Ao 8º dia de viagem de Overland, dissemos adeus a Swakopmund, e saímos da cidade em direcção a norte, pela estrada junto ao mar, numa zona que é chamada de “Costa dos Esqueletos”, devido ao elevado número de naufrágios que têm dado a esta costa.
Até os marinheiros portugueses, os primeiros ocidentais a vê-la, lhe chamavam “Areias do Inferno”, pois qualquer naufrago que aqui viesse dar, não teria qualquer hipótese de sobrevivência. O terreno junto à costa é completamente plano e ausente de vegetação ou vida animal.
Depois de presenciarmos o resultado de um naufrágio recente, seguimos subindo para o interior, onde algumas dezenas de quilómetros à frente se erguem imponentes as montanhas de Spitzkoppe, completamente isoladas no terreno plano (mas a cerca de 1000 m de altitude), atingindo cerca de 700 m acima do solo desértico. No livro sobre a geologia da Namíbia, que compramos em Swakopmund, leio que esta paisagem foi sendo esculpida pelos agentes erosivos durante um tempo para além da compreensão de um simples humano, desgastando a rocha menos dura e deixando estes picos resistentes. Estas montanhas cresceram de cima para baixo! A natureza é verdadeiramente prodigiosa.
Mas os humanos também há muito que calcorreiam esta paisagem, Pudemos admirar gravuras aborígenes na face das rochas, e tivemos uma perspectiva fabulosa das montanhas ao pôr-do-sol, tal como os nossos antepassados o terão visto. Foi aqui que passamos a noite, a mais fria até então. Durante a madrugada, o termómetro deve ter atingido os zero graus celsius. Os nossos sacos-cama de montanha, preparados para estas condições, são os nossos melhores amigos.
Ao final do dia do Overland, ficamos num campo na cidade de Outjo, às portas do Parque Nacional de Etosha. Os 2 dias seguintes seriam aí passados. O terreno onde se situa este famoso parque de vida selvagem é uma continuação do deserto, muito seco e, em geral, com pouca vegetação. O que o torna único são os “water holes“, fontes de água, naturais ou artificiais (água bombada do subsolo), que os animais usam para sobreviver neste terreno tão árido.
Sendo assim, é possível ver numerosos animais, de diferentes espécies, convivendo no mesmo espaço. É só esperar… Durante o Overland ficamos em 2 acampamentos diferentes, no interior do parque, e em cada um existia um “water hole” iluminado durante a noite, podendo uma pessoa passar lá a noite, se assim o entender. No primeiro, vimos dois leões macho junto a um pequeno elefante que tinham morto e rinocerontes matando a sede. A vedação parecia fraca protecção se um daqueles leões decidisse atacar, mas a verdade é que eles não nos vêem como presa ou ameaça, mantidas as distâncias devidas.
No segundo, pudemos observar uma verdadeira procissão, ao final da tarde e início da noite, de uma manada de elefantes, seguidos de girafas, zebras e rinocerontes. Durante o dia, a estrela da companhia foi um leopardo (avistado pelos olhos treinados de uma companheira nossa), que decidiu descansar à sombra de uma árvores a escassos metros da estrada. Lindo!
Ao 12º dia de viagem do Overland, dissemos adeus ao Etosha e partimos em direcção à capital da Namíbia, Windhoek, na qual demos um passeio no nosso camião, mas na qual não nos demoramos. Era tempo da nossa segunda noite de descanso em hotel, e de desfrutarmos um pouco de conforto. Isso, e copiarmos 66 Gb de fotos dos últimos 4 dias para o computador e para 2 discos externos. Na manhã seguinte, depois de um pequeno-almoço delicioso, e depois de conhecermos mais 5 elementos que se juntaram ao grupo (após a saída de um casal sul-africano cuja viagem terminava em Windhoek), totalizando agora 24 pessoas (o número máximo que o camião transporta), rumamos à próxima etapa da nossa viagem, atravessando a fronteira com o Botswana.
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