No momento de embarcar para esta última parte da nossa aventura no transmongoliano (às 08.00h do dia 15), novo banho de mochileiros! Esta é realmente uma viagem que se está a tornar turística. Em termos de condições, o comboio (que parte de Ulan Batar) é um meio termo entre os 2 anteriores em que viajámos. Como companheiros de compartimento temos, desta vez, um casal de jovens belgas. Parecem-me um pouco “verdes” nestas andanças pela Ásia mas são simpáticos. Tal como nós, passaram 2 semanas na Mongólia e agora dirigem-se para Pequim. Penso que, tanto para eles como para nós, passar da Mongólia para a China vai ser um choque a todos os níveis! Isto essencialmente porque a Mongólia é o país com menor densidade populacional do mundo e a China é o mais populoso!
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Após deixarmos a capital e os seus subúrbios para trás, a paisagem rapidamente passou a ser dominada por imensos espaços vazios, de vegetação verde rasteira, em planalto e colinas, com montanhas ao longe. De vez em quando, avistam-se os animais de criação típicos deste país, ovelhas e cabras. Dizem as estatísticas que a proporção do número destes animais para o das pessoas é de cerca de 10 para 1! Gradualmente, o verde foi dando lugar ao castanho e a vegetação foi desaparecendo e dando lugar a pedras, enquanto o comboio se embrenhava mais para o interior do Gobi.
Ao contrário da imagem clássica na mente das pessoas, a maior parte dos desertos são desertos rochosos, sendo apenas uma pequena parte da sua área ocupada pelas famosas dunas de areia. O deserto do Gobi tem uma área equivalente a 13(!) vezes a área de Portugal e estende-se na zona fronteiriça entre Mongólia e China. Não admira, portanto, que ele nos tenha acompanhado durante grande parte da viagem, tanto durante o dia como durante a noite. Em particular, durante a tarde, a zona que atravessámos era tão seca e poeirenta que, mesmo com todas as janelas fechadas, o interior do comboio se encheu de pó do Gobi! Ao final da tarde (e para não quebarar a tradição!), surgiram relâmpagos no horizonte e caiu alguma chuva que refrescou o ambiente e fez assentar a poeira lá fora.
Era tempo de passarmos a fronteira e algumas horas de formalidades. Depois de muita espera, carimbados os passaportes, revistadas as mochilas e preenchidos os impressos, seguimos para as oficinas. Isto porque os carris na China são mais estreitos do que na Rússia e Mongólia (e Europa, presumo), logo é necessário fazer uma operação de adaptação. O comboio dirige-se às “boxes”, é elevado e os eixos e rodas são trocados, tudo sob o olhar de passageiros e suas máquinas fotográficas, que permanecem dentro das carruagens durante todo o procedimento. Regressados aos carris, ainda esperamos algum tempo na estação fronteiriça chinesa e quando nos fomos deitar estávamos prestes a partir com direcção a Pequim. Mas a verdade é que não era essa a nossa paragem final do transmongoliano…
No que respeita ao último troço do transmongoliano, a cidade de Datong (a cerca de seis horas de Pequim) era uma paragem obrigatória pois de lá podíamos visitar duas atracções turísticas: o mosteiro suspenso e as grutas de Yungang. E valeu bem a pena parar! Mas, devido à impossibilidade em arranjar bilhetes de comboio para Pequim no dia a seguir (ver “De comboio na China“), o nosso transmongoliano acabou aqui, e não na capital chinesa. Acabamos por fazer o que nos faltava em “sleeper-bus” (literalmente!), o que acabou por ser também uma experiência única.. Dentro do autocarro só existiam camas estreitas, dispostas em três filas de beliches de dois andares. Apesar do desconforto de dormir vestido com a roupa do dia e com a mochila pequena aos pés, a verdade é que ainda consegui dormir e descansar qualquer coisa até às 5.30h, hora a que chegamos a Pequim.
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