Visitar Badami foi uma das mais agradáveis surpresas da nossa viagem. Badami é uma cidade praticamente esquecida no estado de Karnataka, a meio do percurso entre Bijapur e Hampi. Hoje é uma pequena cidade, praticamente uma aldeia à escala indiana, e quem lá não pára nunca adivinharia a importância que Badami já teve na história da Índia, e a grandeza do legado arqueológico que chegou aos nossos dias.
No nosso roteiro pela Índia, não podíamos deixar passar a oportunidade de conhecer este lugar, e ainda bem que o fizemos, pois foi um dos lugares que ficou no nosso coração, pela sua riqueza histórica, mas principalmente pelas suas gentes.
Há 1500 anos, Badami estava prestes a tornar-se a capital de um extenso império hindu, ocupando uma enorme área no centro e sul da Índia, sob o governo da dinastia Chalukya de Badami, senhores do Decão nos séculos VI a VIII. O aparecimento deste império marcou a história do sul da Índia; a partir de então, a era dos pequenos reinos deu lugar aos grandes impérios, a administração do território tornou-se mais eficiente, o comércio desenvolveu-se, inclusive além-mar, e a arquitectura viveu uma época de ouro.
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O que hoje se pode visitar em Badami e arredores é um testemunho da grandeza de Badami e da magnitude da sua influência num enorme território. É possível visitar tudo num dia muito longo, mas é preferível organizar bem a sua viagem. Aqui ficam as nossas sugestões para visitar na região de Badami.
Dicas para visitar Badami
- Visitar Badami num dia.
- Visitar os arredores, Aihole, Pattadakal, e Mahakuta, noutro dia.
- A melhor opção é alugar um riquexó para o dia.
- O riquexó para visitar os quatro lugares custou-nos 1000 rupias.
- Em Badami ficamos alojados no Hotel Rajsangam International. O hotel é bom, mesmo em frente à estação de bus. Servem jantares no quarto, o que é óptimo.
BADAMI
Badami é hoje procurada por muitos jovens escaladores que “atacam” os penhascos de arenito vermelho que ponteiam a paisagem e rodeiam a cidade e o seu lago Agastya Tirtha. No entanto, o engenho humano deixou ali um testemunho gravado na rocha, algo que, aliado à beleza natural, faz com que visitar Badami seja algo a não perder. Sobranceiro à cidade e ao lago, um enorme complexo de grutas escavadas na rocha forma um conjunto de templos cuja visita é obrigatória por quem passa na região. Além disso, tem-se uma vista fabulosa sobre a cidade, o lago, e o Templo Buthanatha, junto à água.
O complexo de grutas inclui quatro grutas distintas, três hindus e uma jainista. A gruta 1 apresenta um enorme átrio com pilares e com um pequeno santuário de linga. Xiva, a quem a gruta é dedicada, é figura em destaque nos painéis da entrada.
A gruta 2, dedicada a Vishnu, tem algumas belas representações de divindades, entre as quais Varaha, a encarnação de Vishnu como javali, e emblema do império Chalukya.
A gruta 3 é a mais impressionante, também dedicada a Vishnu, distinguindo-se pela riqueza do trabalho nos pilares e tecto da gruta. No átrio, uma representação de Vishnu protegido por uma cobra domina as atenções.
A gruta 4, mais pequena, é de origem jainista, com representações dos 24 tirthankaras jainistas, os mestres desta religião contemporânea do budismo.
AIHOLE
Quando visitar Badami, não perca Aihole, uma das cidades capitais do império. Mais de cem templos estão espalhados por uma área que rodeia e absorve a pequena cidade actual. Existem templos no meio das casas e ruas onde, mas o principal recinto está delimitado.
Este é dominado pelo espectacular Templo de Durga, invulgar pela sua forma em abside, com um pórtico de entrada e rodeado de uma colunata aberta, e belíssimo pelas suas representações de Durga (que, no entanto, não era a divindade adorada no interior), Vishnu, e Shiva, no exterior e no interior.
Os pares amorosos são primorosos e uma magnífica obra de arte. Quando o visitámos, o sol nascia e a cor da luz do começo do dia enalteceu ainda mais a beleza deste templo.
