Uma dos nossos objectivos na Indonésia e em Java era subir o Monte Semeru, na realidade o vulcão Semeru, um vulcão activo.
Artigos no nosso blogue sobre locais em Java na Indonésia
- CRATERA DE IJEN – Um artigo sobre a nossa experiência a viver uma semana na cratera de Ijen em Java para a realização de um documentário sobre os mineiros de enxofre de Ijen.
- VISITAR BOROBUDUR – Um artigo com tudo o que precisa de saber para visitar e chegar aos templos hindus de Borobudur em Java, Indonésia.
- VISITAR YOGYAKARTA – Um artigo com tudo o que precisa de saber para visitar e chegar à cidade de Yogyakarta em Java, Indonésia.
- VISITAR PRAMBANAN – Um artigo com tudo o que precisa de saber para visitar e chegar aos templos hindus de Prambanan em Java, Indonésia.
- VISITAR AS ALDEIAS DE BOROBUDUR – Um artigo com tudo o que precisa de saber para visitar e chegar às aldeias rurais próximas de Borobudur, em Java, Indonésia.
- VISITAR JACARTA – Um artigo cheio de dicas sobre alojamento, tours, transportes, lugares a visitar, etc. na cidade e arredores de Jacarta, em Java, na Indonésia, com muitas dicas para explorar e visitar a cidade.
- VISITAR O KRAKATOA – Um artigo com tudo o que precisa de saber para visitar o vulcão Krakatoa, em Java, Indonésia.
- VISITAR BANYUWANGI – Um artigo com tudo o que precisa de saber para viajar e visitar Banyuwangi, em Java na Indonésia.
- VISITAR MALANG – Um artigo com tudo o que precisa de saber para viajar e visitar Malang, em Java na Indonésia.
- SUBIR O VULCÃO SEMERU – Um artigo com tudo o que precisa de saber para visitar o vulcão do Monte Semeru, em Java, Indonésia.
- VISITAR TUMPANG – Um artigo com tudo o que precisa de saber para visitar a região de Tumpang, em Java, Indonésia.
- SUBIR O VULCÃO BARTOK – JAVA – Um artigo com tudo o que precisa de saber para visitar o vulcão Bartok, em Java, Indonésia.
- VISITAR O MONTE BROMO – Um artigo com tudo o que precisa de saber para visitar o vulcão do Monte Bromo, em Java, Indonésia.
- VISITAR CEMORO LAWANG – Um artigo com tudo o que precisa de saber para visitar e chegar a Cemoro Lawang para visitar os Vulcões de Java, Indonésia.
- VISITAR CARITA – JAVA – Um artigo com tudo o que precisa de saber para visitar a zona dos arrozais de Carita, em Java, Indonésia.
- VISTO DA INDONÉSIA – Um artigo com tudo o que precisa de saber para tirar o visto da Indonésia.
- VIAJAR EM JAVA – Um artigo que é um guia de viagem, com roteiro, dicas para viajar, informação prática, ligações de transporte por terra, ar e barco, com horários e preços. Se procura de um artigo que o ajude a preparar a sua viagem de forma independente em Java, este é o artigo.
Visitar TUMPANG e RANU PANI, e decidir como subir ao cume do Vulcão Semeru | Indonésia
Estávamos a ficar desanimados. Tínhamos três dias para tentar subir o vulcão Semeru e no dia anterior, em Malang, não tínhamos conseguido arranjar nada a preço adequado ao nosso orçamento. Assim, resolvemos deixar as nossas coisas no hotel de Malang e rumar à aldeia de Tumpang.
Levantámo-nos cedo porque não sabíamos como iriam correr as coisas e o nosso tempo começava a escassear. Apanhámos dois angkots, um para a estação de Arjosari e de lá, outro, para a aldeia de Tumpang. Demorámos quase duas horas a chegar à aldeia de Tumpang e por isso não havia tempo a perder. Recorremos ao google maps para ver se havia alguma agência local assinalada mas nada. Entretanto, reparámos que havia um Adventure Camp um pouco à frente. Resolvemos ir lá.
