O Gana é um país maravilhoso para se viajar e viajar no Gana pode ser muito interessante. O Gana é um país relativamente seguro em África e explorar o país requer vários dias. Nós tínhamos pouco tempo para viajar no Gana, por isso, decidimos apenas visitar a parte da costa. Um dia queremos volta para explorar e viajar no Gana interior.
COMO CHEGAR AO GANA
Saímos no dia anterior do Sudão do Sul para, depois de fazer escala em Addis Abeba, chegar a Acra, a capital do Gana. Durante o voo quase não respirávamos porque não tínhamos visto para entrar no país e as informações de obtenção de visto à entrada eram contraditórias. Ainda assim arriscamos tudo e compramos o voo, sem ter a certeza se conseguiríamos entrar. Depois de alguma confusão tudo correu bem. Estávamos no Gana. Deixamos todas as dicas sobre o visto no nosso guia do Gana.
GUIA DE VIAGEM DO GANA, TOGO E BENIM
Se procura um guia em pdf, prático e sintético, sobre visitar o Gana, Togo e Benim, este é o melhor que vai encontrar em português para levar consigo na sua viagem. O Gana, Togo e Benim são países maravilhosos para quem procura aldeias típicas, tribos misteriosas e um quotidiano pouco tocado pelo turismo, assim como uma cultura vodu muito bem preservada, e vai encontrar neste guia todas as dicas que necessita para aproveitar o melhor do Gana, Togo e Benim. Um guia de viagem com a qualidade do Viajar entre Viagens. Estas páginas vão dar-lhe condições para visitar o Gana, Togo e Benim de forma independente.
PODE COMPRAR O NOSSO GUIA DE VIAGEM DO GANA, TOGO E BENIM DO SUL AQUI
ROTA DOS ESCRAVOS NO GANA
O Gana é um dos países mais desenvolvidos da África Ocidental e, para quem vem do Sudão do Sul, isto é outro mundo. Aqui há estradas, semáforos, táxis, luz pública, lojas e indústria. E isto foi apenas aquilo que vimos da janela do táxi que nos levou até ao hotel dessa noite. Como chegámos, já noite, deixamos o Gana para o dia seguinte.
O que nos trouxe ao Gana foi uma busca da nossa história. Um dos capítulos mais negros dos portugueses. Fomos nós, os portugueses, que aqui, no Gana, começamos a comercializar pessoas como se de mercadoria se tratasse. Trocávamos armas e produtos por homens e mulheres, que vendíamos nas Américas e que levávamos para a Europa. Durante séculos, este comércio de escravos, de venda de seres humanos, alimentou as mesas da corte portuguesa e enriqueceu nobres, burgueses e clero.
Podemos dizer, para nos desculpar, que os árabes já o faziam, assim como as tribos africanas, mas a verdade é que tinham contornos diferentes, especialmente os praticados pelas tribos. E, ainda que seja parcialmente verdade, não me deixa a consciência mais tranquila. Nem tira a vergonha e culpa que sinto aqui no Gana.
Os escravos eram capturados um pouco por toda esta zona de África e aqui no Gana confluíam para serem despachados de barco para o novo mundo. Um mundo hoje povoado de afro descendentes que visitam o Gana em busca da sua história e dos seus antepassados.
Dedicamos o dia a visitar alguns dos lugares mais negros dessa história, carregando nos ombros a vergonha desta herança. Estávamos, lado a lado, com os descendentes dos escravos e posso dizer-vos que a culpa atormenta a alma. Não foi a primeira vez que sentimos vergonha. Mas foi a primeira vez em que me senti verdadeiramente culpada de ser parte daquilo que considero ser o acto mais vil, selvagem, ganancioso e horrível da história da humanidade, a escravatura.
VISITAR ELMINA NO GANA
Elmina é uma cidade típica da costa do Gana. Vibra de dia e de noite, e fervilha de comerciantes, pescadores e actividades no porto. Mas Elmina é muito mais do que isso. Foi aqui que os portugueses se instalaram e criaram o primeiro forte para fazer do tráfico humano um negócio de milhões, a escravatura.
São Jorge da Mina é o nome dessa fortificação no Gana, que ainda hoje existe e que foi transformada num museu, relembrando a todos os que tenham a coragem de enfrentar esta dura realidade, que o mais importante, neste momento, é que não se volte a repetir. São Jorge da Mina, no Gana, deu origem ao nome actual da cidade, Elmina, e os testemunhos da presença portuguesa estão em todo o lado.
Ao visitar a fortaleza juntamo-nos a um grupo de afro descendentes que regressam das Caraíbas e dos EUA para ver o local de onde os seus antepassados saíram acorrentados, pelo pescoço e membros, rumo ao Novo Mundo. A vergonha toma conta de nós ali no Gana.
Podemos tentar desculpar-nos dizendo que os portugueses foram os primeiros a abolir a escravatura mas isso, para além de ser mentira e de não desculpar as atrocidades cometidas, só aconteceu por motivos comerciais e interesses económicos. A verdade é que durante séculos venderam-se mais de 12 milhões de seres humanos acorrentados pelo mundo, cerca de metade traficados em barcos portugueses, sendo Portugal o país com maior número de escravos comercializados no mundo. Ali no Gana usamos e abusamos da violência tribal, racial e sexual para alimentar o mundo de mão de obra gratuita.
Porém, apesar da escravatura ter sido abolida há mais de 100 anos, a verdade é que existem mais escravos hoje no mundo do que em qualquer momento da história da humanidade. Crianças que são raptadas para se juntarem a exércitos e se transformarem em crianças soldado; mulheres vítimas de escravatura sexual; mulheres vendidas pelas famílias para casar, muitas delas crianças; servidão laboral em troca de um prato de comida e uma cama para dormir; rotas de migrantes que se alimentam da venda de seres humanos… o mundo está cheio de maus exemplos. A escravatura não terminou, nem no Gana nem no resto do mundo.
A escravatura foi abolida mas, o comércio de seres humanos, iniciado pelos portugueses no Gana, de papel passado, não terminou. Há milhares de homens, mulheres e crianças no mundo que ainda hoje não têm um documento nacional na sua posse, e são propriedade de outros. E isto acontece no nosso país também, e todos os que têm o poder de mudar, fingem não ver nem querem saber.
O primeiro leilão de escravos na Europa foi feito em Lagos, no Algarve, e na altura, segundo um cronista português, muitas eram as pessoas do povo que estavam chocadas com o que viam. Contudo, na altura, tal como hoje, o seu poder para mudar isso era praticamente nulo, pois eram as elites da época que lucravam com esse comércio.
E hoje, que poder temos para mudar o que se passa na costa alentejana, com redes de tráfico humano organizadas, que parecem actuar impunemente no nosso pequeno país?
- Se vai viajar para a África e evitar o pagamento de taxas bancárias pode usar cartões com taxas bancárias (levantamentos, pagamentos, transferências e câmbios) muito mais vantajosas. Há várias opções, como o cartão Wise. Se ainda não o tem, pode pedir o cartão Wise aqui. Outra opção é usar o cartão Revolut. Pode pedir o cartão Revo- lut aqui. Finalmente também o N26. Pode pedir o cartão N26 aqui.
Vender, traficar e abusar de seres humanos não é aceitável. Nem hoje, nem nunca. Nem no Gana nem em lado nenhum!
Até quando? Até quando?