Sentámos à mesa de Saro e Diter como convidados da família para o último pequeno-almoço em Karaback. Chá, doces, queijo, pão e uma bela conversa. São ingredientes fundamentais para boas memórias futuras. O nosso destino do dia seria Meghri, na fronteira com o Irão.
Saro exibe o livro de Lenine com orgulho. Chama-lhe a “bíblia”, com um toque de humor e diz-nos que a relação que tem com Lenine é “complicada”. Ao mesmo tempo que o admira, lembra-se que teve familiares deportados e mortos nos Gulags. Memórias da ex-URSS que ainda se escutam nas suas ex-repúblicas. Depois de imensas fotos de despedida, era hora de sair.
Ainda queríamos percorrer um trilho a pé no Canhão de Huton e foi isso que fizemos. Fomos de carro até à entrada da garganta e depois caminhámos pelo seu interior até à queda de água. As famílias Karabacks começavam a chegar para fazer piqueniques quando fazíamos o percurso de volta. O canhão é fabuloso e lembra o Vale das Buracas na Serra do Sicó.
O nosso dia era ambicioso, especialmente porque sabíamos que queríamos chegar à fronteira do Irão, percorrendo uma das estradas mais remotas da Arménia. Deixamos Nagorno Karaback para trás e cruzamos a fronteira com a Arménia.
Seguimos viagem em direcção a Tatev, o mosteiro mais famoso do país, com o maior teleférico do mundo. Cruzámos as gargantas encaixadas até ao planalto de Tatev, onde se ergue o mosteiro.
O mosteiro de Tatev é o mais emblemático da Arménia, quer pela sua posição geográfica, quer porque está localizado num local bem remoto. Infelizmente, a quantidade de turistas e o seu aspecto reconstruído tiram-lhe algum encanto.
Depois de uma visita era hora de seguir viagem. A estrada que tínhamos pela frente não ia ser fácil. Com a “burra” quase sem gasolina e sem certezas sobre os quilómetros e qualidade de estrada que teríamos pela frente, tivemos que tomar uma decisão.
A gasolina estava quase a reserva mas o posto de abastecimento mais próximo ficava a cerca de 50 km. A estrada, a julgar pelo aspecto dos primeiros 10 km percorridos seria para percorrer quase toda em 1ª e 2ª (mudança). Depois de ponderarmos bem, decidimos seguir em frente, pela estrada pior, em terra batida, esburacada e sem postos de abastecimento.
Eram 18h e sabíamos que arriscaríamos a passar a noite na estrada se ficássemos sem combustível ou sem luz. Deixámos a aldeia de Tatev para trás e seguimos para Kapan. Três horas depois, muitos buracos depois, muito pó depois e muita ansiedade depois, chegávamos a Kapan e encontrámos a Estação de Serviço. Abastacemos imediatamente e seguimos em direcção a Meghri, onde passaríamos a noite.
As estrelas e a lua cheia iluminavam o caminho nas montanhas escurecidas pela noite. Eram quase 23 h quando chegámos a Meghri e ao nosso hotel. O dia tinha sido cansativo e estávamos todos estoirados e cobertos de pó. Caímos na cama como rochedos…
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