O Adventure Camp é um refúgio de montanhistas em Tumpang que acolhe aqueles que vão para a montanha e, disse-nos um rapaz bem simpático, que não organizavam expedições. Com o seu parco inglês e a ajuda de um outro rapaz, mostrou-nos no google maps uma homestay cujo dono é francês e que talvez nos pudesse ajudar. Marcámos no nosso mapa. Eram cerca de dois quilómetros dali por isso resolvemos ir.
Entre casas, escolas e até campos de milho fomos desbravando caminho até alcançar a Rani Homestay, a tal que o rapaz nos tinha indicado. Quando lá chegámos, Rani e a mulher, indonésia, receberam-nos e explicaram-nos como podíamos fazer para ir ao cume. O preço que nos deram era igualmente proibitivo para nós: 3 500 000 rupias, cerca de 225€/pessoa. Explicamos-lhe que gostávamos muito de ir ao cume mas não tínhamos aquele dinheiro. Estávamos dispostos a partilhar jipe, guia, carregadores, tudo. Rani disse-nos que a única hipótese para baixar o preço seria partilhar jipe com dois rapazes de Singapura e ir sem guia. Iríamos apenas com os carregadores mas que eles não falam inglês. Para nós isso não seria um problema. O problema seria que com a taxa extra de ser temporada alta (aqui são férias nacionais por causa do dia da independência a 17 de Agosto), o preço mais barato que nos conseguia era 2 500 000 rupias/pessoa. Cerca de 150€/pessoa. Pensamos muito. É muito dinheiro para o nosso orçamento, especialmente para quem viaja a longo termo. No entanto, isto era algo que queríamos muito fazer.
Ainda colocámos a possibilidade de ir até Ranu Pani, a aldeia seguinte, a cerca de duas horas de jipe partilhado a partir de Tumpang, onde talvez conseguíssemos arranjar mais barato. No entanto, começamos a fazer contas. Teríamos que pagar transferes para Ranu Pani, voltar para Malang para ir buscar tudo o que tínhamos deixado no hotel. Teríamos que ser nós a tratar da logística toda, nomeadamente permissões, atestado médico (que é obrigatório), comida, alugar tenda, sacos camas, etc. Ponderamos bem tudo e achamos que, embora pudesse ficar mais barato, isso iria consumir tempo e dinheiro. Tempo que tínhamos cada vez menos e dinheiro que achamos que não ia compensar. Decidimos assim dizer sim aos 2 500 000 rupias por pessoa.
Combinamos tudo com o Rani para o dia seguinte. Despedimo-nos dele e da mulher e regressámos novamente a Malang de angkot, onde chegámos quase às 16h devido ao trânsito infernal. Estávamos cansados e cheios de calor e deitámos na cama no hotel e adormecemos. Nem tivemos força para ir dar uma volta pela cidade. Só nos levantamos para ir jantar e voltamos para a cama, aproveitando para descansar para o dia seguinte. Tínhamos que dormir bem nesta noite porque o desafio que se adivinhava não ia ser fácil nem nos dar descanso…
Faça seguro de viagem na Iati Seguros ao menor preço do mercado e com seguros especializados para viajantes. Se usar este link gozará de 5% de desconto.
Este artigo foi realizado durante a nossa viagem de Volta ao Mundo em 2019/2020. Dia 31 – TUMPANG ou RANU PANI, como conseguir subir ao cume do Vulcão Semeru | Indonésia (Agosto 2019)
Logo de manhã, tal como planeado, o táxi estava à nossa espera à porta do RedDoorz de Malang. O taxista era um velhote com cara simpática, mas que não dizia uma palavra de inglês. Certificamo-nos que sabia para onde queríamos ir, e partimos. Íamos em direcção a Tumpang, e ao ponto de encontro, a partir do qual o grupo de quatro pessoas partiria para a aldeia de Ranu Pani, onde íamos partir para subir o Monte Semeru, iniciando com um dia de trekking de aproximação.
Com a ajuda do Google Maps, lá ajudámos o taxista a chegar ao nosso destino, um pouco fora do centro de Tumpang. Lá, voltámos a encontrar os donos da homestay e conhecemos os nossos companheiros de aventura no Monte Semeru: Shyam e Rodrigo, indiano e filipino, respectivamente, mas ambos a viver em Singapura. Juntamente com o guia e os carregadores, seria este grupo com que íamos subir o Monte Semeru em dois dias, com uma noite na base do vulcão.
