De seu nome Ernesto Guevara, o revolucionário argentino foi para o mundo um exemplo de perseverança, luta e dedicação a um conjunto de ideais. Desde que li “Os diários de uma motocicleta”, em que Guevara relata as suas experiências durante uma viagem pela América do Sul, apaixonei-me pela figura e pelos ideais que representa.
Ernesto Guevara nasceu em Rosário, em 1928. A casa onde nasceu é hoje propriedade privada e não pode ser visitada, no entanto, uma tabuleta na rua lembra o seu local de nascimento.
O clima de Rosário, no delta do Paraná, é muito húmido e Ernesto tinha asma. Para tentar minimizar os sintomas da doença, os seus pais mudaram-se para Alta Garcia, um bairro de classe média-alta, próximo de Córdoba, quando Ernesto tinha apenas 4 anos.Foi aqui, numa casa hoje convertida em museu, que Ernesto passou a infância e a adolescência. Na casa-museu podem contemplar-se algumas cartas que o jovem escrevia à sua tia, os livros que leu (entre eles Júlio Verne e Freud), ou relíquias dos seus tempos de viajante e revolucionário.
Ernesto deixou Alta Garcia para ingressar na Faculdade de Medicina de Buenos Aires, mas antes de terminar o curso empreendeu uma das viagens mais famosas na América do Sul. Com o seu companheiro Alberto Granado viajaram numa moto durante 8 meses do ano de 1952. Durante essa viagem, Ernesto contactou com uma realidade muito diferente daquela que vivia em Alta Garcia ou em Buenos Aires. A pobreza que testemunhou na Bolívia ou no Peru viria a marcar completamente a sua visão do mundo, e a definir o seu perfil revolucionário.
A famosa moto, La poderosa, avariou a meio da viagem mas os dois companheiros não se deixaram abater e seguiram utilizando transportes públicos e boleias. Ernesto voltaria a Buenos Aires, onde terminou o curso de medicina, ao passo que Granado ficou a trabalhar como médico no Peru. La Poderosa e o mapa desta viagem estão expostos na casa-museu, assim como o diário original que Guevara escreveu.
O jovem viajante não se adaptou à vida tranquila. Resolveu empreender outras viagens e foi na América Central, nomeadamente no México, que viria a conhecer Fidel Castro e outros revolucionários, a quem se juntou. Partilhavam o ideal marxista e a busca de um estado socialista. Foi aqui que o apelidaram de CHE, o nome que hoje é o símbolo da liberdade, da luta e da revolução das ideias. Che Guevara participou como revolucionário em guerrilhas em vários países do mundo. No entanto, foi em Cuba, ao conseguirem derrubar a ditadura de Flugêncio Baptista, em 1959, que viria a conseguir a sua grande vitória. Convertido em Ministro da Industria viajou pelo mundo para tentar espalhar o ideal comunista. No entanto, Che, o revolucionário, mesmo casado e com filhos, não se adaptou à vida tranquila. Viria a deixar Cuba e a combater na guerrilha no Congo, na Argentina e na Bolívia. Foi aqui, neste país do coração da América Latina, que viria a encontrar a morte em 1967.
Tinha de ser o brasileiro a falar mal de Che. Que vergonha, compatriota.
Não tem a ver com a nacionalidade, apenas com a falta de percepção da história, Camila. Há-os em todas as nações, infelizmente. 😉
Patrick,
Uma revolução que ocorreu na América latina nos anos 50, protagonizada por um movimento armado e guerrilheiro, cujo foco recai na figura dos irmãos Castro e de Che Guevara, para derrubar, esse sim, um ditador feroz, colaboracionista do terrorismo de estado americano, não me parece nada despropositada. Por outro lado, não se combatia um regime latino americano de então nem se defendia uma revolução com greves de fome ou com manifestações de rua com uma flor na boca, porque o contexto da guerrilha era mesmo este: armas contra armas. Pergunto-lhe ainda: se o Che foi um assassino, então o que foi o tão admirado pelos eurocentristas Winston Churchill? não matou mais gente (civis) que os mencionados guerrilheiros? E não defendia também ele uma causa? Então porquê validar uma causa e reprovar outra?
Como admiradora de coisas, lugares, pessoas e causas, diria que, devemo-nos saber transportar para a devida época histórica sem cometer anacronismos ou fazer comentários cliché-reducionistas.
Como geógrafa que sou, e humanista esclarecida, informo-o que o Che Guevara não era psicopata, muito menos sádico e ainda menos um assassino. Foi um grande HUMANISTA!
Obrigada, Salomé. Não diria melhor. Ainda nem tinha visto o comentário anterior.
Olá! Sou brasileiro, e tenho um blog de viagens que está só começando, junto com Ariella, minha namorada. Desde ontem, fiquei fascinado com o blog de vocês. Espero um dia chegar perto da metade do nível do Viajar entre Viagens. Meus parabéns, o blog é espetacular.
É com muito pesar, porém, que vejo um assassino frio, um psicopata sádico como Che Guevara ser exaltado neste espaço. Claro, todos têm direito a opinião, mas defender Che e a é como defender Hitler, Stalin, Pol Pot ou o próprio Fidel. Defender a assim chamada “revolução”, que flagela Cuba há mais de 50 anos, é como defender o nazismo, que na essência é uma dissidência do comunismo. Injustificável. No mais, parabéns pela outra parte de seu trabalho.