A nossa visita à Mongólia ficará, para sempre, marcada pelas experiências que partilhamos com a população local, nomeadamente com as famílias nómadas. Mais do que tudo, a Mongólia é as suas gentes. O povo caloroso, hospitaleiro e simpático é a alma deste país. De tudo o que vivenciei foi, sem sombra de dúvida, a vida com as famílias nómadas que mais me marcou.
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A Mongólia é surpreendente. É um país culturalmente perfeito para os viajantes, já que supera, claramente, qualquer expectativa. As populações brincam connosco, riem e tentam conversar (embora em mongol). Ficamos hospedados com várias famílias nómadas durante a nossa viagem, umas criadoras de cabras e ovelhas, outras criadoras de camelos, outras de cavalos. Todas elas, no entanto, com um denominador comum: um sorriso hospitaleiro.
A vida aqui não é fácil. O dia-à-dia no deserto do Gobi é surpreendente. Habituamo-nos a lavar com o mínimo de água possível, tal como as famílias nómadas. A água por estas terras é um bem muito precioso. Aqui a vida tem outro significado. Outro ritmo. Outra importância.
As nossas necessidades são feitas em buracos no chão ou, simplesmente, temos que caminhar até deixarem de nos ver. Embrenhamo-nos no deserto, na estepe ou… no nada!
As noites são passadas em gers, pequenas tendas circulares cobertas por peles de animais e com um forno no centro. Atrás da ger existe um pedaço de pano com leite de camelo colhado. Escorre para fazer o queijo. Está atado a um ferro num atrelado enferrujado. É assim a vida no deserto do Gobi.
Quando anoitece, as crias dos camelos começam a chorar. Chamam as suas mães que começam aparecer do meio do nada. No escuro da noite, as camelas começam a chegar, umas atrás das outras. São gigantescas. A matriarca da família saí com um balde na mão e começa a ordenhar as camelas. Umas depois das outras, enquanto estas vão alimentando as crias. Para evitar que as crias bebam o leite todo, os filhos da família ficam a tomar conta das camelas e não as deixam aproximar cedo demais. O sol deu lugar a uma noite maravilhosa. Aproveito para jogar frisby com uma menina pequena. Ao mesmo tempo aprendo mongol… que experiência maravilhosa!
De manhã, o céu está completamente limpo e sol começa a aparecer no horizonte. Os camelos já saíram para procurar alimento no deserto. À minha volta uma imensidão de deserto. É a tranquilidade total, com tudo o que de bom e de mau isso pode significar. Estas famílias nómadas estão isoladas do mundo. Vivem longe de tudo e de todos. Será por isso que a vida parece tão simples e óbvia?
Nunca vou esquecer este ritmo de vida. Nunca vou esquecer estes dias, esta vida, esta gente e, acima de tudo, a simplicidade de tudo. Privar com estas famílias nómadas foi um privilégio.
Compreender a TRANSUMÂNCIA na Mongólia
A transumância consiste na domesticação, criação e reprodução de animais recorrendo a técnicas onde se utiliza os pastoreios ao ar livre. Esta forma de vida, remonta aos tempos mais primitivos, aquando da domesticação dos animais.
Na Mongólia, a transumância continua a ser um dos modos de vida da população local. Crianças e adultos montam grandes cavalos e orientam manadas enormes de gado bovino ou ovino e caprino. Deslocam-se nas estepes mongóis ao sabor do vento e percorrem vastas distâncias procurando as melhores pastagens. Quando o alimento escasseia deslocam as aldeias a procura de áreas mais férteis. Isto é a transumância.
Este modo de vida ancestral, transumância, perdura nos tempos e consiste numa das principais características da população deste país. Aqui, os mongóis são, predominantemente, nómadas e assim irão continuar durante muito tempo. Nos próximos nove dias iremos embarcar numa viagem pelo centro e sul da Mongólia. Vamos de jipe com um alemão e dois mongóis. Será com certeza uma experiência magnifica. Estaremos sem contacto com o mundo exterior mas traremos muitas novidades deste paraíso onde o homem ainda pouco marcou a paisagem. Afinal de contas, estamos no país com menor densidade populacional do mundo (3hab/km2). Esta viagem pela Mongólia, embora demasiado curta para nosso gosto (pouco mais de duas semanas), foi uma autêntica descoberta.
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- VISTO DA MONGÓLIA – Um artigo sobre a forma como tiramos o visto para viajar na Mongólia das duas vezes em que visitamos o país.
- RALLY MONGOL – ULAN BATAR – A crónica da nossa viagem no rally Mongol na capital da Mongólia, Ulan Batar. Como estivemos dois dias na cidade, esta é a outra das crónicas dessa viagem.
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- RALLY MONGOL – ATRAVESSAR AS ESTEPES DA MONGÓLIA – A crónica da nossa viagem a bordo do Rally Mongol quando atravessamos as estepes da Mongólia de Khovd e Buutsagaan.
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- PREPARAR O TRANSMONGOL – Um artigo com as nossas dicas e sugestões para preparar o transmongol, desde a Rússia, Mongólia e China.
Bom dia.
Em primeiro lugar congratular-vos pelo excelente blog que têm embora provoque muito inveja da boa 🙂
Vou passar pela Mongólia, infelizmente apenas por três noites no máximo, mas gostaria de ter a oportunidade de passar uma noite num ger de uma família nómada, o mais autêntico possível.
Podem dar alguma indicação quanto a marcações deste tipo de experiências?
Obrigado e continuação de boas aventuras!
David Rodrigues
O melhor é ir para o Terelj. É o mais próximo.