MONTE FUJI, visitar um lugar do meu imaginário | Japão

MONTE FUJI, visitar um lugar do meu imaginário | Japão

O Japão nunca foi um dos meus destinos de eleição. Nunca fez parte da minha lista de prioridades e nunca pensei que fizesse parte dos meus 100 primeiros países a visitar. A cultura japonesa nunca exerceu sobre mim grande fascínio e sempre que pensava neste país vinha-me à ideia as imagens caóticas do trânsito em Tóquio. No entanto, havia dois lugares que sempre me interessaram neste país, e um deles era o Monte Fuji. Assim que agendei a viagem ao Japão comecei imediatamente a pesquisar sobre a melhor forma de o explorar.

Confesso que quanto mais pesquisava mais confusa ficava. A área do Monte Fuji é enorme e há imensas povoações à volta, cada uma delas gabando-se de terem as melhores vistas sobre a montanha mais alta do Japão. O problema é que a ligação entre essas povoações não é fácil e, para quem tem tempo limitado, terá que fazer escolhas e decidir o que vai explorar. Há três zonas principais em torno do Monte Fuji: Gotemba, Fuji-Yoshida e Fujinomiya. Na impossibilidade de as explorar a todas, concentrei as minhas atenções na região de Fuji-Yoshida, aquela que me pareceu mais diversificada em termos paisagísticos e com mais atracções que preenchiam o meu imaginário.

MONTE FUJI, visitar um lugar do meu imaginário | Japão

Apanhamos um comboio para Otsuki, a principal estação de comboios que permite aceder a essa área do Monte Fuji, e de lá, tivemos que apanhar uma linha de comboio privada (linha Fujiyuko, onde não funciona o Japan Rail Pass) para chegar a Fujisan, uma das estações que serve a cidade de Fuji-Yoshida. Há outra estação, Gekkoji, que também serve a cidade, nomeadamente a parte norte e que permite um acesso mais curto ao pagode de Chureito. Quando chegamos a Otsuki já era noite e durante a viagem de comboio não víamos nada pela janela.

Sabíamos que em média apenas 50% das pessoas que visita o Monte Fuji o consegue ver por isso estávamos pouco optimistas. No entanto descobrimos que Dezembro e Janeiro eram os meses do ano onde a visibilidade sobre o monte eram melhores. Assim, ficamos mais animados. Quando chegamos a Fuji-Yoshida a noite estava completamente escura e muito fria. Praticamente não havia pessoas nas ruas. Andamos um bocado desorientados mas com a ajuda dos populares a que solicitamos apoio encontramos o nosso alojamento. Depois de uma caminhada de 20 minutos recolhemos ao hostel. Inicialmente pensámos que tinha sido uma má opção ficar naquele sítio. Parecia-nos um pouco longe, mas no dia seguinte percebemos que foi o lugar perfeito.

MONTE FUJI, visitar um lugar do meu imaginário | Japão

De manhã bem cedo levantamo-nos para fazer um pequeno trek até ao Pagode Chureito, provavelmente o lugar onde mais queria ir no Japão. Começamos com os primeiros raios de sol e mal saímos do hostel vimos logo o Monte Fuji imponente, coberto de neve, iluminado pelos raios solares e um céu azul forte. Nem queríamos acreditar na nossa sorte. Ficamos logo empolgados. Caminhamos cerca de 30 minutos até alcançar a base do Santuário Sengen de Arakura, um santuário dedicado às divindades da montanha, no qual se integra o pagode Chureito. Aí atravessamos uma série de tóris e começamos a subir uma escadaria de pedra que nos levava monte acima até ao pagode e ao mirador. A subida é extenuante e havia vários jovens a treinar ali, assim como anciãos. Caminhar ao lado dos anciãos japoneses, sempre em forma e ligeiros a subir, fez-me perceber que a minha condição física já não é o que era.

MONTE FUJI, visitar um lugar do meu imaginário | Japão

Quando chegamos lá acima o céu estava completamente limpo e as neves do Monte Fuji brilhavam de forma deslumbrante. O pagode estava também iluminado pelos raios solares exibindo um vermelho vivo e forte. O bosque denso envolvente com um cheiro intenso de arvoredo era perfeito. Estávamos no Japão rural, algo tão distinto do que tinha imaginado. Daqui, as vistas do Monte Fuji eram perfeitas. O vulcão com 3776 m está adormecido desde 1707 mas continua imponente. Não poderia imaginar melhor postal ilustrado do Japão. Depois de clicar centenas de vezes na máquina fotográfica, sentei-me de frente para o pagode e para o Monte Fuji e apreciei esta magnífica paisagem, respirando fundo e ao mesmo tempo inalando o cheiro maravilhoso da natureza.

