De manhã, aproveitámos o pequeno-almoço incluído no preço do alojamento e comemos ovos estrelados com pão, acompanhado de chá. Sentíamo-nos relaxados e tranquilos, pois tínhamos ultrapassado a parte mais difícil das estradas da Mongólia. No entanto, embora as informações que tínhamos nos assegurassem que a estrada até Ulan Bator era de boa qualidade, não tínhamos certezas e portanto tínhamos de regressar à estrada o mais cedo possível.
No dia anterior, a Burra tinha sido sujeita a uma grande pancada por baixo, e tínhamos ficado atolados em areia muito fina. Tudo isso não contribuía para a saúde da Burra e para o seu bom desempenho nas estradas da Mongólia. Logo após sairmos do hotel, reparámos que a quinta mudança não entrava, algo que já tinha acontecido anteriormente. Como a estrada supostamente iria ser asfaltada até Ulan Bator, a quinta mudança seria indispensável e, portanto, tínhamos de resolver o assunto. Como não tínhamos tempo para gastar à procura de um mecânico, resolvemos tentar tratar do problema por conta própria.
Pela experiência anterior, pensávamos que o problema teria origem na pancada do dia anterior, que teria empenado a protecção do cárter. Parámos na berma da estrada logo à saída de Bayankhongor, e com a ajuda das grades subimos a Burra para poder tirar a protecção do cárter. A quantidade de areia que saiu do seu interior foi impressionante e, confiando que a estrada dali para a frente não seria muito má, resolvemos avançar sem a protecção. A quinta mudança voltava a entrar!
Mas, logo à frente, a estrada asfaltada parecia acabar! Entrámos numa estrada de terra batida, e começámos a ver a nossa vida a andar para trás… Será que iria ser assim até Ulan Bator? Felizmente, foi só um pequeno troço e regressámos rapidamente ao asfalto. Dali para a frente, embora o piso tivesse alguns buracos (uma vez que esta estrada é mais antiga do que aquelas que tínhamos percorrido no dia anterior), a verdade é que, com algum cuidado, a progressão era rápida e sem grandes percalços.
Pelo caminho, visitámos um monumento nacional dedicado aos cavalos mongóis, localizado numa colina e onde as pessoas deixam lenços coloridos em homenagem às divindades e aos mais famosos cavalos de corrida mongóis.
Almoçámos num restaurante de beira de estrada, e experimentámos tsuivan, um prato tradicional de massa com carne de borrego ou cabra. O cheiro a ranço dentro do boteco era tal que dois dos carapaus desistiram ao primeiro embate.
Antes de chegarmos a Ulan Bator, passámos ainda por uma pequena zona de dunas, onde existiam alguns acampamentos de gers e onde os camelos passeavam os turistas. O Deserto do Gobi e as suas grandes dunas estavam muito para sul, mas a sua influência faz-se sentir a grandes distâncias.
Chegámos a Ulan Bator ao fim da tarde, e sentíamo-nos cansados mas muito contentes. A parte mais difícil da viagem pelas estradas da Mongólia tinha sido ultrapassada com sucesso e sentíamos que o Rally Mongol estava a chegar ao fim. Aliás, era ali que o Rally costumava acabar mas, devido a problemas com a logística dos carros, o governo mongol deixou de autorizar o evento e, por isso, o Rally Mongol acaba agora na cidade russa de Ulan Ude, não muito longe da fronteira com a Mongólia.
Alojámo-nos no hostel em que tínhamos reserva, bem no centro da grande cidade. Por coincidência, uma amiga da Carla, que com ela tinha feito a Rota da Seda da Nomad, estava em Ulan Bator. Combinámos jantar com ela, e acabámos por ter um óptimo jantar num dos melhores restaurantes da cidade. Pelo menos, assim nos pareceu, dado a qualidade da comida e do serviço, especialmente se comparadas com a frugalidade do que tínhamos experimentado nos dias anteriores!
Que saudades da Mongólia. Fui aí algumas vezes, no início da minha “carreira” como líder Nomad, e sempre guardo esse país com enorme carinho. Agora, tenho de reconhecer que ler sobre estradas asfaltadas na Mongólia é estranho… hehehehehe
Grande abraço e bom regresso a Portugal.
É outra Mongólia, Filipe. Mas se voltares a Ulan Bator é que vais ficar chocado mesmo. 😀