O Templo de Ladkhan também exibe esculturas magníficas e, fora do recinto, é possível visitar também o Templo Meguti, numa colina perto.
A aldeia de Aihore, a 27 km de Badami, é extraordinária e algumas das ruínas espalhadas pela região continuam a ter população a usá-las como habitação, especialmente as que estão na aldeia.
Há mulheres a cozinhar no seu interior, com tachos de alumínio cheios de dal. As crianças vestem roupas coloridas, recebem-nos com sorrisos rasgados, e posam para as fotografias.
As vacas exibem os seus cornos pintados de cores coloridas em honra de Nandi, o deus mais venerado por esta região. Uma aldeia que merece ser explorada a pé já que existem aqui mais de 120 templos espalhados.
PATTADAKAL
Quando visitar Badami, Pattadakal é um local obrigatório a incluir no roteiro, a cerca de 14 km. Ao contrário de Badami e Aihole, Pattadakal não era um grande núcleo populacional, sendo um complexo dedicado a festividades e cerimónias religiosas.
Património da Humanidade da UNESCO, Pattadakal é um fascinante conjunto de templos, fulcral no desenvolvimento da arquitectura do sul da Índia. Ali podem admirar-se as torres curvas (sikharas) que encimam os altares centrais e as vimanas, em forma de pirâmide em degraus.
Os templos mais importantes são os gémeos Templos de Virupaksha e Mallikarjuna, dedicados a Shiva. O primeiro é o único do complexo que continua a ser usado pela população e, em frente, pudemos assistir a uma fascinante cerimónia de lavagem e pintura da estátua e oferendas à divindade no Pavilhão de Nandi, o magnífico touro que servia de montada de Shiva.
Ainda hoje o templo é muito procurado pela população da região e os seus deuses venerados de forma entusiasta. Há rituais diários pela manhã em honra do deus Nandi.
BANASHANKARI
Ao visitar Badami, também não se deve esquecer alguns lugares mais pequenos, mas não menos interessantes. Perto de Badami, a 5km, o Templo de Banashankari Devi, um santuário hindu muito popular entre os devotos que entram aos milhares no templo para prestar homenagem à divindade, uma encarnação da deusa Parvati.
Mais conhecido na região por Shakambari, o templo situa-se em frente a um tanque, onde existe uma torre de vigilância esculpida. É neste templo que se vê realmente a alma da Índia em acção e se testemunha que o hinduísmo, a religião viva mais antiga do mundo, está para durar.
A torre de vigilância em frente ao templo tem uma base aberta e alberga essencialmente mulheres intocáveis e viúvas da aldeia de Cholachagudd, onde se localiza o templo.
O templo original de Banashankari datava do século VII mas dele já só restam algumas ruínas na margem do lago, ao lado e em frente ao templo actual, que data do século XVIII. Há uma escultura enorme de um carro em pedra semelhante aos carros de madeira usados no Rath Yatra, um festival em janeiro, durante a lua cheia, para transportar a deusa.
MAHAKUTA
Finalmente, em Mahakuta, existe um conjunto de templos também muito popular, com um mosteiro dedicado a Shiva, e enormes tanques de ablução, que dezenas de pessoas usavam para tomar banho e lavar a roupa, quando nós passámos por lá.
O templo, à semelhança do anterior, não vem no guia da Lonely Planet. Descobrimo-lo a conversar com a população. E foi uma descoberta extraordinária.
Fomos recebidos por sorrisos, de crianças e adultos, e gritos de entusiasmo que corriam à nossa frente apregoando a nossa presença.
Há gente a viver no templo, que se banha nas águas da piscina, paredes meias com o santuário onde se fazem os rituais. As crianças não nos largam. Quatro delas adoptaram-nos e mostraram-nos os recantos sagrados do recinto. Estão sideradas nas máquinas fotográficas e de filmar.
As mulheres e meninas, ainda que de tenra idade, lavam as roupas nas águas sagradas. Todos parecem viver ali, dividindo o seu espaço com os deuses hindus. Um lugar memorável e obrigatório quando visitar Badami.
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