MONTE FUJI, visitar um lugar do meu imaginário | Japão

MONTE FUJI, visitar um lugar do meu imaginário | Japão

Mas estava na hora de regressar. Descemos e rumamos ao nosso hostel, recolhendo as mochilas e apanhando um comboio da estação de Gekkoji (a poucos metros do hostel) para Kawaguchi-ko, a principal base de exploração do Monte Fuji e dos seus lagos. A vista mais perfeita do monte já a tínhamos tido. Nós sabíamos isso. Queríamos agora explorar a zonas dos lagos. Não tínhamos tempo para os fazer todos por isso optamos por colocar as mochilas guardadas nos cacifos da estação, comprar um bilhete de autocarro turístico e partir para explorar a região. O bilhete custou-nos 1200 Y/pessoa e era válido por dois dias. Apesar de o utilizarmos apenas num dia, este bilhete era a forma mais vantajosa de percorrer a região. O bilhete permite seguir duas linhas distintas, a verde e a vermelha. A verde segue pela margem sul do lago Kawaguchi em direcção ao lago Sai e às áreas arborizadas a norte do Monte Fuji, lugares procurados pelos amantes dos trilhos e da natureza. Como não tínhamos tempo para fazer trekking, optamos por seguir a linha vermelha e circular o lago Kawaguchi pelo norte, acedendo a vários pontos de observação do lago e do monte, assim como ao teleférico.

MONTE FUJI, visitar um lugar do meu imaginário | Japão

Ao longo da linha vermelha fizemos algumas paragens em diferentes pontos para observar o lago, caminhar nas suas margens e tirar fotografias. Como o autocarro passava a cada 8-10 minutos, fazer paragens era fácil e prático porque nunca se esperava muito tempo pelo próximo autocarro. O dia estava perfeito e aproveitamos para subir de teleférico Kachi Kachi até ao Monte Tenjo. Estivemos quase uma hora na fila mas as vistas do lago Kawaguchi compensaram, maravilhosas e avassaladoras.

Mas, de repente, o Monte Fuji estava escondido atrás de um manto de nuvens. Não ficamos minimamente desiludidos. Já o tínhamos visto várias vezes hoje e de lugares mais impressionantes. O mirador de Kachi Kachi é o lugar ideal para apreciar o lago, as vistas sobre o monte são apenas um bónus.

MONTE FUJI, visitar um lugar do meu imaginário | Japão

Como o acesso à 5ª estação, ponto mais elevado do monte acessível por estrada, estava encerrado, optamos por continuar a nossa viagem. Regressamos à estação de Kawaguchi-ko, recolhemos as mochilas, e apanhamos o comboio de regresso a Otsuki, onde apanhamos novamente o comboio com o nosso Japan Rail Pass em direcção a Nagano, nos Alpes Japoneses. Viajava agora com um postal ilustrado perfeito na minha memória.

MONTE FUJI, visitar um lugar do meu imaginário | Japão

NOTA: É possível escalar o Monte Fuji. A época em que o monte está aberto é só em Julho e Agosto. Fora dessa altura é altamente desaconselhado fazê-lo. Há imensas empresas em Fuji-Yoshida que o fazem. Até há 100 anos atrás o monte só estava aberto a sacerdotes, já que era considerado terreno sagrado. Hoje qualquer pessoa o pode subir mas fora da época é considerado muito difícil, especialmente nos meses de Inverno. Ainda ponderamos fazê-lo mas cinco dias antes de chegar ao Monte Fuji, uma alpinista japonesa morreu a tentar uma subida invernal. Isso fez-nos mudar completamente de ideias.

Visitar o MONTE FUJI - Plano de viagem para explorar o Monte Fuji num dia | Japão
Visitar o MONTE FUJI – Plano de viagem para explorar o Monte Fuji num dia | Japão

Visitar o MONTE FUJI – Plano de viagem para explorar o Monte Fuji num dia

Um dia não é tempo suficiente para visitar o MONTE FUJI mas não tínhamos mais tempo disponível. Assim tentamos optimizá-lo e visitar aquilo que nos pareceu ser o mais emblemático da região. Aqui fica o plano que seguimos para visitar o Monte Fuji num dia. Prepare-se para um dia fabuloso, se o tempo ajudar, ou um dia de frustração, se as nuvens taparem a razão pela qual está ali. Usamos como base a cidade de Fujiyoshida (Estação de FujiSan). Se vier de Tóquio pode seguir o mesmo plano, tem é que parar inicialmente em Fujiyoshida.

