A
civilização maia é considerada por muitos a mais brilhante da Mesoamérica pré-hispânica. Os maias construíram cidades-estado independentes umas das outras, e frequentemente em guerra entre si. No período clássico, estas floresceram em 3 áreas geográficas, que correspondem na actualidade, a norte, a península do Iucatão, ao centro, a zona norte densamente florestada da
Guatemala, as regiões de Chiapas e Tabasco (México) e o
Belize e, a sul, as regiões montanhosas da Guatemala e uma pequena parte das
Honduras. E uma vez que estamos na rota dos maias, vamos passar por todas estas áreas! E agora era hora de Palenque.

Os principais sítios de interesse arqueológico na região de Chiapas são as ruínas de
Yaxchilán, Bonampak e Palenque. Esta última é considerada por muitos como a cidade maia mais bonita de todas. Atingiu o seu auge entre 600 e 800 d.C., quando era capital regional. Abandonada por volta de 900, foi devorada pela selva, sendo redescoberta no século XVIII, mas só recuperada no século XIX. Hoje, as obras continuam.

O conjunto ocupa uma área considerável (pensa-se que a cidade ocupava cerca de 15 quilómetros quadrados), sendo que os edifícios mais bem conservados são os do chamado grupo principal, ocupando uma área pequena e circunscrita. Aqui, destaca-se o Templo das Inscrições, construído durante os 68 anos do reinado de Pakal (615 – 683 d.C.), incluía o seu túmulo, descoberto intacto em 1952. Artefactos e peças de joalharia aí encontrados estão agora expostos no
Museu Nacional de Antropologia, assim como uma reconstituição do túmulo. A pedra tumular continua no interior da pirâmide, agora fechado aos turistas, assim como o acesso ao cimo da pirâmide. Este é, aliás, o único ponto em que Palenque (ou melhor, a sua “gerência”) desilude, pois o Templo é conhecido pelos 3 painéis com inscrições nos quartos do topo (num total de 617 glifos, só parcialmente decifrados), contando a história de Palenque, inacessíveis agora aos olhos dos turistas. Por um lado, é bom que sejam protegidos, mas por outro, custa bastante conhecer o Templo através de leituras e fotos, desde há muitos anos, e agora vir aqui e, afinal, não conseguir ver as famosas inscrições. Paciência… Também difícil é conseguir imaginar como seria este edifício (e os outros!) originalmente, coberto de argamassa, pintado de vermelho-vivo e com detalhes esculpidos em azul e amarelo!

Ao lado, o chamado “Palácio”, é um complexo de edifícios produto de muitos reinados, e seria a residência da família real e seu séquito. Dominando nas alturas o complexo, está uma torre de 4 níveis, que se pensa que deverá ter servido de observatório ou posto de vigia.
Um pouco mais a sul, está o grupo das cruzes, onde se destacam as pirâmides chamadas de Templo da Cruz e do Sol, encimados por monumentos funerários com tecto e espigão (uma lage maciça de pedra esculpida).

Seguindo pelo meio da selva, podem visitar-se alguns templos menos conhecidos. Como visitamos as ruínas da parte da tarde do dia em que chegamos a cidade de Palenque, não tivemos tempo de percorrer todos os grupos e tivemos de escolher. O Templo do Jaguar tinha o acesso bloqueado, assim como os templos acessíveis a partir do grupo das Cruzes, e o caminho em direcção ao museu, passando pelo grupo B e dos Morcegos, fechava as 16.30 h (inexplicavelmente as ruínas encerram as 17.00 h), por isso decidimos enveredar pelo caminho em direcção ao Grupo C, um conjunto pouco recuperado e cujo charme reside precisamente em dar-nos uma ideia de como Palenque deverá ter surgido aos olhos dos primeiros arqueólogos a chegar aqui. Mas não estávamos sozinhos… Os macacos uivadores (Alouatta palliata), que fizeram questão de nos brindar com um concerto de sons impressionantes (não tivemos o privilégio de os ver…). Estávamos na selva, definitivamente…

Tinha chegado a hora de terminar a visita e, na zona do
México com maior precipitação, e estando na época das chuvas, aconteceu o mais natural ao fim do dia. Segundos depois de termos regressado a
El Panchán, o nosso “pouso” mesmo ao lado das ruínas, começou a chover torrencialmente, e soube-nos muito bem apreciar esta dádiva de Tlaloc, da varanda da nossa cabana.
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Obrigada