MÉRIDA – O que ver e fazer quando visitar a capital da Lusitânia

Já ouviu falar em Mérida? A capital da Lusitânia romana? Gostava de visitar Mérida e descobrir o que resta desta cidade romana? Procura dicas para visitar Mérida? Então este artigo é para si. Mérida, capital da comunidade autónoma espanhola da Estremadura, localiza-se nas margens do rio Guadiana, a pouco quilómetros da fronteira com Portugal, é uma cidade cheia de história e um local de visita obrigatória para todos aqueles que desejam conhecer melhor o nosso país vizinho, Espanha. As raízes de Mérida vão até ao início da ocupação romana da Península Ibérica, e hoje o centro de Mérida reflecte ainda a importância do império romano, passados 20 séculos da fundação da cidade de Mérida, tendo o seu conjunto arqueológico sido classificado como Património da Humanidade da UNESCO, em 1993.

A história de Mérida

Recuemos assim no tempo mais de dois mil anos em Mérida. A península ibérica era habitada por diferentes povos que tinham de lidar com a crescente presença dos romanos no território. Astures, cântabros, vetões e lusitanos eram alguns dos povos que testemunharam a primeira invasão da península pelos romanos, aquando da segunda guerra púnica com Cartago (218 a.C. – 201 a.C.). A província de Hispânia, em 195 a.C. resumia-se a uma faixa costeira desde os Pirenéus até à margem do Guadiana, mas as riquezas minerais e o potencial agrícola do território, assim como a antevisão das receitas de tributos sobre as populações levavam os romanos a querer mais. Após muitas décadas de lutas sangrentas, particularmente com os lusitanos de Viriato, estabelecia-se a Pax Romana, sendo a Hispânia dividida em três províncias, Lusitânia, Bética e Tarraconense. A Lusitânia romana incluía aproximadamente todo o actual território português a sul do rio Douro, a Estremadura espanhola e parte da província de Salamanca.

A capital era Emerita Augusta, actual Mérida, fundada em 25 a.C. por Octávio Augusto, detendo uma posição estratégica na comunicação das províncias de Hispânia, sendo a administração do território dividida com outras cidades como Escalabis Julia (actual Santarém) e Pax Julia (actual Beja). Hoje, apesar da queda do império romano com a cedência da Lusitânia aos alanos e visigodos, em 411, a invasão árabe (a qual também deixou as suas marcas em Mérida), a reconquista cristã e o estabelecimento dos reinos de Portugal e Espanha, a cidade de Mérida viu a sua importância subsistir ao longo dos tempos, e os resquícios da sua riqueza arquitectónica chegar aos nossos tempos sob a forma de complexos de ruínas romanas e árabes de uma dimensão impressionante e difícil de igualar em todo o continente europeu.

Quanto tempo e como visitar Mérida

O conjunto arqueológico de Mérida encontra-se numa zona acessível a pé e que pode ser visitada num só dia (ou dois, para quem gosta de andar mais pausadamente em Mérida). O bilhete para entrar no conjunto do Anfiteatro e do Teatro romano de Mérida também dá acesso à Alcazaba, à Casa do Mitreo, ao Circo Romano, ao Centro Funerário dos Columbários, e à Cripta da Basílica de Santa Eulalia em Mérida. Poderá adquirir o bilhete (sem prazo de caducidade) em qualquer um dos monumentos de Mérida. Ficam aqui as nossas sugestões para um roteiro de um dia pela Mérida Romana e Árabe, com um espreitar ainda à Mérida Cristã.

