpress Tromsø
Com alguma pesquisa conseguimos descobrir um hotel/aparthotel com quartos por 80€/noite, e com wc privado e cozinha comum. Escolhemos logo o ABC Hotel. É um lugar calmo e os quartos são muito bons e aquecidos. Tem inclusive vistas fantásticas sobre o fiorde. Em termos de localização, é brutal pois fica mesmo no centro de Tromso. Outros apartamentos são:
Outra boa opção é o camping: