A maioria dos viajantes que vista o Belize vem a Caye Caulker e, quando muito, a
San Ignácio. Quem o fizer fica com uma ideia errada do país. O
Belize, felizmente, está longe de ser Caye Caulker.
Ao viajar pelo
Belize é raro ver-se outros viajantes independentes. Ocasionalmente encontramos franceses mas não se vêem estrangeiros nos transportes públicos, nem nas ruas das cidades. Os turistas que aqui vêm procuram dois destinos: Caye Caulker ou San Pedro de Ambergris. Os shuttles que vêm do
México ou da
Guatemala fazem viagens longuíssimas mas param em frente ao porto e é só cruzar a estrada para apanhar o barco até às “praias”. Quem faz isto perde o magnífico terminal de autocarros de Belize Ciy e as ruas decrepitas da cidade. Se a cidade e a sua população rude e agressiva é feia e perigosa, o mesmo não se pode dizer do resto do país.
Caye Caulker pode já ter sido o paraíso (o que eu duvido) mas hoje está cada vez mais vazio de população local e cheio de turistas e belizenhos de Belize City que buscam a sua sorte das mais variadas maneiras. O que era um destino barato para backpackers desapareceu. Os preços estão inflacionados e os locais mais baratos estão decrépitos. Os turistas americanos passeiam-se nas ruas de areia e estendendo as mãos, gritam “táxi” aos carros de golfe, como se estivessem em
Nova Iorque. Quem procura praias idílicas está no local errado. Caye Caulker não tem praias de areia e os turistas amontoam-se num paredão de cimento minúsculo em frente ao bar Lazzy Lizard.
Um pouco mais a sul, há algumas docas de madeira onde se pode deitar e dar umas braçadas mas muito pouco interessante quando comparamos com as praias mexicanas aqui mesmo ao lado.
O que nos trouxe a Caye Caulker não foram as praias (mas confesso que fiquei desiludida) mas foi a possibilidade de mergulhar ou fazer snorkeling nos recifes de coral. O nosso objectivo era o Blue Hole, um local lendário para mergulhar com tubarões-martelo. Quando vimos o preço nem queríamos acreditar: 190USD/pessoa. O nosso orçamento não permitia tamanha aventura. Poderíamos até ter perdido a cabeça mas quando percebemos que neste país tudo é demasiado caro decidimos que não o poderíamos fazer.
Os preços eram exorbitantes em tudo o que o viajante precisa. Uma água custa entre 1 e 2 USD, a internet custa 4USD/hora, a comida é caríssima, quer seja no restaurante ou no supermercado. A única coisa que é barata é o rum, uma das únicas produções nacionais; o resto é demasiado caro. Comprávamos comida para o cozinhar a preço de comida no restaurante. Mas, porque a lagosta é um ex-líbris do local, perdemos a cabeça e fomos jantar fora num dos dias.
Sem poder de compra para enfrentar os mergulhos nos atóis decidimo-nos por um tour de snorkeling na reserva marinha de Hol Chan, no Shark and Ray Alley e na reserva marinha de Caye Caulker, por 45USD/pessoa.
Os recifes de coral, quer em Hol Chan, quer em Caye Caulker, são bastante bons, sendo que os primeiros são muito superiores. No entanto, para quem já tinha mergulhado em
Cozumel e noutros locais do
México, isto soube a pouco. O que realmente valeu a diferença foi a diversidade de vida marinha, claramente distinta do que tínhamos visto anteriormente.
Em Hol Chan vimos pequenos tubarões e em Caye Caulker vimos um manatim, uma espécie que nem conhecíamos. Em Shark Ray Alley, o nosso guia atirou para a água pedaços de peixe e de repente começaram a chegar peixes, tubarões e raias, cada vez maiores.
Entramos na água e pudemos nadar com eles e inclusive tirar fotografias (que viríamos a perder…). As estrelas parecem já estar acostumadas a este ritual porque quando os barcos chegam os animais dirigem-se logo para lá esperando o almoço. Apesar de ter gostado muito da experiência, a verdade é que soube a pouco. Não sei bem porquê. Só quando em Caye Caulker nadamos com o manantim senti que o dinheiro que paguei tinha sido bem aplicado.
Quando no dia seguinte saí do
hotel onde ficamos alojados em Caye Caulker com destino à Cidade do Belize vinha satisfeita com a ilha mas de alguma forma pouco preenchida. Os cayes do Belize seriam todos assim? Será que já não existem paraísos nesta que é a segunda maior barreira de coral do mundo? Felizmente existem, não se chamam é Caye Caulker.
Podia-me indicar como ir da cidade de Belize para Chetumal?
Lamento, mas teria que pesquisar porque não sei.