A chuva no Verão sempre teve um efeito nostálgico sobre mim. Aliás, a de Inverno também. Mas este ano foi especial. Enquanto os meus parceiros de viagem começavam a percorrer as estradas da Europa que nos levariam até à Mongólia, eu percorria, a pé e de barco, os trilhos e fiordes gelados da Gronelândia.
O calor do Verão da Europa dava lugar ao frio do Árctico, embora por aqui também lhe chamem Verão. Estranho, quando de 15 dias, apenas num, tivemos o prazer de contemplar os raios de sol desde o nascer até ao momento em que ele se pôs. E ele, esse sol, quase nunca se pôs verdadeiramente. É Verão e por ali, acima do Circulo Polar Árctico, o sol não se põe. Está acima da linha do horizonte 24 horas por dia e, embora tivesse chovido quase todos os dias, num dos dias contemplei o sol da meia-noite. Glorioso, tal como me recordava dele na última vez que o tinha visto. Magistral, tal como o imaginei desde o dia em que sonhei vê-lo. E gélido, tal como a minha memória sensitiva me permitia lembrar. É assim o Árctico.
Ainda que longe de tudo e de todos, mas perto de um grupo maravilhoso de 10 viajantes, a chuva e o frio do Verão na Gronelândia, não deixa nenhum viajante desiludido. Todos os dias os glaciares e icebergs preenchem a nossa visão e todos os dias agradecemos conhecer um lugar assim. É por isso que todos os que escolhem conhecer a Gronelândia são especiais.
Estava em Nuuk, capital da Gronelândia, quando os meus companheiros de viagem saíram de Guimarães. Era meia-noite em Portugal. Eram 21h em Nuuk. O sol brilhou o dia todo, nesse dia. Foi o único em que tal aconteceu. Os rapazes saíram pela noite, negra e escura. Eu, estava num local onde a noite já não aparecia há meses. Eu também já não a via há vários dias. A venda dos olhos era agora um dos meus bens mais preciosos e que me ajudava a dormir.
A mais de 4000 km de distância, Guimarães parecia-me do outro lado do mundo, mas era em Istambul que me juntaria à equipa. Não conseguia sentir a emoção de participar no Rally Mongol. Ali, na Gronelândia, aquela viagem parecia-me despropositada, talvez fruto da tranquilidade e simplicidade do território. No entanto, sabia que dali, rumaria a Istambul, onde me juntaria a todos eles e mais um capítulo da minha vida se iria iniciar.
Quase todos os dias os meus novos amigos nomádicos (viajantes da Nomad) brincavam com o facto de ir dali para o Rally Mongol, incentivando-me a levar toalhetes e fazendo apostas sobre quem ia chegar ao fim e como. E eis que o dia 18 chegou. O dia em que deixaria a Gronelândia para trás, aquele território tão hostil e remoto (que me preenche por dentro e por fora) e que rumaria a Istambul.
Sair de Ilulissat não foi fácil. O voo para Kangerlussuak foi adiado mais de 5 vezes e quase foi cancelado. Deixei 4 amigos para trás quando rumei a Kangerlussuak. Aí corri para apanhar o voo para Copenhaga. Cinco minutos de escala, não mais. O avião esperava pelos passageiros de Ilulissat para continuar.
Em Copenhaga um jantar de Kebab, a única coisa aberta para me alimentar a caminho da Turquia. Pedi um Turkish Brod. Talvez um bom prenúncio. Um copo de vinho tinto depois, na companhia de excelentes novos amigos, quatro horas passadas no aeroporto durante a noite e estava pronta para me juntar aos carapaus. Chegara a hora de apanhar o voo das 6h55 para Istambul. Na cidade que divide o Oriente do Ocidente, a Europa da Ásia, era hora de vestir outra camisola. Era hora de entrar noutra aventura.
Crónicas das aventuras dos 5 primeiros dias só com rapazes ao volante: Carapaus de Corrida. A partir daqui, a Carla entrará na aventura!
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- VIAJAR NA GRONELÂNDIA – Um artigo sobre o que precisa de saber sobre o Árctico e na Gronelândia para preparar a sua viagem.
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- VISITAR ILULISSAT NA GRONELÂNDIA – Um artigo com tudo o que precisa de saber e estar preparado para visitar Ilulissat na Gronelândia, a capital dos icebergs.
- VISITAR A BAÍA DE DISCO NA GRONELÂNDIA – Um artigo com tudo o que precisa de saber para visitar as povoações de Aasiaat e Qasingiannguit na Gronelândia está neste artigo.
- VIAJAR NO SARFAQ ITTUK – Tudo o que precisa de saber para viajar no Sarfaq Ittuk, o barco que permite navegar desde o sul ao centro da Gronelândia, pondo em contacto a povoação de Narsaq e Ilulissat.
- VISITAR O GLACIER EQI NA GRONELÂNDIA – Tudo o que precisa de saber para aproveitar uma visita ao glaciar Eqi na Baía de Disco, na Gronelândia.
- VISITAR NARSARSUAQ – Um artigo com tudo o que precisa de saber para visitar Narsarsuaq no sul da Gronelândia.
- VISITAR KANGERLUSSUAQ – Um artigo com o que precisa de saber para viajar na Gronelândia e visitar Kangerlussuaq.
- VISITAR ILULISSAT – Crónicas de uma volta ao Mundo
- VISITAR OS FIORDES DA GRONELÂNDIA – Crónicas de uma volta ao Mundo
- VIAJAR NO SUL DA GRONELÂNDIA – Crónicas de uma volta ao Mundo
- GRONELÂNDIA – Crónicas de viagem do Rally Mongol
Que experiência incrível!
Deve ter sido de chorar por querer algo assim novamente!
Viagem espectacular!
Obrigada