1. Sair de Fujiyoshida para o Pagode Chureito. É um bonito passeio que demora cerca de 40 minutos a pé de onde pode desfrutar da melhor vista sobre o monte Fuji.

2. Depois de visitar o pagode, descer do pagode e dirigir-se à estação de Gekkoji, em Fujiyoshida, e apanhar o comboio da linha Azuza para Kawaguchi-ko, a cidade na margem do lago homónimo, na base do Monte Fuji. A viagem de comboio demora 11 minutos. Este comboio pertence à linha Azuza e não dá para usar o seu Japan Rail Pass.

3. Aí apanhar o sightseeing bus, linha vermelha, até ao final da linha, paragem 22, onde se situa Natural Living Center, uma das melhores vistas do lago com o Monte Fuji atrás.  A viagem de bus demora 30 minutos.

4. De seguida, apanhar o sightseeing bus de regresso, parando na paragem 15, Kozantei Ubuya, onde pode usufruir de mais uma bela vista sobre o lago e o monte.  A viagem de bus demora 10 minutos.

5. Volte a a apanhar o sightseeing bus e saia na paragem 11, no teleférico Kachi Kachi. A viagem de bus demora 4 minutos. Esta paragem permite-lhe subir no teleférico ao monte Tenjo, desfruntando de beliíssimas vistas sobre o lago e o monte Fuji. Esta paragem serve também de base para apanhar o barco, onde poderá fazer um passeio nas águas do lago, tendo como imagem de fundo o monte Fuji. Neste local há imensos restaurantes e cafés, sendo o local ideal para almoçar. Não perca também as delíciosas bolachas do monte Fuji, numa pequena lojinha antes da entrada no teleférico.

6. Regresse a Kawaguchi-ko de sightseeing bus. A viagem de bus demora 8 minutos.Aí pode ainda fazer algumas compras de última hora no shopping da estação. Se ainda tiver tempo disponível e desejar, poderá explorar a linha verde, que o levará ao lago Sai. Nós não o fizemos.

7. Apanhe o comboio de regresso a Fujiyoshida (ou a Tóquio, se for o caso). A viagem é feita de comboio utilizando a mesma linha, a linha Azuza. Este comboio não dá para usar o seu Japan Rail Pass. A viagem até Fujiyoshida demora 11 minutos. Se vai para Tóquio, vá até Otsuki (demora cerca de uma hora) e aí troque para um comboio JR, onde poderá utilizar o seu Japan Rail Pass.

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Carla Mota

Geógrafa com uma enorme paixão pelas viagens e pelo mundo. Desde muito cedo que as viagens de exploração fazem parte da sua vida. A busca do conhecimento do mundo leva-a em direcção a culturas perdidas e ameaçadas, tentando percebe-las. Hoje é também líder de viagens de aventura na Nomad.

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4 Comentários

  1. Carlos diz: Responder

    Olá Carla, Podes dizer-me qual era acompanhai do autocarro turístico? Obrigado!

    1. Carla Mota diz: Responder

      não me lembro, lamento.

  2. Cristiana diz: Responder

    Olá! Muito Obrigada pelo vosso testemunho! Fiquei com uma dúvida. Onde compram o ticket do autocarro turístico? Este autocarro tem paragem do lado de cima do teleférico? Todas as descrições que tenho visto falavam de Hakone, depois de ver esta descrição fiquei confusa de qual escolher, mas a verdade é que este pontos de visão do Monte de Fuji estão muito bonitos. obrigada.

    1. Carla Mota diz: Responder

      Olá Cristina. O bilhete do autocarro turístico compramos dentro da estação de comboio em Kawaguchi-ko. Na parte superior do teleférico não há estrada. É um monte. Hakone é a parte sul do Monte Fuji. Kawaguchi-ko é a parte norte. Não dá para fazer tudo num dia. Tem que optar. Nós escolhemos esta perpectiva porque achamos mais completa e bonita. Dá para ver lagos, montanhas, templos e o Monte Fuji. A partir de Hakone é muito mais limitado.

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