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O QUE VER E FAZER QUANDO VISITAR MÉRIDA

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1. Visitar o Museu Nacional de Arte Romano de Mérida

Construído em tijolo vermelho, o museu de Mérida exibe um salão principal com arcos da mesma altura do aqueduto dos Milagres, e onde se pode admirar, em vários andares, o importante acervo deste museu em Mérida. As maiores atracções em Mérida são a escultura de Ceres, deusa romana da agricultura, o enorme mosaico dos Aurigas (condutores dos carros de corridas romanos), o retrato de Augusto, fundador da cidade de Mérida, a escultura de Cronos mitraico, figura central do culto de Mitra (a divindade solar de proveniência persa) em Mérida, e um relevo com a cabeça de Júpiter Ammón, que ornamentava o pórtico do fórum municipal da cidade de Mérida.

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Nota para visitar Mérida: também se pode visitar a Colecção Visigoda do Museu de Mérida, alojada na Igreja de Santa Clara em Mérida, junto à Plaza de España, embora o acervo seja pouco significativo.

2. Visitar o Teatro romano de Mérida

Erigido pelo arquitecto Marco Agripa (genro de Augusto e sogro do segundo imperador, Tibério), foi inaugurado em 15 a.C., e constituía um edifício monumental em Mérida, centro da área pública da cidade de Mérida, e manifestação da glória do imperador e do império. Com capacidade para 6000 espectadores, as bancadas (cavea) eram separadas em três sectores, de acordo com a divisão social vigente na época em Mérida, estando o espaço central em frente ao palco (orchestra) reservado aos senadores e magistrados, e o último anel das bancadas destinado aos escravos e, por último, as mulheres de Mérida. Mas a parte mais espectacular do edifício de Mérida é a frente do cenário (scenae frons), decorada com pórticos, colunas e esculturas, com três portas para entrada e saída dos atores que, no palco (pulpitum), representavam peças de tragédia e comédia que se tornariam clássicos em Mérida.

3. Visitar o Anfiteatro romano de Mérida

Construído em conjunto com o teatro romano de Mérida, terá sido inaugurado em 8 d.C. Ali em Mérida se celebravam jogos de gladiadores e lutas entre animais ou entre homens e animais (venationes), que eram as preferidas entre as massas que aplaudiam nas bancadas. A arena de Mérida, de forma elíptica, era onde se desenrolavam os espectáculos de Mérida, no centro da qual se encontra uma fossa em forma de cruz, que se pensa seria onde se guardavam as feras e outro material cenográfico. O terceiro anel das bancadas de Mérida já não existe, mas o resto, apenas com algumas porções desaparecidas, forma um conjunto notável, fazendo deste monumento em Mérida um dos maiores e mais bem preservados do mundo.

4. Visitar o Circo romano Mérida

Construído a 400 m do núcleo do teatro e anfiteatro de Mérida, era o maior dos edifícios públicos de Mérida, destinado a espectáculos que comemoravam eventos especiais de Mérida, patrocinados por cidadãos ricos e que atraíam as atenções das multidões, exultando com as corridas emocionantes de bigas e quadrigas em Mérida. Não resta nada do edifício que terá sido grandioso em Mérida, mas as dimensões da arena (300 m de comprimento, e 100 m de largura) são, por si só, admiráveis.

5. Visitar o aqueduto de São Lázaro

Junto ao circo de Mérida, pode ainda admirar-se um trecho do aqueduto de São Lázaro, do século XVI e construído aproveitando algumas partes do aqueduto romano em Mérida.

6. Visitar a Ponte romana de Mérida sobre o rio Guadiana

Desde a fundação da cidade, Mérida constituiu o centro das comunicações do oeste da Península Ibérica, sendo que a calçada romana da Prata (que cruzava a Hispânia de Norte a sul) e as que se dirigiam a Lisboa, Córdoba e Toledo-Saragoça, se encontravam em Mérida. Sendo assim, não é difícil imaginar a importância da passagem entre as margens do rio Guadiana. Erigida aquando da fundação de Emerita Augusta, esta ponte exibe 60 arcos e 792 m de comprimento, sendo uma obra de engenharia verdadeiramente impressionante em Mérida.