Subir o Monte Semeru
Sabíamos que seria um desafio. O Monte Semeru, ou Gunung Semeru, é a montanha mais alta de Java, e um vulcão activo, com duas explosões por hora, aproximadamente. O primeiro dia, no entanto, não é difícil. O trekking de aproximação faz-se por terreno muito diverso, que se vai alterando conforme vamos subindo em altitude, com subidas e descidas contantes, de forma que o ganho de altitude é relativamente pouco, ou seja, saímos de Ranu Pani a cerca de 2200 m de altitude e chegamos a Kalimati, um acampamento na base do vulcão, a cerca de 2700 m de altitude.
De jipe até Ranu Pani
A viagem de jipe de Tumpang a Ranu Pani demora cerca de 1 hora, numa estrada de montanha muito bonita, que percorre uma crista da montanha, com vale dos dois lados. Pelo caminho, passamos pela borda da caldeira do Bromo, do lado oposto ao da King Kong Hill, e mais uma vez temos uma vista espectacular sobre a caldeira, desta vez com o Bromo escondido, mas com a caldeira a exibir o seu esplendor.
Ficámos a saber que existe também um percurso pedestre deste lado, que pode começar na aldeia de Ngadas, desce à caldeira e depois sobe ao topo do Bromo. E, como ficámos a saber no dia anterior, o Monte Bromo está já aberto, seria uma excelente opção. Isto, se tivéssemos tempo! Mas não… É tempo de subir ao Monte Semeru e depois seguir viagem.
Antes de chegarmos a Ranu Pani, fomos com o guia obter um certificado médico (muito rápido!) que é obrigatório para quem tenta subir ao Monte Semeru, desde que supostamente houve algumas mortes na subida por ataque cardíaco. Pesámo-nos (não vou revelar valores…) e foi-nos medida a tensão arterial (nem perguntei…). Aparentemente, está tudo ok e estamos preparados fisicamente para o esforço.
Ranu Pani e o início da caminhada
Na aldeia de Ranu Pani, o guia paga a entrada no Parque para os dois dias e estamos prontos para começar. Como pagámos a tour sem direito ao guia, será um dos carregadores a acompanhar-nos durante todo o caminho. Mas o Shyam e o Rodrigo, que vieram por uns dias a Java só para subir ao Monte Semeru e pagaram uma tour de ida e volta de Surabaya, seguem sempre junto a nós, um pouco atrás ou à frente. O nosso carregador, Roidil, não diz uma palavra de inglês (o guia é quase igual…), mas também não é preciso. O que é preciso é que tudo corra bem.
Os carregadores fazem aqui um trabalho que não podia deixar de ser extremamente penoso. Carregam as tendas, colchões, sacos-cama, comida e água. Nós carregamos uma mochila pequena com o material fotográfico, uma garrafa de água e a nossa roupa para a subida ao cume.
Experimentei a carga de Roidil, cerca de 20kg, um peso suportável, mas ele carrega aquilo, não numa mochila (o que seria razoável), mas nas pontas de um pau que leva ao ombro. Isso é que, para mim, seria insuportável. Além disso, usa como calçado umas galochas, que neste tempo são extremamente desconfortáveis e quentes. Ou então, está prever chuva…
Até ao lago Rani Kubolo
A primeira parte da caminhada do dia liga Ranu Pani ao lago Ranu Kubolo, a cerca de 11 km de Ranu Pani, e a 2400 m de altitude. No início, caminhamos por floresta tropical, muito húmida, mas menos húmida do que seria na época das chuvas. Aliás, a melhor época para subir ao Monte Semeru é entre Maio e Outubro, quando a probabilidade de chuva ou nebulosidade é muito menor e, consequentemente, a probabilidade de céu límpido no topo é maior.
Gradualmente, a vegetação vai mudando e a neblina vai-se dissipando, e de vez em quando vamos tendo um vislumbre do cone do Monte Semeru. É uma visão realmente impressionante e pensamos para nós próprios como será possível subirmos aquilo. Mas as montanhas são feitas passo a passo, sem pensar em como é que é possível, mas sim que é possível fazê-lo.
