Os Maias são considerados por muitos a civilização mais avançada que povoou a Mesoamérica. Apesar de alguns autores fazerem referência aos Maias desde o ano 1200 a.C., é comummente aceite que a origem desta civilização terá ocorrido por volta do ano 200-250 d.C.. Como não foi uma das primeiras civilizações a povoar a área, ganhou com o legado deixado por civilizações anteriores e contemporâneas, legado esse que soube aproveitar e desenvolver, como é o caso da escrita ou do calendário.
Os Maias criaram povoados que se foram expandindo e transformando em grandes centros urbanos. Era o início das grandes cidades com áreas residenciais, acrópoles, praças e recintos sagrados. A administração da cidade era feita nos moldes das cidades-estado em que um governante detinha o poder absoluto, tendo poderes militares, religiosos e administrativos. Estes líderes eram divinos e viviam faustosamente com uma ou várias mulheres, crianças, criados, sacerdotes, intelectuais e artistas. A vida fora da urbe continuava em pequenos povoados, ocupados por camponeses que se dedicavam essencialmente à agricultura.
Numa sociedade fechada, onde os sacerdotes tinham um papel importante, os camponeses eram em maioria mas sem grandes direitos. A hierarquia social era muito rígida, com os mercadores e os artesões a juntarem-se aos agricultores e camponeses. Esta situação pode ter estado na base de alguns episódios de violência que se começaram a tornar comuns. De um momento para o outro, a violência cresceu nos seus territórios e as suas cidades foram muralhadas.
Os sacrifícios humanos eram comuns e ao que parece tornaram-se também comuns os raptos aos elevados membros da sociedade, especialmente de povos vencidos, para posteriores rituais de sacrifício. Executavam ritos xamânicos, recorrendo a estados de transe, jejuns e consumo de substâncias alucinogénicas.
Só uma civilização com enorme sabedoria poderia ter criado um império como o alcançado pelos Maias. As terras altas do sul (Chiapas e Guatemala), a Depressão Central e as planícies do norte (Península de Iucatão) eram os grandes domínios geográficos da civilização. A arte e a arquitectura marcavam o dia-a-dia deste povo.
Detentores de um saber matemático, físico e astronómico exemplar, criaram um calendário exímio para contarem o tempo (ver post sobre o Calendário Maia). Os seus elaborados cálculos matemáticos e astronómicos foram aplicados em diversas áreas do saber. A classe intelectual era vasta e tinha um papel determinante na sociedade e na vida do quotidiano.
Os Maias desenvolveram um sistema de escrita exemplar e único no mundo pré-colombiano (pelo menos até 2006, quando se descobriu algo semelhante pertencente aos Olmecas). Desenvolveu uma língua falada e escrita que continua a ser utilizada nos dias de hoje. A sua escrita incluía gramática e sintaxe.
A forma como lidavam com os recursos naturais e alimentares fizeram desta civilização excelentes comerciantes, transaccionando produtos com os Teutihuacanos e com os Toltecas. No Iucatão extraiam grandes quantidades de sal que depois distribuíam por outras civilizações.
O império Maia expandiu-se por cerca de 1000 km, ultrapassando as fronteiras do que é hoje o México e alcançando a Guatemala, o Belize, as Honduras e El Salvador.
O desaparecimento da civilização Maia está envolto em mistério. Para muitos foram os espanhóis os responsáveis pela sua desaparição. No entanto, tudo parece indicar que quando os espanhóis chegaram à Mesoamérica os Maias já estavam a definhar e tinham praticamente desaparecido.
São apontadas inúmeras teorias para o seu desaparecimento. As guerras com tribos vizinhas, as doenças, as catástrofes naturais (inundações e secas), ou o esgotamento dos recursos hídricos e consequente falta de alimento e fomes, estão entre as causas possíveis. Provavelmente, o seu declínio ficar-se-á a dever não só a um mas à combinação de vários factores que se conjugaram ao longo dos tempos.
A civilização Maia terminou mas os maias, grupo étnico, nunca despareceram. Durante a agressiva colonização espanhola, os maias fugiram e refugiaram-se nas florestas, preservando as tradições e crenças, muitas delas adulteradas devido aos processos de aculturação. A maioria dos maias que sobreviveu aos séculos seguintes e chegaram até aos dias de hoje trocou o xamanismo pelo catolicismo. Para além do povo, os Maias deixaram um enorme e vasto legado espalhado pela América Central. Esculturas fabulosas, valiosos tesouros fúnebres, estelas e altares em relevo e faustosamente decorados, pirâmides monumentais e uma arquitectura única no mundo. É por isso que os Maias são uma das civilizações mais legendárias que já pisou o planeta.
PRINCIPAIS LOCAIS MAIAS:
Nas terras altas do sul:
– Copan (Honduras)
– Quirigua (Guatemala)
– Comacalco (México)
– Kaminal Juyu (Guatemala)
– Toniná (México)
– Zaculeu (Guatemala)
Na depressão central:
– Yaxchilán (México)
– Bonampak (México)
– Calakmul (México)
– El Mirador (Guatemala)
– Cerros (Belize)
– Uaxactún (Guatemala)
– Tikal (Guatemala)
– Caracol (Belize)
– Palenque (México)
– Piedras Negras (Guatemala)
– Altún Ha (Belize)
– Dos Pilas (Guatemala)
– Rio Bec (México)
– El Ceibal (Guatemala)
– Xunantunich (Belize)
Nas planícies do norte:
– Chichen Itzá (México)
– Coba (México)
– Tulum (México)
– Uxmal (México)
– Cozumel (México)
– Lábna (México)
– Mayapan (México)
– Sayil (México)
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