Depois de explorar a área do Monte Fuji, rumamos a Nagano, a principal cidade a norte de Tóquio. Três horas de viagem no comboio-bala Shinkansen e estávamos num ambiente completamente distinto. O céu azul do Monte Fuji deu lugar a um céu negro e cinzento e o sol desapareceu para recebermos a neve. Quando chegamos a Nagano já era noite cerrada e, apesar de termos sentido imediatamente o frio, não havia neve. Hospedamo-nos num hotel mesmo ao lado da estação de comboio; um hotel de quatro estrelas que incrivelmente conseguimos reservar no booking com 50% de desconto e cuja tarifa diária do quarto nos ficou por 70€/noite. Nada mau para o Japão, especialmente para um hotel de 4 estrelas!
Aproveitamos a centralidade do hotel para sair e explorar a cidade cheia de néons, pessoas e trânsito. Juntamo-nos a milhares de japoneses que procuravam um local para comer e entramos num nomiya ou aka-chochin, estabelecimentos identificados com uma lanterna vermelha chinesa, simbolizando que se trata de um lugar onde as comidas chinesas baratas fazem parte do menu. Foram criados para o proletariado japonês. Estava cheio de jovens e velhos, homens e mulheres, vestidos de forma formal e informal, que no balcão ou nas mesas comiam as deliciosas sopas de noodles. Escolhemos aquilo que queríamos através de um menu ilustrado afixado na parede. Por pouco mais de quatro euros por pessoa comemos massa udon e ramen. Eu comi um prato chamado nabe yaki udon, servido numa caçarola de barro, com caldo de tempura de camarão e cogumelos. O Rui comeu massa ramen, massa chinesa em caldo de porco, coberta por pequenas fatias de porco assado e alhos. Acompanhamos com dumplings japoneses e bebida. Estava tudo delicioso e foi das melhores refeições que fizemos no Japão.
Fora do restaurante estava um frio de rachar e, embora estivéssemos bem agasalhados, não resistimos muito tempo a passear pelas ruas. Rapidamente recolhemos ao nosso quarto de hotel, aproveitando para usufruir de uma cama fantástica, uma casa de banho super equipada e uma vista do sétimo andar sobre a cidade iluminada.
No dia seguinte, quando abrimos a cortina da janela do quarto, Nagano estava pintada de branco. Tinha nevado toda a noite. O frio do dia anterior não enganava. Refizemos as mochilas, deixamos para trás o nosso quartinho e rumamos aos Alpes Japoneses, mais especificamente a Jigokudani Onsen. Aí visitamos as nascentes termais da floresta onde vivem mais de 200 macacos. A visita foi maravilhosa e, apesar das mil e uma imagens e vídeos que se veja sobre o local, nenhuma consegue abarcar o isolamento e magia do lugar e do bosque envolvente.
Depois da visita, regressamos a Nagano. Não queríamos ir embora sem conhecer o mais importante templo budista da cidade. E ainda bem que o fizemos. O templo de Zenko-ji é simplesmente maravilhoso; um dos mais bonitos que vimos em todo o Japão. Com um enorme portal em madeira na entrada, há várias estátuas de Buda no acesso ao edifício principal e muitas mais no seu interior. O templo data do século VII e tem a imagem de Buda mais antiga do Japão, uma imagem que veio da Coreia, através da Rota da Seda, do século VI.
A imagem do médico Binzuru, um seguidor de Buda, é fortemente venerada e as pessoas abraçam-na e beijam-na com emoção. Havia vários devotos e visitantes no local, mas longe das multidões que enfrentaríamos em Quioto ou em Tóquio. No interior do templo, juntamo-nos aos fiéis e entramos num túnel escuro com vários metros de comprimento, construído por baixo do altar do templo, procurando com as mãos uma chave metálica para o paraíso. Acreditando na fé budista, tocar nesta chave traz-nos-á felicidade para o futuro. A algum custo, encontrámo-la. A sensação de completa escuridão, silêncio e de claustrofobia transporta-nos para um mundo diferente. Foi uma experiência extremamente interessante.
Ainda passeamos um pouco mais no recinto, apreciando a devoção dos populares e dos turistas nacionais que visitavam o templo. Estava na hora de regressar. A nossa visita a Nagano tinha propósitos bem definidos, os macacos e o templo, e depois de os ter atingido, era hora de voltar à estação, pegar no nosso Japan Rail Pass, e viajar novamente de comboio-bala, desta vez rumo a Quioto.
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Faltou dizer o nome do restaurante onde comeram uma das melhores refeições que fizeram no Japão…. Ainda se lembram como se chamava?
Vamos responder a isso quando fizermos o post das dicas no Japão. 😉 Mas sai aqui uma informação privilegiada. Chamava-se Ichi-Ban-Kan.
Obrigada, Carla! Já tomei nota 🙂