O nosso carregador, apesar da carga, estabelece um passo rápido, e vai liderando o caminho. E nós seguimos, parando de vez em quando para tirar fotos. Após quase três horas de caminhada, chegamos ao lago Ranu Kubolo que, com o sol, é uma bela visão. Num dos extremos do lago, encontra-se um acampamento. São muitos os indonésios que fazem este trilho, a maioria muito jovens, e alguns acampam ali, normalmente no percurso de volta do Monte Semeru.
É hora de almoço, e altura de sermos mimados. Mesinha e cadeiras (mais uma coisa que os carregadores trazem, esta dispensável) são montadas junto ao lago e é-nos servido um chá com bolachas e um almoço simples, mas saboroso (massa à bolonhesa mas com molho agridoce) e até arranjaram uma opção vegetariana para o Shyam. Depois de descansarmos um pouco, estava na hora de continuarmos a caminhada.
Até Kalimati na base do Monte Semeru
Aliás, o início estava diante dos nossos olhos. Uma subida muito íngreme, mas curta. A seguir, entramos numa paisagem diferente, de estilo savana. As árvores mudam, e a cor predominante deixa de ser o verde, para passar a ser o amarelo e o castanho. Depois de atravessarmos um belo vale, entramos naquela que seria a subida mais exigente do dia, não tão íngreme como a de depois do almoço, mas muito longa.
É ali que fazemos a maior parte do ganho de altitude que temos de fazer para chegar a Kalimati. Antes de chegarmos, temos ainda uma visão global e límpida do Monte Semeru e, pel primeira vez, somos testemunhas de uma explosão no topo. Uma nuvem de fumo branco eleva-se nos ares e dissipa-se, formando um longo rasto.
Chegados a Kalimati, estamos mesmo na base do vulcão. A vegetação ainda se faz sentir, inclusive nas encostas do vulcão. Só a partir de determinada altitude, desenhada quase a régua, a vegetação desaparece completamente e sobra só rocha vulcânica e cinza. É esse o percurso que teremos de fazer durante a noite. Ao contrário de outras experiências, como a subida ao vulcão Cotopaxi, no Equador, onde a subida é feita durante a noite por razões de segurança (durante o dia, o gelo dos glaciares que cobrem o vulcão torna-se instável), aqui é mais por uma razão prática, pois subindo de noite, assiste-se ao nascer do sol no topo e pode-se descer a tempo de fazer todo o caminho de volta a Ranu Pani nesse mesmo dia.
Uma noite fria e desconfortável
Depois do sol se pôr, o frio (que até ali não se tinha feito sentir) instala-se e é difícil aguentar parado. As tendas são montadas, e é-nos trazido o jantar já de noite. Um jantar digno de quem vai tentar subir o Monte Semeru! Banana frita, arroz branco com carne guisada e noodles fritos, em quantidades que, depois de nós os quatro comermos à vontade, até sobrou. A verdade é que também não convém comer demasiado. Vamos deitar-nos logo a seguir ao jantar, cerca das sete e meia da tarde, e vamos levantar-nos cerca da meia-noite e meia, para começar a andar à uma da manhã.
Faça seguro de viagem na Iati Seguros ao menor preço do mercado e com seguros especializados para viajantes. Se usar este link gozará de 5% de desconto.
Os sacos-cama são finos, não adequados para estas temperaturas (está com certeza abaixo de 10 °C), mas temos dois cada um, metidos um no outro. Além disso, trouxe um lençol que se mete dentro do saco-cama e dá 5 °C extra de conforto térmico. A Carla passa algumas dificuldades com o frio, principalmente nos pés e mãos, e as horas que passamos na tenda são de um sono intermitente, pois o terreno é muito duro e os colchões são finos, tendo de mudar de posição frequentemente. À meia-noite e meia, como combinado, é tempo de levantar. A aventura de subir o Monte Semeru agora é que ia começar.
Este artigo foi realizado durante a nossa viagem de Volta ao Mundo em 2019/2020. Dia 32 – Subir o MONTE SEMERU, dia do trilho aproximação ao vulcão | Indonésia (Agosto 2019)
No cume do MONTE SEMERU (3676m), o vulcão mais alto de Java | Indonésia
Equipados com roupa quente (calças em duas camadas e três camadas no tronco mais um casaco windstopper)e depois de tomado um brevíssimo chá quente com uma barra energética, estávamos prontos para começar a subir o Monte Semeru.