7. Visitar a Casa do Mitreo

A sul do teatro romano de Mérida, junto à Plaza de Toros, esta casa, construída extramuros da cidade romana de Mérida, exibe diferentes divisões habitacionais da vivenda, uma cisterna e alguns mosaicos impressionantes, incluindo o famoso “mosaico cosmológico”, onde se pode apreciar uma ilustração da visão cosmogónica dos antigos romanos. No mesmo recinto, pode visitar-se a área funerária de Columbários, um conjunto de edifícios onde se albergavam os restos mortais, incinerados e depositados em urnas, de algumas famílias romanas abastadas de Mérida.

8. Visitar o Aqueduto dos Milagres

A recolha das águas pluviais e a distribuição até às cidades era uma missão fundamental na época romana em Mérida. O dique de Proserpina (que ainda se pode visitar a 6 km da cidade de Mérida) permitia a recolha da água, que era conduzida de forma subterrânea até perto da cidade de Mérida, onde as impurezas eram eliminadas numa cisterna calcária e de onde o aqueduto dos Milagres transportava a água de seguida até ao núcleo urbano, cruzando o rio Albarregas. Com 835 m de comprimento e 25 m de altura máxima, é uma manifestação clara da inventividade romana em Mérida.

9. Visitar o Fórum romano de Mérida

O fórum era a principal praça pública das cidades romanas e o fórum municipal de Emerita Augusta não era excepção, situado na confluência das duas principais vias da cidade de Mérida. Hoje restam as ruínas de alguns edifícios emblemáticos, como o templo de Diana, num razoável estado de conservação para um edifício que data da fundação da cidade de Mérida, e o pórtico do fórum, reconstruído com elementos encontrados no local, sendo que muitos dos elementos decorativos se encontram no Museu Nacional de Arte Romano de Mérida.

10. Visitar o Alcáçova

Alcáçova (do árabe al-qasbah, que se traduz por “cidadela”) é o nome pelo qual ficou conhecida a fortificação árabe. A alcáçova de Mérida data de 835 d.C., tendo sido o primeiro monumento desta natureza erigido pelos muçulmanos em Espanha, e situa-se junto à margem do rio Guadiana. Em Mérida, o alcáçova Inclui uma torre, uma cisterna, e dois pátios a níveis diferentes, onde se pode ainda admirar trechos de calçada romana e as bases de uma casa romana. A fortificação de Mérida foi mais tarde adaptada, passando a servir como castelo cristão. Das suas muralhas tem-se vistas privilegiadas sobre a ponte romana de Mérida sobre o rio Guadiana.

11. Visitar a Basílica de Santa Eulália

Esta basílica de Mérida é um edifício com uma história fascinante e é um dos locais mais importantes na história cristã da Península Ibérica, tendo sido o primeiro templo cristão erigido na Hispânia, na época do imperador Constantino. Por baixo da igreja actual de Mérida (que data de 1230, construída após a reconquista de um território abandonado pela comunidade cristã em 875), pode admirar-se a cripta, escavada na década de 1990, onde se vêem ruínas romanas e visigodas, algumas pinturas murais impressionantes e um mausoléu que recorda o acontecimento que justificou a construção do templo: a memória de Santa Eulália, a menina mártir que se tornou num símbolo da persistência e fé cristãs face à perseguição romana e cuja fama se estendeu a todo o continente.

ONDE DORMIR EM MÉRIDA

Para visitar a cidade de Mérida alojamo-nos no Hotel La Flor De Al-Andalus bem no centro da cidade de Mérida. Foi uma boa escolha porque o hotel tem uma excelente localização e muitos lugares próximos para estacionar o carro e depois explorar Mérida a pé. Por um quarto duplo em Mérida com wc, pagámos 47€/noite. Outras boas opções de alojamento em Mérida são:

• Hotel Apartamentos MPD
•  Apartamentos Turísticos Domus Aquae
• Hostal Aquaforum
• Hostal Emeritae
• Apartamento Turístico Casa Museo
• La casa de la alcazaba

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