Xiahé foi daqueles locais em que sentimos que devíamos ter ficado mais tempo mas, infelizmente, não era possível. A nossa Rota da Seda estava a chegar ao fim e o nosso périplo pelos centros do budismo tibetano tinha de continuar. Assim, levantamo-nos à hora da primeira oração do dia para os monges do mosteiro, mas para nós o destino era a estação de autocarros, de onde sairíamos às 6.30h para Tongren, no único autocarro do dia com esse destino.
Tongren (Repkong em tibetano) é uma pequena cidade entre Xiahé e Xining, famosa representatividade da cultura tibetana na população local, que se manifesta por exemplo na manufactura de tangkas, pinturas em seda onde são representadas divindades, personagens históricas ou visões do céu e infernos budistas. A viagem entre Xiahé e Tongren é feita por uma estrada de montanha, com uma paisagem verdejante. No entanto, o tempo continuou a não cooperar connosco e a nebulosidade tirou muita da beleza à paisagem. Ainda assim, foi uma viagem agradável e interessante, partilhando o autocarro com monges e locais envergando as vestes típicas tibetanas. Sem dúvida, estamos no Tibete!
Quando chegamos a Tongren, chovia, e como parecia que não ia parar, depois de deixarmos as mochilas grandes na estação de autocarros, a primeira coisa que fizemos foi comprar 2 guarda-chuvas tipicamente chineses. E ainda bem que o fizemos, pois a chuva acompanhou-nos o dia todo… Percorremos a rua principal que termina no mosteiro Longwu Si, a principal atracção da cidade. Ao longo da rua, quase todas as lojas são de artigos religiosos, desde as vestes monásticas, até às famosas tangkas, passando pelos chapéus e todo o tipo de objectos e manuscritos. A Carla acrescentou um chapéu de monge à sua colecção de chapéus de todo o mundo…
A estrutura do mosteiro é igual à do mosteiro de Labrang, e como este, também pertence à ordem Gelugpa do budismo tibetano. Fundado em 1301, alberga actualmente várias universidades onde os monges se especializam em áreas do saber budista. Viam-se alguns peregrinos a percorrer a kora à volta do mosteiro, mas nada que se aproximasse ao número de pessoas em Labrang. Claro que o tempo também não ajudava…
É possível visitar os diferentes templos, com a ajuda de monges que nos abrem a porta, mas a chuva não ajudava e as portas de alguns deles mantiveram-se fechadas para nós… Ainda assim, pudemos admirar as artes da pintura e escultura típica dos mosteiros tibetanos, mas notava-se a quase ausência total do elemento humano, uma vez que os monges provavelmente se encontravam abrigados nas suas residências.
Encontramos, no entanto, alguns, e inclusive a forma dos pés de um deles marcada no chão de um templo, onde segundo consta o monge ora há décadas. O monge de 70 anos chama-se Hua Chi e ora várias vezes ao dia neste local, sempre na mesma posição. As suas pegadas no piso de madeira já têm cerca de um centímetro de profundidade. O monge admite que agora, nesta fase da vida, só consegue fazer cerca de mil orações por dia, mas em tempos, quando era mais jovem, chegava a fazer mais de 3000 orações diárias.
Quando acabamos a visita ao mosteiro, eram já quase 16.00h, e como ainda tínhamos uma viagem de autocarro de 4 horas pela frente, com destino a Xining, resolvemos que era altura de partir. Era nossa intenção visitar 2 mosteiros a cerca de 7 km de Tongren, famosos pela sua decoração e pelos artistas de tangkas. Mas o tempo escasseava e a chuva não dava tréguas, por isso decidimos deixar esta visita para uma próxima oportunidade.
Mais uma vez, tínhamos pela frente uma viagem por uma estrada de montanha, com uma paisagem deslumbrante, mas o tempo nublado mais uma vez gorou as nossas expectativas. Além disso, até esta parte da China não escapa ao frenesim da construção e novas estradas parecem estar a surgir por todo o lado. E numa paisagem montanhosa, a solução dos engenheiros é fazer muitos e compridos túneis que nos tiram as vistas da paisagem. É o progresso…
Chegamos a Xining cerca das 22.00h e tivemos de apanhar um táxi que nos deixou perto do nosso hostel, num bairro moderno de arranha-céus. Depois de descobrirmos o nosso hostel, subimos até ao 15º andar (de elevador!) e instalamo-nos no nosso quarto. Tinha sido um longo e cansativo dia, mas igualmente gratificante. No dia seguinte a Rota da Seda ia continuar…
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