Nas encostas florestadas do Monte Semeru
Seguimos em dois grupos, nós com o Roidil e o Shyam e Rodrigo com o guia. O início da subida é feito ainda embrenhados na floresta. Sente-se a humidade, estamos abrigados do vento e caminhamos sempre a subir. É natural que comecemos a transpirar, mas não vale a pena tirar camadas de roupa pois mais lá para cima vamos precisar delas. Abro um pouco os casacos e deixo o peito refrescar.
A Carla sente-se cansada e vamos progredindo ao ritmo dela. Roidil mantém-se connosco, inicialmente atrás, mas depois passando para a frente. São muitas as luzes de frontais que vemos na escuridão, pois são várias dezenas de pessoas que tentam chegar ao cume do Monte Semeru nesta noite.
Ultrapassamos algumas pessoas e somos ultrapassados por outras. A montanha é mesmo assim. Cada um deve encontrar o seu ritmo, um ritmo que consiga manter durante grandes intervalos de tempo, pois não se deve parar frequentemente, porque quando se pára, os músculos arrefecem e começamos a ter frio.
No cone do Monte Semeru
Após mais de uma hora de caminhada, saímos da floresta e entramos no domínio propriamente dito do vulcão. A partir dali não há vida; só rocha e cinza vulcânicas. Estamos mais expostos ao vento e frio, mas ambos parecem dar tréguas. A subida prossegue lentamente, em ziguezague, pela encosta inclinada do Monte Semeru. É uma elevação de quase mil metros em pouco mais de 3,5 km de distância, ou seja, uma inclinação média de quase 30%.
Roidil segue à frente; depois a Carla e a seguir eu. A Carla luta com algumas dores musculares e cansaço. O terreno não ajuda; resvala-se muito se não se puser os pés no sítio certo, e muitas vezes é inevitável. Temos de parar algumas vezes para descansar e beber água. Nesta fase, a ordem das pessoas que sobem mantém-se quase inalterada. Quase ninguém nos ultrapassa e não ultrapassamos quase ninguém. Olho para baixo e vejo uma longa fila de luzes de frontal a iluminar a escuridão. Surpreende-me o número de pessoas, já que é uma subida exigente.
Os nossos companheiros separaram-se; Rodrigo está bem fisicamente e segue sozinho um pouco à nossa frente, enquanto Shyam está a sofrer fisicamente e segue um pouco mais atrás, com a companhia do guia. Eu sinto-me bem, talvez porque esteja a subir a um ritmo inferior ao meu. No entanto, paro muitas vezes e, conforme vou subindo, vou sentindo mais o frio. Em compensação, olho mais vezes em redor e aprecio a paisagem. Em primeiro plano a impressionante inclinação da vertente do Monte Semeru, ao fundo as luzes das cidades próximas e as formas de montanhas em redor.
No topo do Monte Semeru
A parte final da subida é mais dura. O terreno é mais instável, resvala-se quase constantemente, duplicando o esforço necessário para progredir. Já se vê as cores da alvorada. Tivemos sorte. Mesmo nesta época é comum o Monte Semeru acordar envolto em nuvens. Mas desta vez, somos agraciados com um nascer do dia límpido. Um brilhante laranja anuncia a chegada do astro-rei.
Chegamos ao topo mesmo a tempo de ver o nascer do sol, após quatro horas e meia de subida. Gritamos e felicitamo-nos, e comemoramos com o carregador. Como sempre, temos noção de que a chegada ao cume é sempre metade da história. Mas, por enquanto, desfrutamos de estar no topo da ilha de Java.
De repente, ouve-se um estrondo e, instintivamente, corremos na direcção do barulho. Estávamos no topo há poucos minutos e ainda não tínhamos raciocinado onde estava a cratera do vulcão. A verdade é que a cratera activa forma um cone secundário, escondida atrás (vindos de Kalimati) do cume principal.
Estamos a uma distância de segurança da cratera, suficiente para assistir à erupção (apenas de fumo), mas suficientemente longe para não corrermos perigo, mas ao mesmo tempo também não conseguimos ver o interior da cratera. Algumas pessoas dirigem-se para a cratera, mas os guias não deixam pois é perigoso.
Penso que o drone ali faria jeito, pois permitiria uma aproximação à cratera por cima, mas rapidamente me dou conta que, com o vento que se faz sentir, não seria possível voar em segurança. Já para não falar no facto de que o teria de carregar até ao topo. Tiramos fotos em todas as direcções.
