Os habitantes do país das laranjas chegam ao Irão!
E a resposta é sim. Conseguimos entrar no Irão. Apesar de estarmos bastante apreensivos tudo corre pelo melhor. Estávamos com tanta ansiedade para saber se nos deixariam entrar no avião sem visto que fizemos o check in 3 horas antes.
VISTO DO IRÃO à chegada no aeroporto de Teerão
Aparentemente não iríamos ter problemas. Entregamos os passaportes e os bilhetes online e a funcionária da Turkish Airlines emitiu-nos o bilhete. Entramos na sala de embarque e, apesar de termos estado bastante tempo sozinhos, aos poucos as pessoas iam chegando. Não fosse a palavra Teerão escrita na porta de embarque e poderíamos pensar que aquele voo ia para qualquer lugar do mundo, menos para o Irão. Raparigas de calças justas, mulheres bastante pintadas e adolescentes com penteados e roupas exuberantes. Quando começamos a embarcar no avião contei as mulheres que se cobriam com o lenço: 8. Somente 8 mulheres em dezenas que embarcavam. Três horas depois, quando o avião aterrou em Teerão, todas saíam cobertas. As raparigas mais jovens escondem os belos penteados e sobre os puxos repuxados na nuca assentam o lenço. Todas parecem viver em dois mundos: no Irão são obedientes e boas mulheres muçulmanas, fora do país são modernas e cosmopolitas.
Dirigimo-nos para o controle de entrada no país. O funcionário alfandegário informou-nos que teríamos que tirar o visto no guiché. Assim fizemos. Em pouco mais de 10 minutos tínhamos o visto no passaporte. Pagamos 60€, preenchemos o documento do pedido do visto e… voilá! Visto na mão. Nem sequer foram necessárias as fotografias de passe, o documento do hotel, seguro, nada. Soubemos mais tarde que quando demos o número de telefone do nosso couchsurfer no documento, a polícia lhe ligou para fazer algumas questões e confirmar se iríamos para casa deles. Foi tudo bastante rápido. Voltamos ao controle de passaporte e desta vez passamos sem qualquer problema. Sim… estávamos no Irão.
Pouco tempo depois de entrar no país viríamos a descobrir que Portugal, em Farsi, significa laranja. Assim, quando alguém nos perguntava a nacionalidade a resposta era sempre seguida por olhos bem arregalados, um sorriso e alguns segundos depois… “Cristiano Ronaldo” e “Queiroz” (que é o treinador da selecção nacional do Irão, imagine-se)! Outros iranianos, mais originais, corriam para agarrar uma laranja e exibiam-na dizendo “Portucale”. Descobrimos assim, no Irão, que fomos nós, os portugueses, que introduzimos as laranjas durante a nossa permanência no sul do país, durante o século XVI. Apelidamo-nos assim de “habitantes do país das laranjas”.
E os “habitantes do País das Laranjas” estavam prontos. Vamos lá conhecer este país.
VISITAR TEERÃO
Palácio de Sad’ Habad
No Irão ainda decorriam as festividades do Nowruz, o Ano Novo persa quando chegamos a Teerão. Durante esta altura Teerão, a capital iraniana, vê muitos dos seus habitantes deslocarem-se para as suas terras-natal, o bazar fecha e o famigerado tráfego automóvel da cidade fica a meio gás. Decidimos seguir as multidões e visitar o Palácio de Sad’ Habad, uma das atracções da cidade.
Outrora longe do burgo e localizado num contexto rural encostado às montanhas cobertas de neve que circundam a cidade de Teerão, a expansão das últimas décadas fez com que a malha urbana ocupe agora toda a área até ao sopé das montanhas. As distâncias são enormes, e para chegarmos à estação de metro mais próxima foi preciso apanharmos um táxi partilhado, que seguiu em frente por uma das auto-estradas que serpenteiam pelo meio da metrópole. O tempo estava cinzento e a chuva ameaçava aparecer em Teerão. Quando por fim chegamos ao palácio, depois da viagem de metro e de cerca de vinte minutos a pé, optamos por visitar primeiro o Palácio Verde, o edifício mais bonito e o que atrai mais visitantes. A fila para entrar crescia a olhos vistos e começou a chover com alguma intensidade. Antiga residência da família real, o seu interior requintado é alvo da curiosidade dos muitos iranianos que pacientemente esperam à chuva para poder entrar e apreciar como viviam os seus governantes.
Depois de termos andado a ver as “montras” numa zona comercial e de termos comprado um cartão de telemóvel iraniano, começava a anoitecer, e resolvemos regressar a “nossa” casa. Quando lá chegamos, os nossos anfitriões estavam acompanhados da família mais chegada, e foi com eles que jantámos e passamos o serão.
No 2º dia, e como teríamos de apanhar um comboio ao fim do dia de Teerão em direcção a Esfahan (com bilhete comprado online pelo nosso anfitrião!), despedimo-nos do Hamid e fomos deixar as mochilas na estação.
