A minha avó costumava utilizar muito este ditado popular e quando cheguei a Mahan foi precisamente isso que me apeteceu dizer. Mahan é visto pelos iranianos como um dos lugares mais bonitos do Irão. No Expresso Transasiático o sexagenário que nos fez companhia mostrou-nos fotografias de Mahan e aconselhou-nos a não perder uma visita a este lugar.
Como estávamos em Kerman e Mahan fica a apenas 35 quilómetros, resolvemos visitá-la. Mahan tem duas grandes atracções: Bagh-e Shahzde e Aramgah-e Shah Ne’matollah Vali. O primeiro é um jardim repleto de fontes e repuxos que fazem parte de um complexo com um pequeno palácio. O segundo é o mausoléu de um místico dervixe.
Para entrar no complexo de jardins era necessário pagar 150 000 rials/pessoa. Já estávamos sem dinheiro por isso, resolvemos visitar a parte grátis do jardim e pedir ao zelador para entrar só para tirar umas fotografias. Ele lá me deixou e eu fiquei contente por não ter pago o bilhete. Realmente, não valia a pena.
No mausoléu a entrada é grátis e confesso que depois de já ter visto tanta coisa no Irão, o mausoléu não impressiona grandemente. O zelador do mausoléu convidou-nos a subir a um dos minaretes da mesquita a troco de 300 000 rials/pessoa (cerca de 7€). Fiquei boquiaberta! Este não é o Irão que eu conhecia até aqui. No Irão que eu conheci raramente nos pediam dinheiro e todos tentavam mostrar-nos tudo sem nos cobrar fosse o que fosse. Cobravam-se de preços justos e salvo raras excepções de preços iguais aos iranianos. Bem, aqui em Mahan e nas imediações de Kerman, essa não é a regra. Isso deixa-me ficar com a pulga atrás da orelha. Será que daqui por meia dúzia de anos, quando o Irão estiver mais aberto ao turismo, este país estará transformado num novo Marrocos ou Egipto? Será que a chegada dos turistas vai fazer desaparecer aquilo que o Irão tem de melhor: a hospitalidade e simpatia das suas gentes? Pois, a julgar por Mahan, temo bem que sim.
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