Para leste, as cores do sol nascente. Para sul, a caldeira do Bromo (com este escondido) e o topo do vulcão Bartok a espreitar ao longe. Para oeste, a sombra do cone perfeito do Semeru projecta-se sobre a paisagem. Ao mesmo tempo, os carregadores ajoelham-se e fazem a primeira oração do dia. Para norte, a cratera continua em ebulição e faz-se sentir nova explosão, mais pequena, esta sem fazer barulho. Tiramos também fotos juntamente com os nossos companheiros, juntos agora no topo.
Descer o Monte Semeru
Estamos no topo quase uma hora, mas o tempo parece voar. Ainda temos tempo para um chá servido por Roidil (desta vez morno, mas no topo do Monte Semeru não se pode pedir mais!) e umas bolachinhas. Está frio e a Carla e o Shyam sentem-no mais, parados. Está na hora de descer. Shyam e Rodrigo começam a descer sem avisar o guia. Um erro que pagariam caro.
Nós descemos, como sempre, com a companhia de Roidil. A primeira fase é espectacular, pois descemos por um canal de gravilha solta e alguma pedra. Tem de se descer com muito cuidado, sempre a olhar para onde se põe os pés, mas pode-se (e deve-se) descer rápido, escorregando com a gravilha. Temos de manter uma distância de quem vai mais abaixo, no entanto, para evitar atingir alguém com pedras que resvalem. É divertido, mas tem de se manter o discernimento.
A segunda parte da descida é já na floresta, esta coincidindo com o percurso da subida. Descalçamo-nos e tiramos quase um quilo de terra das botas, para podermos andar o que resta sem magoar os pés já massacrados. Rapidamente chegamos ao acampamento. O que demorou quatro horas e meia a subir demora cerca de uma a descer. São sete e meia da manhã e já estamos de volta ao acampamento. Correu muito bem!
Um pequeno susto
Os nossos companheiros, que partiram antes de nós, ainda não chegaram. Passado pouco tempo, chega o guia, mas sem eles. Começámos a ficar preocupados. O guia refresca-se e volta subir à procura deles. Esperamos que tudo corra bem. Felizmente, passada meia hora, Shyam e Rodrigo chegam sãos e salvos ao acampamento. Tinham-se perdido na descida e só agoram é que chegavam, mais cansados e um pouco desmoralizados. Mas tudo acaba bem quando tudo está bem.
Depois de descansarmos, e comermos umas laranjas e panquecas, fruto do trabalho dos carregadores que tinham ficado em baixo, estávamos prontos para continuar. O dia ia ser duro, apesar do pior já ter passado. Tínhamos de fazer os 17 km que nos separavam de Ranu Pani. O percurso é a descer, mas também com muitas subidas, e as pernas já não reagiam da mesma forma.
De Kalimati a Ranu Pani
Sempre com a companhia de Roidil, descemos até ao lago, onde os nossos companheiros já nos esperavam, deitados na erva a apanhar sol. O tempo estava espectacular, e o lago até convidava a um mergulho, mas o nosso cansaço e a qualidade da água ali ao lado diziam-nos o contrário.
Mais uma vez, almoçámos junto ao lago, desta vez uns noodles fritos algo picantes. Estávamos prontos para prosseguir. Faltavam ainda 11 km e só queríamos chegar para descansar. Este troço custou-nos bastante. Grande parte dele é a subir, apesar da aldeia estar mais abaixo do que o lago. No entanto, o percurso logo a sair do lago sobe bastante, para depois descer. Roidil vem atrás de nós, sempre incansável.
Paramos em alguns pontos, onde reencontramos os nossos companheiros, invariavelmente um pouco mais à frente. Finalmente, chegamos a Ranu Pani cerca das duas da tarde. Estávamos muito cansados mas igualmente satisfeitos. Recompensámos Roidil com um abraço e uma gorjeta, algo que não costumamos fazer, mas ele fez mais do que muitos guias, sendo apenas um carregador, estando sempre connosco e esperando por nós.
O fim de uma aventura
Era hora de seguir viagem, de jipe, novamente para a homestay onde tínhamos começado no dia anterior. Quando chegámos, fomos felicitados pelo dono, mas só queríamos descansar. Despedimo-nos dos nossos companheiros, com a promessa de um reencontro em Singapura daqui a uns meses, e fomos para o nosso quarto.
