Nos últimos anos, apesar da imagem negativa divulgada pelos média ocidentais, o Irão tem-se aberto ao mundo e o turismo tem vindo a crescer consistentemente. Deixando a política de lado, o Irão é um país com imensas atracções, quer naturais quer culturais. A magnificência dos seus desertos, a sul, e montanhas, a norte, é igualada pela simpatia e hospitalidade das suas gentes, ansiosas por mostrar que o Irão é muito mais do que aquilo que se pensa. E não há melhor montra para o mundo exterior do que Isfahan, cidade milenária com uma história riquíssima, beleza arquitectónica e hospitalidade e simplicidade dos seus habitantes. Uma viagem ao Irão não será completa sem visitar Isfahan, provavelmente a cidade mais bonita do país.
Durante os impérios persas a cidade foi ganhando importância, mas foi já depois da tomada da Pérsia por parte dos califados islâmicos que esta cidade ocupou uma posição central naquela que era, há mil anos, a civilização mais avançada do mundo. A cidade viria a ser completamente destruída no século XIV pelo exército de Tamerlão, mas recuperou a sua antiga glória aquando da tomada do poder pela dinastia Safávida, que governou o Irão entre 1501 e 1722, sendo escolhida como capital do império pelo Xá Abbas I, em 1596.
É nesta altura que são construídos os edifícios mais emblemáticos da cidade (e que sobreviveram até aos dias de hoje), à volta da praça Naqsh-e Jahan, numa época em que os habitantes da cidade viviam sob o signo da tolerância religiosa, coabitando pacificamente muçulmanos sunitas e xiitas, cristãos e judeus. No século XVIII, a cidade seria tomada por uma dinastia afegã e nunca mais recuperaria a sua altivez política e tolerância religiosa, perdendo gradualmente importância para outras cidades como Tabriz, Shiraz e Teerão. Hoje, a cidade volta a ser uma das mais dinâmicas do país em termos económicos e industriais, sendo o destino turístico favorito dos iranianos, fruto principalmente da riqueza arquitectónica herdada do século XVII e do seu clima relativamente temperado.
10 Lugares a não perder ao visitar Isfahan
Não é possível visitar num só dia as principais atracções de Isfahan (mesmo num dia muito longo), por isso aconselhamos passar mais algum tempo nesta bela cidade. Apresentamos a seguir uma proposta de roteiro para conhecer 10 lugares a não perder ao visitar Isfahan.
1. Praça Naqsh-e Jahan (ou Imam)
A praça Naqsh-e Jahan (agora oficialmente conhecida como Praça Imam) é o centro da cidade, ponto de encontro dos seus habitantes ao cair da noite, quando o calor diminui, e em torno da qual se reunem os principais monumentos da cidade. Com mais de 500m de comprimento, é considerada a segunda maior praça do Mundo, e é uma visão que não deixa ninguém indiferente ao visitar Isfahan, tal como no século XVII, quando era conhecida como o “padrão do mundo” (é isso que significa o seu nome), sendo uma montra da riqueza e conhecimento do império safávida.
Ao visitar Isfahan, é obrigatório passar pela Praça pelo menos duas vezes, uma vez durante o dia, para entrar nas mesquitas e tirar fotos com a luz do sol, e outra à noite, para conviver com a população local, fazer um piquenique ou uma ceia, e admirar as cúpulas das mesquitas iluminadas e reflectidas na água das piscinas.
2. Palácio de Ali Qapu
Nas horas de oração islâmicas, os não-muçulmanos não podem entrar nas mesquitas que rodeiam a Praça Naqsh-e Jahan, mas se isso acontecer tem sempre a opção de visitar primeiro o palácio de Ali Qapu, no lado oeste da praça, diametralmente em frente à Mesquita do Sheikh Lotf Allah. Construído no final do século XVI, e residência do Xá Abbas I, mais do que pelos seus pormenores arquitectónicos e históricos, vale pelas vistas fabulosas da praça que se tem do seu terraço.
3. Mesquita do Sheikh Lotfollah
Em frente ao Palácio de Ali Qapu, encontra-se a mesquita do Sheikh Lotfollah, construída no séc.XVII. Sem minarete ou pátio interior, foi construída para ser destinada a local de oração das mulheres. A sua cúpula e os painéis em azulejo do portal são maravilhosos, e o salão das orações é uma sala cheia de tranquilidade e beleza, que necessita de tempo para se poder assimilar, enquanto se descansa do bulício e do calor que se fazem sentir na praça.
4. Mesquita de Imam
A Grande Mesquita de Esfahan, a mesquita de Imam, é, provavelmente, a mesquita mais famosa do Irão, e uma das mais bonitas do mundo.