Museu Nacional de Teerão
Seguimos para o Museu Nacional, um museu com um acervo considerável e onde pudemos apreciar, entre outras maravilhas, um mural proveniente de Persépolis.
Parque Shahr
Depois, atravessamos o Parque Shahr, com um ambiente florido e tranquilo, no qual aproveitamos para descansar um pouco.
O bazar, já sabíamos, estava fechado, mas mesmo assim resolvemos explorá-lo um pouco e apreciá-lo de uma forma que raramente é possível. A Mesquita no seu interior estava tão tranquila como as ruas que a circundam…
Palácio Golestão
Seguimos então para o Palácio Golestão, onde mais uma vez nos juntámos aos muitos iranianos que resolveram visitar a atracção. Na realidade, um complexo de edifícios, o palácio é verdadeiramente impressionante pela exuberância da decoração interior de alguns salões e pela diversidade de estilos arquitectónicos.
E o adeus a um país magnífico em Teerão
Depois de uma noite passada no autocarro, vindos de Shiraz, o cansaço fazia-se já sentir quando chegámos a Teerão, por volta das seis da manhã. A noite era ainda cerrada e resolvemos ir para a sala de espera do terminal de autocarros até que o sol nascesse.
Saímos por volta das oito da manhã e apanhámos um táxi até à estação de metro. De lá seguimos para o centro da cidade e resolvemos procurar por um sítio onde pudéssemos deixar as mochilas grandes durante o dia. Depois de algumas tentativas falhadas, o recepcionista do hotel Mashad acedeu ao nosso pedido, em troca de uma pequena quantia.
Depois de termos comprado pão, e tomado o pequeno almoço na rua, seguimos a pé para visitarmos a Madrassa va Masjed-e Sepahsalar mas só depois de lá chegarmos, e sermos escorraçados por um porteiro mal encarado, é que reparamos no guia que só está aberta à 6ª feira (e só para homens). De lá, fomos para o bazar, onde andamos mais ou menos perdidos no labirinto de ruas e vielas que constituem este “centro comercial”. O contraste com o bazar que tínhamos visto durante o Nowruz era, claro, evidente. O movimento de pessoas é constante, assim como a vontade da Carla em tirar fotos!
Estava já na hora de almoço, por isso resolvemos voltar ao agradável parque Shahr, onde comemos o que trazíamos na mochila e onde aproveitámos para descansar um pouco à sombra das árvores. Se não fosse um guarda vir dizer-nos que não era permitido deitar-se na relva, tínhamos dormido a sesta mesmo ali!
Resolvemos ir visitar a torre Azadi, uma das imagens icónicas de Teerão. Para chegar lá, apanhámos o metro e depois uma pequena viagem de táxi, no final da qual o taxista fez questão de não receber dinheiro pela viagem. Claro que nós sabíamos que é um costume do país chamado Ta’arof (embora agora pouco comum entre taxistas…) por isso tive de insistir até que ele aceitasse! O monumento, erigido para comemorar os 2500 anos da civilização persa, é realmente impressionante, com uma bela arquitectura, combinando a modernidade com elementos clássicos. Queríamos subir, para ter uma visão panorâmica da cidade, mas à entrada tivemos uma pequena surpresa. No guia, o preço por pessoa era de 6 000IR, mas quando o porteiro nos disse o preço até tive de pedir para ele repetir: 120 000IR, equivalente a aproximadamente 6 euros, e correspondendo a um aumento de 1000%! A inflação no Irão anda assim… Principalmente para os turistas (mas não só…). Como estávamos em contenção orçamental, resolvemos ver só por fora.
Regressamos da mesma forma, e fomos de metro até à praça Ferdosi, descendo a rua Ferdosi em busca de um “coffee-net”, onde poderíamos relaxar um pouco e, quem sabe, actualizar o “Viajar entre Viagens”. Encontrámos um estabelecimento, mas, como já esperávamos, nada de blogs ou facebook. Sendo assim, demoramos lá pouco tempo e regressamos ao bazar, pois a Carla ainda não estava completamente satisfeita e ainda tinha algumas compras por fazer.
Como o aeroporto fica bastante longe da cidade, e o trânsito por aqui é famoso pela sua intensidade, resolvemos que iríamos buscar as mochilas ao fim da tarde e apanharíamos um táxi para o aeroporto na zona da praça Imam. Mais vale prevenir do que remediar… O senhor do hotel Mashad foi super simpático e até nos ajudou a arranjar um táxi e regateou o preço por nós! Conseguimos assim um desconto que não estávamos à espera, e confirmamos mais uma vez que o principal “highlight” deste país é mesmo a hospitalidade dos seus habitantes! Após cerca de uma hora de viagem, chegámos ao aeroporto internacional Imam Khomeini. Estava na hora de regressar a casa…
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