Sacudimos a roupa poeirenta, tomámos um banho, bebemos um chá e deitámo-nos na cama. Subir ao Monte Semeru quase sem dormir tem destas coisas. Eram sete da tarde e íamos dormir, só para acordar no dia seguinte. Era o descanso dos guerreiros do Monte Semeru.
Faça seguro de viagem na Iati Seguros ao menor preço do mercado e com seguros especializados para viajantes. Se usar este link gozará de 5% de desconto.
Este artigo foi realizado durante a nossa viagem de Volta ao Mundo em 2019/2020. Dia 33 – No cume do MONTE SEMERU (3676m), o vulcão mais alto de Java | Indonésia (Agosto 2019)
Se está a pensar viajar na Indonésia estes são os artigos que temos no blogue e que lhe podem interessar
- MELHORES PRAIAS DA INDONÉSIA – Um artigo com a lista exaustiva sobre as melhores praias da indonésia, desde Lombok às Molucas, passando pela Papua Ocidental, Java, Bali, Sulawesi ou Komodo e Flores.
- VIAJAR EM SULAWESI – Um artigo que é um guia de viagem para Sulawesi, com roteiro, dicas para viajar, informação prática, ligações de transporte por terra, ar e barco, com horários e preços em Sulawesi. Se procura de um artigo que o ajude a preparar a sua viagem de forma independente em Sulawesi, este é o artigo.
- VIAJAR EM BALI – Um artigo que é um guia de viagem, com roteiro, dicas para viajar, informação prática, ligações de transporte por terra, ar e barco, com horários e preços. Se procura de um artigo que o ajude a preparar a sua viagem de forma independente em Bali, este é o artigo.
- VIAJAR EM LOMBOK – Um artigo que é um guia de viagem, com roteiro, dicas para viajar, informação prática, ligações de transporte por terra, ar e barco, com horários e preços. Se procura de um artigo que o ajude a preparar a sua viagem de forma independente em Lombok, este é o artigo.
- VIAJAR NAS FLORES – Um artigo que é um guia de viagem, com roteiro, dicas para viajar, informação prática, ligações de transporte por terra, ar e barco, com horários e preços. Se procura de um artigo que o ajude a preparar a sua viagem de forma independente na ilha das Flores, este é o artigo.
- VISITAR UBUD – BALI – Um artigo cheio de dicas sobre alojamento, tours, transportes, lugares a visitar, etc. na cidade e arredores de Ubud, em Bali, na Indonésia, com muitas dicas para explorar e visitar a cidade.
- VISITAR MUNDUK – BALI – Um artigo cheio de dicas sobre alojamento, tours, transportes, lugares a visitar, etc. na cidade e arredores de Munduk e das montanhas, em Bali, na Indonésia, com muitas dicas para explorar e visitar a cidade.
- VISITAR NUSA PENIDA – Um artigo cheio de dicas sobre alojamento, tours, transportes, lugares a visitar, etc. na ilha de Nusa Penida, em Bali, na Indonésia, com muitas dicas para explorar e visitar a ilha.
- VISITAR NUSA LEMBONGAN – Um artigo cheio de dicas sobre alojamento, tours, transportes, lugares a visitar, etc. na ilha de Nusa Lembongan e Nusa Ceningan, em Bali, na Indonésia, com muitas dicas para explorar e visitar a ilha.
- VISITAR KUTA BALI – Um artigo cheio de dicas sobre alojamento, tours, transportes, lugares a visitar, etc. na cidade e arredores de Kuta e Benoa, em Bali, na Indonésia, com muitas dicas para explorar e visitar a cidade.
- PENÍNSULA DE BUTIK – Um artigo cheio de dicas sobre alojamento, tours, transportes, lugares a visitar, etc. na zona de Butik, em Bali, na Indonésia, com muitas dicas para explorar e visitar a região.
- VISITAR AS ILHAS PADAIDO – Um artigo com tudo o que precisa de saber para viajar as ilhas Padaido, um arquipélago cheio de ilhas deslumbrantes na Papua Ocidental, Indonésia.
