VISITAR SALTA, a cidade colonial do norte da Argentina | Argentina
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“E ainda é Primavera”, diz-me o rapaz do teleférico quando me vê chegar completamente transpirada. Finalmente estou em Salta, no extremo norte da Argentina.
“Salta”, grita o homem. Vinte horas num autocarro é muito, mesmo para mim. Inicialmente estavam previstas 18 horas mas, com os respectivos atrasos, chego a Salta às 16h.
Quando subo ao Cerro San Sebastian reparo na dimensão desta cidade. Uma vasta área urbana e, à semelhança das outras cidades que conheço, com planta ortogonal. Do cerro posso contemplar as serras que circundam a cidade. Desço de teleférico e começo a percorrer a Avenida San Martin. A população parece gostar deste espaço porque vários jovens passeiam, descansam e brincam naquele que é o maior espaço verde da cidade.
Dirijo-me para o Convento de San Bernardo. À parte da igreja e da loja de doces conventuais, só as freiras podem entrar. Sendo assim, visito a igreja e compro uns doces em forma de empanadas que, venho a descobrir mais tarde, são de xila.
Continuo o meu percurso e alcanço a Igreja de San Francisco. Fico encantada. Que cores! O vermelho ocre e os tons alaranjados contrastam com o céu azul. As pessoas parecem passear-se pela rua sem se darem conta da sua beleza. Estão, muito provavelmente, habituadas a vê-la todos os dias. Para mim, é a igreja mais bonita que já vi na América do Sul. Uma outra tinha ficado na minha memória, a igreja de Huancavelica, no Peru.
Salta possuí, do ponto de vista arquitectónico, um passado colonial muito bem marcado e preservado, atingindo o seu expoente máximo na praça 9 de Julho e na Catedral. No entanto, alguns “atentados urbanísticos” não passam despercebidos mesmo ao olho mais desatento.Sentada numa esplanada, bebo um sumo de laranja natural bem fresco. Ajuda-me a passar este calor. Estão 35 graus e ainda é Primavera.
Para refrescar, entro no Museu Arqueológico de Alta Montanha (MAAM). Espero que a altitude faça efeito sobre a temperatura. A verdade é que fez. Não porque o museu fosse num 1º ou 2º andar, mas porque tinha um ar condicionado bastante eficiente! Ingresso uma visita guiada, extremamente informativa, e viajo pelas montanhas sagradas dos Incas.
Algumas das montanhas mais altas da América do Sul testemunharam rituais de sacrifícios humanos. Crianças entre 5 e 15 anos eram oferecidas aos deuses como sinal de fertilidade do seu povo e da sua terra – Capacocha. Os Incas chegavam a subir mais de 6000 m para criar altares e áreas de sacrifício. Às suas crianças eram dadas folhas de coca e chicha (bebida alcoólica feita de milho) para que não tivessem problemas com a altitude.
O MAAM possui três múmias dessas crianças descobertas no Vulcão Llullaillaco, a 6737 m de altitude. Até ao momento é o mais alto local cerimonial descoberto no mundo. Os três corpos estão incrivelmente preservados devido à rarefacção do oxigénio, à temperatura muito reduzida e à ausência de presença humana. Uma das crianças, com 15 anos é conhecida como a “Donzela” e foi, provavelmente, uma “virgem ao sol”, um papel extremamente privilegiado na sociedade inca.Um rapaz com 6 anos e uma menina com 7 anos foram também descobertos no local, apresentando o crânio deformado, sinal de que pertenceriam a famílias importantes da sociedade inca. Com todos eles aparecem vários artefactos, figuras antropomórficas vestidas com um toque masculino e feminino, estátuas de camelideos, etc. Este museu é uma verdadeira viagem pela cultura inca. Embora as populações locais se tivessem manifestado contra a transladação dos corpos das múmias para o museu, a verdade é que era a única forma de os preservar já que a área cerimonial era amplamente conhecida. Muitas outras montanhas ainda conservam os corpos sacrificados, embora noutras estes também já tenham sido retirados, como é o caso mais recente da criança descoberta no Cerro Aconcágua.
No final da visita é possível ver uma das múmias. Apenas uma está em exposição sendo que as outras estão guardadas no laboratório do museu. Vi a múmia da niña de 7 anos.É impressionante, e talvez seja por isso que os visitantes são alertados para este “face-to-face” e decidam se querem ou não ver o corpo. A pele, os pêlos, o cabelo, as roupas, tudo parece estar completamente imaculado. É uma visão poderosa.
Para os mais aficionados aqui fica link da reportagem da National Geographic:
Termino a minha visita caminhando pelas ruas de Salta. Apesar de serem já 20h, o sol ainda não se pôs e os termómetros marcam 28 graus. As crianças deliciam-se comendo gelados. Pelos vistos, ainda estamos na Primavera.
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Geógrafa com uma enorme paixão pelas viagens e pelo mundo. Desde muito cedo que as viagens de exploração fazem parte da sua vida. A busca do conhecimento do mundo leva-a em direcção a culturas perdidas e ameaçadas, tentando percebe-las. Hoje é também líder de viagens de aventura na Nomad.
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A Argentina esta a ser para mim uma descoberta através dos teus olhos. (falta de leitura). Obrigada. Gostei muito deste artigo.