Um verdadeiro complexo de edifícios, está ligado à praça pelo grande portal de entrada de 30m de altura, e na oblíqua em relação ao comprimento da praça, de modo a estar alinhado em direcção a Meca. É nesta mesquita que os motivos florais, os azulejos de tons azuis e as “estalactites” nos tectos os santuários atingem o seu máximo esplendor.
A cúpula atinge 51 m de altura, e tem um tecto duplo, que dizem que é a explicação para o fenómeno que se pode presenciar no centro da sala: batendo com o pé numa laje negra aí localizada, consegue-se ouvir cerca de 10 ecos!
5. Grande Bazar de Isfahan
No lado norte da Praça Naqsh-e Jahan encontra-se uma entrada para o famoso Grande Bazar (Bazar-e Bozorg) de Esfahan. O chamado portal Qeysarieh tem interesse em si pelas suas vívidas pinturas. À volta da Praça, existem lojas que ocupam as arcadas dos edifícios, mas para se sentir o verdadeiro bazar deve embrenhar-se no emaranhado de ruelas que se expande para norte da Praça.
6. Mesquita Hakim
7. Mesquita Jameh
O Grande Bazar de Isfahan liga a Praça Naqsh-e Jahan à Mesquita Jameh, a mesquita de Sexta-Feira, uma das mais belas de Esfahan e do Irão. Construída inicialmente no século XI (do qual ainda sobrevivem as duas cúpulas sobre salões norte e sul), foi reconstruída no século XV e alberga diferentes estilos islâmicos correspondentes às diferentes reestruturações que sofreu ao longo de 800 anos de história.
O salão das orações e o salão de inverno convidam à reflexão silenciosa, enquanto o salão do sultão Uljeitu impressiona pelo fabuloso mihrab e pelas inscrições corânicas e motivos florais.
A cúpula de Taj al-Molk, em tijolo, é uma maravilha da engenharia, tendo sobrevivido a 900 anos recheados de abalos sísmicos.
8. Catedral Vank (Kelisa-ye Vank)
A sul do rio Zayandeh, e da ponte Abuzar, encontra-se Jolfa, o quarteirão arménio, criado pelo Xá Abbas I, com populações deslocadas da fronteira do Irão com a actual Arménia. Ali encontram-se ainda hoje testemunhos de uma cultura cristã que soube coexistir com a cidade islâmica. E o maior desses testemunhos é um tesouro escondido de Isfahan, uma verdadeira pérola artística, a Catedral Vank. Construída entre 1606 e 1655, exibe um interior repleto de frescos lindíssimos, representando cenas bíblicas, mas também cenas sangrentas do martírio de São Gregório, o Iluminador. A não perder ao visitar Isfahan.
9. Percurso das Pontes
10. Dormir no Palácio Gashr Monshi
Ao visitar Isfahan, o descanso é tão importante quanto a exploração da cidade. Uma excelente opção é o Ghasr Monshi Hotel, uma casa tradicional iraniana, que em tempos foi a residencial palacial do governador de Isfahan, e que agora alberga um dos melhores hotéis da cidade. A sua localização é excelente, pois encontra-se muito perto (5 minutos a pé) da Praça Naqsh-e Jahan.
Sendo uma casa senhorial recuperada, o edifício tem a forma tradicional, com um pátio interior e dois andares de quartos a um nível inferior ao da rua. Os quartos são confortáveis, no estilo clássico persa, e com entradas de luz (no tecto) vindas de alçapões ao nível do chão do hotel. A não perder!
O pequeno-almoço é excelente e é ideal para acumular energias para um dia cheio de sítios para visitar e experiências para sentir.
Peça para experimentar a gastronomia iraniana, e a gerência do Gashr Monshi Hotel irá preparar um jantar tipicamente iraniano na magnífica e deslumbrante sala apalaçada da casa. A comida é deliciosa, com saladas frescas, arroz iraniano com açafrão, espetadas de frango, e vários pratos típicos como o ghorme sabzi (estufado de cordeiro), mast (iogurte) e mirza ghasemi (beringela grelhada), todos divinais.
Já viu que há muitos e bons motivos para visitar Isfahan, e experimentar a genuína hospitalidade iraniana no Gahsr Monshi Hotel.
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Será sempre bem vinda. 🙂
Belo relato!!! Estou a caminho desta terra enigmatica e voltarei aqui algumas vezes para reler suas dicas preciosas!
Obrigada.O Irão é uma verdadeira inspiração para a escrita. Esperamos continuar à altura das expectativas. 🙂
fantástico. as fotos, as cores, a hospitalidade. estou a adorar as vossas histórias! hei-de lá ir um dia! ** Bem hajam!