- VISITAR BIAK – Um artigo com tudo o que precisa de saber para viajar as ilhas Biak, um arquipélago cheio de ilhas deslumbrantes na Papua Ocidental, Indonésia.
- VISITAR WAMENA E VALE DE BALIEM – Um artigo sobre a nossa experiência a tentar visitar Wamena e o Vale de Baliem na Papua Ocidental.
- VISITAR RAJA AMPAT – Um artigo com tudo o que precisa de saber para viajar para Raja Ampat, um arquipélago cheio de ilhas deslumbrantes na Papua Ocidental, Indonésia.
- VISITAR AS ILHAS KEI NAS MOLUCAS – Um artigo com tudo o que precisa de saber para viajar as ilhas Kei, um arquipélago cheio de ilhas deslumbrantes nas Molucas, na Indonésia.
- VISITAR AS ILHAS BANDA NAS MOLUCAS – Um artigo com tudo o que precisa de saber para viajar as ilhas Banda, um arquipélago cheio de ilhas deslumbrantes nas Molucas, na Indonésia.
- VISITAR ORA BEACH NAS MOLUCAS – Um artigo com tudo o que precisa de saber para viajar e visitar Ora Beach e as ilhas deslumbrantes nas Molucas, na Indonésia.
- MOLUCAS, AS ILHAS DAS ESPECIARIAS – Um artigo sobre os cheiros e sabores da nossa viagem pelas Molucas, o local mais belo da Indonésia.
- VISITAR TIDORE – Um artigo com tudo o que precisa de saber para viajar e visitar a ilha de Tidore nas ilhas deslumbrantes das Molucas, na Indonésia.
- VISITAR TERNATE – Um artigo com tudo o que precisa de saber para viajar e visitar a ilha de Ternate nas ilhas deslumbrantes das Molucas, na Indonésia.
- VISITAR AS ILHAS TONGEAN – Um artigo com tudo o que precisa de saber para viajar e visitar as incríveis ilhas Tongean, um arquipélago em Sulawesi com os ciganos do mar.
- VISITAR TANA TORAJA – Um artigo com tudo o que precisa de saber para viajar e visitar em Tana Toraja, uma região única do ponto de vista cultural em Sulawesi.
- CULTO DOS MORTOS EM TANA TORAJA – Um artigo que é a partilha da nossa experiência em Tana Toraja para fazer um documentário sobre o culto dos mortos na região de Toraja em Sulawesi, na Indonésia.
- VISITAR KUPANG – Um artigo sobre a cidade de Kupang, a capital de Timor Ocidental na Indonésia, com dicas para explorar e visitar a cidade.
- VISITAR O VULCÃO KELIMUTU – Um artigo com tudo o que precisa de saber para visitar o vulcão Kelimutu, nas Flores, Indonésia.
- VISITAR AS ALDEIAS DE BAJAWA – Um artigo com tudo o que precisa de saber para visitar as aldeias de Bajawa e a cultura local, nas Flores, Indonésia.
- VISITAR WAE REBO – Um artigo com tudo o que precisa de saber para visitar a aldeia de Wae Rebo e a cultura local, nas Flores, Indonésia.
- BARCO DE LOMBOK ÀS FLORES – Um artigo com tudo o que precisa de saber para preparar a sua viagem desde Lombok até às Flores, na Indonésia, passando por Komodo e Sumbawa.
- VISITAR AS GILI SECRETAS DE LOMBOK – Um artigo com tudo o que precisa de saber para viajar e visitar as ilhas Gili Secretas de Lombok, na Indonésia.
- VISITAR KUTA LOMBOK – Um artigo com tudo o que precisa de saber para viajar e visitar em Kuta Lombok, na Indonésia.
- NIKKO BALI BENOA BEACH HOTEL – O hotel que ficamos alojados no sul de Bali para explorar esta região da ilha. Um resort maravilhoso.
- MONTE RINJANI – Um artigo com tudo o que precisa de saber para subir e visitar o vulcão do Monte Rinjani, em Lombok, Indonésia.
- VISITAR GILI AIR – Um artigo com tudo o que precisa de saber para viajar e visitar as ilhas Gili em Lombok, na Indonésia.
- VISITAR GILI TRAWANGAN – Um artigo com tudo o que precisa de saber para viajar e visitar as ilhas Gili em Lombok, na Indonésia.